Últimas previsões para o inverno em Portugal sobre a probabilidade de frio e neve: eis o que revelam os nossos mapas

Dentro de poucas horas, o inverno climatológico em Portugal irá arrancar. O modelo de referência da Meteored acaba de atualizar as suas tendências para o próximo trimestre: estão previstas temperaturas muito frias, chuva e nevões?

neve portugal
Com que frequência poderá esta paisagem nevada surgir em Portugal no inverno climatológico 2024/2025?

Em Portugal o inverno climatológico arranca a 1 de dezembro. É preciso lembrar que, para a Climatologia, as estações do ano se dividem em função de determinados padrões de temperatura e precipitação. Por exemplo, o inverno estende-se de 1 de dezembro a 28 (ou 29) de fevereiro, abrangendo os três meses mais frios do ano em todo o país, alternando situações de estabilidade atmosférica com outras de chuva, procedentes principalmente do Atlântico.

O inverno astronómico, aquele que toda a gente conhece, terá início com a mudança de estação no solstício de inverno que, neste ano 2024, ocorrerá no dia 21 de dezembro às 09:19 em Portugal continental e Madeira (-01:00 nos Açores). Apesar da chuva deste outono, a temperatura tem sido bastante amena até agora, pelo que os amantes do frio e da neve estão atentos à situação que se desenrolará ao longo das próximas semanas.

O inverno é uma estação muito chuvosa?

Antes de analisar o panorama previsto, é importante recordarmos o seguinte: o inverno é, por norma, a estação mais chuvosa do ano nas três unidades territoriais portuguesas: Continente, Açores e Madeira. Nesta estação do ano é comum haver uma grande variedade de situações meteorológicas na nossa geografia.

inverno chuva
O inverno é normalmente a estação mais húmida nas três unidades territoriais portuguesas: Continente, Açores e Madeira. E em 2024/2025, como será?

As mais comuns são as calmarias proporcionadas pelo anticiclone, com dias de amplitudes térmicas acentuadas, sol, geada e poluição; e as circulações ou fluxos de oeste, com a passagem de frentes e depressões atlânticas. Outro possível panorama, embora bem menos frequente, reside nas entradas de grandes massas de ar frio (de origem polar continental ou polar marítima) ou a formação de depressões isoladas em altitude (bolsas de ar frio ou gotas frias).

Prevê-se um inverno particularmente frio em Portugal?

As últimas atualizações do modelo de confiança da Meteored revelam que é bastante provável a ocorrência de temperaturas acima da média em todo o país este inverno de 2024/2025. A probabilidade de isso acontecer é um pouco menor nalgumas regiões do interior (Beira Alta - Guarda, Alentejo Central - Évora e Baixo Alentejo - Beja). No entanto, isto não implica que as anomalias sejam recordes.

Mapa de previsão da anomalia de temperatura para janeiro de 2025 em Portugal continental. A temperatura poderá ser, de um modo geral, entre 0,5 e 1 ºC acima da média.

Os mapas mostram que, no próximo trimestre, as temperaturas previstas em Portugal continental poderão situar-se entre 0,25 e 1 ºC acima da média do inverno. Para a Madeira prevê-se uma anomalia térmica positiva de 0,5 a 1,0 ºC. E, por último, nos Açores, em dezembro e janeiro esperam-se valores médios de temperatura entre 1 e 1,5 ºC acima do normal, devendo esta anomalia baixar em fevereiro (entre 0,5 e 1 ºC).

No resto da Europa, existe uma elevada probabilidade de um inverno ameno ou pouco rigoroso, com anomalias de calor que poderão ser significativas na Escandinávia e na Rússia ocidental.

Isto leva-nos a crer que as altas pressões prevalecerão sobre Portugal continental, com amplitudes térmicas acentuadas entre o dia e a noite, muito significativas nas regiões do interior, vento fraco, neblina ou nevoeiro, e elevados níveis de poluição, fenómenos típicos das calmarias de inverno. Tendo isto em vista, são expectáveis noites frias no interior do país, não sendo de excluir a possibilidade de fortes entradas de ar frio ou inclusive de uma vaga de frio.

Irá o próximo trimestre registar chuva abundante e queda de neve frequente no nosso país?

Para trás fica um outono climatológico muito variável e com vários períodos de instabilidade. Porém, dezembro arrancará praticamente sem neve na única estância de esqui do Continente, situada na Serra da Estrela, pelo que a mesma se encontra atualmente fechada.

A seca meteorológica praticamente desapareceu da geografia do Continente em outubro - excelentes notícias - mas algumas barragens e albufeiras do Sul (sobretudo Barlavento Algarvio) continuam a enfrentar escassez hídrica. Apesar da boa notícia em relação à seca, as previsões dos mapas de referência da Meteored não são particularmente otimistas para os meses de dezembro, janeiro e fevereiro.

É provável que a precipitação registe valores inferiores à média climatológica de referência. Isto sugere que a circulação ou fluxo zonal de Oeste terá tendência a surgir com mais frequência nas latitudes altas (Escandinávia e Ilhas Britânicas, por exemplo).

Em Portugal continental, o cenário mais provável para o próximo trimestre expõe uma contundente anomalia negativa de precipitação de norte a sul do território, exceto na região do Algarve no mês de fevereiro. A anomalia expectável é de -10 a -5 mm em grande parte da geografia do Continente, exceto no litoral norte (distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto) em que a anomalia é mais acentuada: -15 a -10 mm. Para as geografias insulares, Açores e Madeira, não se observa uma tendência clara nos mapas.

Isto vai em linha com o que foi referido anteriormente: de momento os mapas insistem num inverno em que as situações dominadas pelo anticiclone irão prevalecer. Porém, isto não significa que não irá chover, nem que frentes, depressões ou alguma gota fria não cheguem ao nosso país ao longo do inverno. Simplesmente, aquilo que poderá significar é que a chuva seja menos abundante em regiões onde normalmente chove muito durante a estação invernal.

geopotencial anomalia
As primeiras tendências indicam um vórtice polar forte este inverno, o que diminui a probabilidade de massas de ar frio muito intensas chegarem ao Sudoeste da Europa.

Assim, em quase toda a geografia portuguesa, tudo indica que o inverno estará longe de ser extraordinário em termos de chuva e neve. Não obstante, é importante lembrar que a precipitação é justamente a variável que mais incerteza gera a longo prazo, sobretudo num país com uma orografia tão complexa como a nossa. Recordamos-lhe que pode ir consultando as nossas previsões, sempre atualizadas.