Chuva forte e trovoada regressam a Portugal: até quando?

O maior destaque nos primeiros dias de março, a coincidir com o arranque da primavera climatológica, foi a presença de poeiras em suspensão na atmosfera oriundas do Sahara estimuladas por uma tempestade no norte de África. Esta situação ainda persiste, um pouco por toda a Península Ibérica, e, no nosso país, como podemos apreciar nas imagens abaixo, estas micropartículas, além de constituírem um risco para a saúde de pessoas com problemas respiratórios, degradam a qualidade do ar e reduzem a visibilidade, alterando a cor do céu. Contudo, este panorama desaparecerá nos próximos dias, em conformidade com a chegada impactante de um sistema de baixas pressões, tal como avançado há alguns dias.

A instabilidade chegará desde o Atlântico

A partir da tarde desta quinta-feira (4), um depressão fria isolada, já detentora de uma estrutura bem organizada, agravará consideravelmente o estado do tempo em Portugal continental, entrando no nosso território através do sudoeste. Aí deixará aguaceiros na vertente atlântica, progredindo a grande velocidade desde as áreas costeiras das regiões Centro e Sul do país, para o interior das mesmas, onde serão registados os maiores acumulados de precipitação e possivelmente atividade elétrica (trovoada) na jornada de sexta-feira.

A chuva, inicialmente fraca, passará a cair com maior intensidade. O modelo Europeu não tem dúvidas quanto à distribuição da chuva: as regiões do Alentejo e do Algarve serão as grandes afetadas por esta situação, destacando-se a metade oriental do distrito de Beja que previsivelmente somará pelo menos 40 litros por metro quadrado em cerca de 36 horas. Devido à concentração de poeiras saarianas, não é de descartar, de novo, a possível ocorrência de ‘chuva de lama’ em certos pontos do país.

Ainda na sexta-feira, a tempestade continuará o seu rumo, e apesar de alcançar a região Norte, desta vez, esta porção do nosso território, habitualmente fustigada devido ao fluxo zonal de oeste, será menos atingida pela intempérie. Mesmo assim, estima-se que algumas células convectivas mais ativas gerem trovoada em pontos da metade setentrional do país. Para isso também contribui o predomínio do vento leste em grande parte do território, que soprará com mais força no interior do país.

Numa trajetória de sudoeste para nordeste, a instabilidade abarcará todo o país. Este tipo de situações meteorológicas pressupõe um elevado grau de incerteza quanto aos locais onde é provável o desenvolvimento de trovoada, mas por agora, os modelos do ECMWF antecipam aguaceiros e trovoada para amanhã ao início da tarde, também no Minho e Douro Litoral, e em concreto nas cidades de Braga e Porto.

No fim de semana predominará a estabilidade

Para sábado, prevê-se que a depressão fria isolada já se tenha retirado da nossa geografia, concentrando-se quase exclusivamente na vizinha Espanha, em específico na Andaluzia e em regiões do Mediterrâneo. Porém, em Portugal continental durante as primeiras horas da madrugada ainda deverá precipitar ligeiramente no sotavento algarvio, onde possivelmente só voltarão a cair pequenos aguaceiros a meio da tarde de sábado. Nas restantes regiões o panorama geral será de períodos de céu nublado, com o sol a brilhar por entre as nuvens, tanto no sábado como no domingo, em especial na região Norte e também nas áreas do litoral compreendidas entre Lisboa e Faro.

Ainda durante o dia de sábado, prevê-se uma subida das temperaturas máximas para todos os territórios a sul da Serra do Marão, e pelo contrário, a norte deste sistema montanhoso antecipa-se uma suave descida. No domingo, como o vento rodará para Norte ou Noroeste, canalizará ar mais frio para o país, provocando uma descida das mínimas em todo o país. Os termómetros vão registar valores abaixo dos 3 ºC em vários pontos do Nordeste transmontano e na Beira Alta. Quanto às máximas, prevê-se 15 ºC para Viana do Castelo, Porto, 17 ºC em Leiria, 18 ºC em Lisboa e em Évora. Dessa lado, não pare de se atualizar quanto ao estado do tempo no país, consultando a nossa secção de notícias, mapas, imagens de satélite e radares.