Vai haver uma mudança brusca no tempo desta semana, avisa Alfredo Graça: “alterará o rumo dos incêndios”
Nos próximos dias as temperaturas elevadas e o tempo irá manter-se, mas a partir de quinta-feira prevê-se uma mudança brusca nas condições meteorológicas. Ditará isto o rumo dos incêndios em Portugal continental? Eis a previsão!
Chegamos a meio do mês de setembro depois de deixar para trás um fim de semana caracterizado por amplitudes térmicas significativas em grande parte de Portugal, com noites frias ou frescas e dias mais amenos ou quentes.
As temperaturas ultrapassaram o patamar dos 30 ºC em boa parte do território do Continente, sobretudo ontem (15) e hoje, 16 de setembro, após a retirada da massa de ar polar que atingiu o interior Norte e Centro na quinta (12) e sexta-feira (13) passadas.
Por outro lado, o centro da Europa tem sido fustigado de maneira severa por uma tempestade histórica e que provocou inundações gravíssimas. Além disso, os Alpes foram atingidos por um nevão invulgarmente forte para esta altura do ano, com as espessuras de neve mais significativas a serem registadas na Áustria.
Uma depressão isolada em altitude retrógrada chegará do Mar Mediterrâneo
Tal como explicamos nas últimas previsões lançadas aqui na Meteored, a situação sinóptica na Europa nesta semana de 16 a 23 de setembro será condicionada pela presença de um grande anticiclone de bloqueio que se posicionará entre as Ilhas Britânicas e a Escandinávia.
Ao mesmo tempo, uma depressão isolada em altitude (ou gota fria) muito cavada, que se soltou entre a Itália e os Balcãs, fará com que a instabilidade atmosférica fique gradualmente mais adversa à medida que a referida depressão for passando por diversas zonas em torno do Mediterrâneo.
Como referimos há uns dias, “a precipitação que pudesse eventualmente cá chegar a partir do Mediterrâneo seria na sua maioria bloqueada ou barrada pelas cordilheiras montanhosas espanholas”. Contudo, a nova atualização dos modelos mostra que este centro de baixas pressões irá deixar alguma precipitação em Portugal continental, ainda que em quantidades pouco significativas comparativamente a Espanha.
Apesar da pouca quantidade de chuva prevista, a nebulosidade inerente para a queda de precipitação, os ventos do quadrante Sul e a humidade relativa do ar mais acentuada constituirão elementos climáticos fulcrais para o combate aos incêndios que vão assolando o país. De acordo com o modelo de confiança da Meteored, a precipitação acumulada será maior no Norte e Centro, sendo estas precisamente as regiões que estão a ser mais fustigadas pelas chamas.
Isto, aliado ao facto da depressão ser procedente de Es-Nordeste, fará com que a chuva acumulada seja pouco significativa devido a fatores geográficos como a latitude e a orografia, sobretudo este último. Como avançávamos na nossa previsão para a segunda quinzena de setembro, “(...) o elemento climático mais chamativo na geografia portuguesa será mesmo o predomínio dos ventos de Leste (associado a mais calor) durante boa parte da semana de 16 a 23 de setembro”.
Tempo quente e seco manter-se-á até quarta-feira, prolongando a dificuldade no combate às chamas
O aviso amarelo de tempo quente emitido para esta segunda-feira (16) em 8 distritos do Continente (Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa e Setúbal) continuará ativo durante o dia de amanhã, terça-feira, 17 de setembro. No arquipélago dos Açores o céu apresentou-se hoje muito nublado, mas com períodos de chuva ou aguaceiros e boas abertas. No da Madeira o céu apresentou-se parcialmente nublado.
Na prática, o estado do tempo em Portugal continental, com temperaturas elevadas e acima da média para a época do ano, aliadas à reduzida humidade relativa do ar, pouco se irá alterar na nossa geografia. Para terça-feira (17) prevê-se uma temperatura máxima de 24 ºC em Bragança, 25 ºC em Faro, 29 ºC em Aveiro, 30 ºC no Porto e 32 ºC em Coimbra e Lisboa.
As condições de céu pouco nublado ou limpo irão manter-se, exceto nas áreas do país que estão a arder, em que o fumo derivado dos incêndios, potencialmente sufocante e muito espesso, deixará o céu “escuro”. Nas zonas afetadas pelo fogo é de máxima importância que siga escrupulosamente as orientações das autoridades!
A partir de quarta-feira (18), as condições favoráveis aos incêndios - como o facto do tempo estar seco e muito quente, com temperaturas superiores a 30 ºC, o vento de Leste com intensidade superior a 30 km/h e a humidade relativa (HR) muito reduzida do ar (inferior a 30%), começarão a mudar ligeiramente devido à cada vez mais próxima depressão isolada em altitude e com circulação retrógrada (de leste para oeste). Mesmo assim a HR continuará com valores elevados em grande parte do território.
Chuva volta ao país na quinta-feira e “mudará o rumo dos incêndios”
Ainda na quarta (18) os primeiros pingos de chuva poderão cair de tarde em zonas do Centro-Sul do país (Castelo Branco e Sotavento Algarvio). Porém, é a partir da madrugada de quinta-feira (19) que a precipitação, sob a forma de períodos de chuva ou aguaceiros, potencialmente acompanhados de trovoadas, progredirá por todo o país de sudeste para noroeste, cobrindo praticamente todo o território de Portugal continental.
A previsão sugere que as distribuições pluviométricas geradas pela passagem da depressão serão desiguais, mas, mesmo assim, constituirão uma importante ajuda no combate aos incêndios, tendo o potencial de mudar o curso dos mesmos.
De acordo com as atuais previsões dos mapas de referência da Meteored, a instabilidade gerada por esta depressão isolada em altitude, com circulação retrógrada e proveniente do Mediterrâneo, continuará a gerar períodos de chuva ou aguaceiros, possivelmente acompanhados de atividade elétrica, em grande parte do país na sexta (20), no sábado (21) e no domingo (22), sendo que neste último dia possivelmente apenas mais a Norte.