Verão 2023 em Portugal: tempo propício a ondas de calor e trovoadas? Eis a previsão sazonal!
Começou hoje, 1 de junho, o verão climatológico! Eis o que se prevê para o próximo trimestre em Portugal continental, Açores e Madeira no que toca à temperatura e precipitação. Consulte a previsão sazonal!
Hoje, quinta-feira 1 de junho, arrancou o verão climatológico cujo calendário se baseia nos ciclos anuais de temperatura e precipitação - e não na astronomia (início oficial no próximo 21 de junho), e terminará a 31 de agosto. Neste artigo de previsão sazonal, analisaremos as principais tendências meteorológicas para o próximo trimestre (junho, julho e agosto) em Portugal continental, Açores e Madeira, tendo por base o nosso modelo de maior confiança (ECMWF). Que tempo se prevê para o verão 2023?
Mais calor do que o normal… mas talvez mais trovoadas também, porquê?
Primeiro que tudo, convém salientar algo que deve ficar bem claro: as previsões de carácter sazonal baseiam-se na análise dos elementos norteadores do tempo à escala global, não tendo, por isso, em conta, previsões pormenorizadas à escala local ou regional.
A previsão sazonal tem em linha de conta os centros de pressão atmosférica em grande escala (altas ou baixas), a posição da corrente de jato, a temperatura da água do mar, as tendências de meses anteriores, entre muitos outros fatores. Recorde-se que para este verão haverá um período de transição de La Niña (fase fria), que durou três anos, para um El Niño (fase quente), que se desenvolverá nas águas do Pacífico Tropical.
Para o trimestre cujas tendências estão em análise (meses de junho, julho e agosto), prevê-se uma área de anomalias de altas pressões muito robustas no Noroeste da Europa - em concreto sobre o Reino Unido, Irlanda e oeste da Escandinávia.
Perante isto, as anomalias negativas de pressão terão tendência para, provavelmente, posicionarem-se no Sudoeste da Europa e alongar-se pelas partes ocidental e central do Mediterrâneo. Em Portugal continental e Espanha poderá surgir um pronunciada anomalia negativa de pressão graças a depressões térmicas e a outras depressões de origens distintas.
É bem notório o sinal de anomalias mais húmidas em regiões do sul da Europa (partes de Portugal continental, Espanha, França e Itália - sobretudo), possivelmente por causa de aguaceiros e trovoadas mais ativos em relação à média climática, provavelmente causados por uma ampla área de baixas pressões.
No que diz respeito à temperatura, ao longo de todo o trimestre veranil, prevê-se um tempo mais quente do que o habitual de norte a sul de Portugal continental. A anomalia térmica positiva será especialmente notória no interior Norte, Centro e Alto Alentejo (1 ºC a 2 ºC acima da média), sendo ligeiramente menos intensa no resto do país (entre 0,5 ºC e 1 ºC acima da média). Na fachada atlântica que abrange Lisboa, Setúbal, litoral bejense e Barlavento Algarvio a temperatura prevê-se apenas ligeiramente acima do habitual (entre 0 ºC e 0,5 ºC acima da média).
Quanto aos Açores e à Madeira, na primeira destas Regiões Autónomas, espera-se calor acima da média, mas não muito (até 0,5 ºC superior ao normal). Quanto ao arquipélago madeirense, prevê-se um panorama meteorológico verdadeiramente tropical: para além da vincada anomalia húmida, também se espera um tempo mais quente do que é costume (até 1 ºC acima da média).
Tendo em conta as previsões, o que se pode esperar da situação de seca meteorológica?
A previsão sazonal do Centro Europeu (ECMWF) sugere uma elevada probabilidade de que a temperatura, no período entre junho e agosto, registe valores acima da média climática de referência. Se tivermos em conta que os verões portugueses costumam ser quentes ou muito quentes, e pontualmente tórridos, episódios ocasionais de calor extremo não serão de descartar, bem como o possível surgimento de uma ou mais ondas de calor.
Tendo isto em consideração, os níveis de evapotranspiração dos solos - muitos deles atormentados por secas prolongadas - serão mais elevados por causa do calor e, a pouca água restante nos solos das regiões mais castigadas pela seca, poderá dissipar-se, pondo em causa uma adequada “nutrição” hídrica.
Por outro lado, o tempo relativamente fresco e/ou ameno e tempestuoso irá manter-se pelo menos até meados de junho (primeiro mês do verão climatológico), o que contribuirá ativamente para o abrandamento do avanço da seca. No entanto, uma vez chegando o tempo tipicamente estival, as reservas de água poderão começar a ver os seus níveis hídricos afetados.
O possível fim da seca meteorológica que ainda está em curso em Portugal não irá ficar resolvida agora, com este tempo de chuvas e trovoadas extremamente irregulares e distribuídas de uma forma extraordinariamente desigual. Quanto muito, isso poderá acontecer no outono, quando o padrão atmosférico já é outro e a chuva se distribui de maneira mais abundante e generalizada.