Última hora: 100 litros por metro quadrado em metade de Portugal até quinta
O primeiro temporal de chuva do outono climatológico já começou e nasceu do ciclone tropical ex-Danielle. Portugal continental está totalmente coberto de avisos amarelos. Onde irá chover mais nos próximos dias? Consulte a previsão!
Por diante temos uma semana que se revelará apaixonante do ponto de vista meteorológico, com uma dinâmica atmosférica puramente pré-outonal e também com grande incerteza associada, algo comum nesta altura do ano.
Sem margem para dúvidas, a melhor notícia é a chegada de chuva em abundância que regará Portugal continental, percorrendo-o de norte a sul, sem exceções. No entanto, naturalmente que este temporal atlântico será insuficiente para reverter a situação de seca.
O fluxo do Sudoeste acentua-se na terça-feira, cautela com as acumulações
Amanhã o fluxo húmido do Sudoeste irá acentuar-se, contribuindo para o aumento da instabilidade nalgumas áreas do nosso país. A chuva será localmente intensa e persistente em praticamente todas as regiões a norte do rio Tejo, e embora a sul deste curso de água estejam previstas quantidades de pluviosidade consideravelmente inferiores, a precipitação também “marcará presença” nestas áreas, bastante sôfregas por água.
De acordo com a última atualização do modelo do ECMWF, as maiores acumulações de chuva ocorrerão, até à madrugada de quinta-feira (15) nas seguintes regiões: Minho, Douro Litoral, Regiões de Aveiro, Coimbra e Leiria e Beira Baixa.
Por outro lado, não será de desprezar as quantidades previstas para os distritos de Lisboa e Setúbal, que nesta segunda-feira (12) já foram imensamente regados. Por último, as regiões do Alentejo e do Algarve, embora previsivelmente menos beneficiadas pela água deste robusto temporal atlântico, os solos, rios e ribeiras destas regiões, bastante carenciados de água, irão “agradecer” cada l/m2 que forem somando.
Onde choverá mais e até quando irá durar este temporal atlântico?
Na primeira metade desta semana, entre 12 e 15 de setembro, metade do território de Portugal continental poderá acumular entre 100 e 150 l/m2. Tal como referido acima, a norte do rio Tejo – grosso modo as Regiões Norte e Centro do nosso território – receberão chuva em abundância.
Este temporal deixará, em todo o país, muita água que, como "ouro líquido" proveniente do céu, saciará regiões que por duros e longos meses pouca ou nenhuma precipitação têm recebido. Atuará como um “penso rápido”, sendo claramente insuficiente para a reversão da seca, mas constituirá uma excelente ajuda para atenuar ligeiramente esta mesma situação.
Na quarta-feira (14) a tempestade começará a desagregar-se, mas ainda é esperada bastante precipitação em quase todo Portugal continental, exceto no Baixo Alentejo e no Algarve, as regiões previsivelmente menos regadas pela chuva nesse dia.
O risco de trovoada manter-se-á. Mantenha-se a par da probabilidade de atividade elétrica, consultando os nossos mapas de raios. Na quinta-feira (15) a baixa pressão ainda deixará alguns remanescentes de instabilidade, mas com muito menos vigor.
Impactos do temporal: inundações em áreas vulneráveis, trovoadas, vento e ondulação marítima
Além do mais, há que salientar a mais que provável ocorrência de atividade elétrica: trovoadas, por vezes fortes, e possível queda de granizo. Também pontualmente, as rajadas de vento do quadrante Sul poderão atingir até 75 km/h e eventualmente originar algum fenómeno extremo de vento.
Quanto às temperaturas, apesar da sua descida temporária nestes próximos dias, a sensação térmica será de tempo ameno e abafado devido ao elevado teor de humidade presente. Tampouco há que esquecer os riscos que um evento de chuva desta magnitude e intensidade constitui para um país que esteve meses e meses sem receber precipitação significativa.
Após uma situação de seca prolongada, os solos ressequidos estão vulneráveis à erosão, bem como aqueles que foram calcinados devido aos incêndios. Em áreas urbanas de baixa impermeabilidade (ou inexistente) são prováveis as inundações-relâmpago, sobretudo em locais historicamente vulneráveis (depende claro, da intensidade da chuva). Quanto aos rios e ribeiras, atenção ao possível rápido aumento do seu caudal que poderá originar transbordamentos.
Por último, não esquecer que até ao final de terça-feira, este temporal causará forte agitação marítima com ondas que atingirão altura significativa de até 3,5 metros em praticamente toda a costa ocidental portuguesa.