A maior árvore genealógica da humanidade revela a história da nossa espécie
Uma genealogia dos seres humanos, construída a partir de milhares de genomas, dá-nos pistas sobre onde a nossa espécie evoluiu pela primeira vez e como nos espalhamos pelo mundo.
Uma árvore genealógica da humanidade foi construída a partir de dados genéticos de milhares de pessoas modernas e pré-históricas. Esta fornece uma visão de 2 milhões de anos de pré-história e evolução.
"Os seres humanos estão todos relacionados uns com os outros", afirma Gil McVean da Universidade de Oxford. "O que há muito queria fazer era ser capaz de representar a totalidade do que podemos aprender sobre a história humana através desta genealogia".
Esta árvore genealógica sugere que as nossas raízes mais antigas surgiram no nordeste de África. Também oferece pistas de que as pessoas chegaram à Papua Nova Guiné e às Américas dezenas de milhares de anos antes do que o registo arqueológico implica, sugerindo migrações precoces que ainda não foram descobertas. Contudo, ambas estas ideias precisam de ser confirmadas pelos arqueólogos.
Compilar todos os dados numa árvore foi um grande desafio
McVean e os seus colegas compilaram 3609 genomas completos, quase todos pertencentes à nossa espécie, Homo sapiens, exceto três de Neandertais e um do grupo Denisovan, que pode ser uma subespécie de Homo sapiens ou uma espécie separada.
Colocá-los juntos numa árvore foi um desafio. "Os diferentes conjuntos de dados foram produzidos ao longo do tempo, utilizando diferentes tecnologias, e analisados de diferentes maneiras", disse McVean.
A equipa concentrou-se em pedaços de ADN que variam de pessoa para pessoa. Foram identificadas 6.412.717 variantes e tentaram descobrir quando e onde cada uma delas surgiu. Para o fazer, também foram analisadas mais 3589 amostras de ADN antigo que não eram suficientemente boas para serem incluídas na árvore, mas que ajudaram a esclarecer quando as variantes surgiram.
As variantes que surgiram há de 72 mil anos eram mais comuns no nordeste de África, e as 100 variantes mais antigas eram também de lá, especificamente no que é agora o Sudão.
Essas variantes mais antigas têm cerca de 2 milhões de anos, por isso são muito anteriores à nossa espécie, que emergiu há cerca de 300 mil anos. Em vez disso, as variantes datam dos membros mais antigos do nosso género, Homo.
A interpretação simplista disto é que a humanidade evoluiu primeiro naquela região, mas é provável que as migrações subsequentes tenham interferido com os dados.
A origem da Humanidade
Os primeiros fósseis de Homo sapiens são do norte e leste de África, mas poucos foram descobertos, pelo que não conhecemos com qualquer certeza o alcance precoce da nossa espécie.
Os espécimes mais antigos conhecidos são de Jebel Ighoud em Marrocos, no norte de África, e têm talvez 315 mil anos de idade. Existem também os de Omo-Kibish, na Etiópia, que se pensava terem cerca de 197 mil anos, mas um artigo publicado em janeiro apresentou provas de que têm mais de 233 mil anos.
Muitos antropólogos pensam agora que existiam múltiplas populações espalhadas por toda a África, que por vezes eram separadas e por vezes entrelaçadas. Se isto for correto, a Humanidade não tem um ponto de origem central.