Tendências do tempo no inverno de 2024-2025 em Portugal: o modelo de referência da Meteored prevê uma mudança drástica

Dentro de algumas semanas arrancará em Portugal o inverno climatológico. O modelo de referência da Meteored acaba de atualizar as suas tendências para o próximo trimestre: será que são esperados meses de chuva forte e neve abundante?

Dentro de algumas semanas arranca o inverno climatológico e o nosso modelo de referência revela as primeiras tendências do tempo, ainda pouco fiáveis.

No dia 30 de novembro terminará um outono climatológico caracterizado por alguns episódios de instabilidade significativa em Portugal, destacando-se aqueles que foram protagonizados pela tempestade Aitor, pelo ex-furacão Kirk, pela tempestade Berenice, rios atmosféricos e algumas gotas frias.

Porém, como é habitual nesta época do ano, a precipitação teve uma distribuição bastante desigual, com as regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela a saírem mais beneficiadas pela pluviosidade.

Apesar da ocorrência relativamente frequente de chuva em boa parte deste outono, uma parte considerável do território do Continente permanece em seca, sobretudo nas regiões a sul do Tejo. A chuva que caiu nas regiões mais meridionais (Alentejo e Algarve) foi insuficiente para reverter a atual situação de seca; mas pelo menos, o cenário de escassez hídrica, em conjunto com uma série de medidas tomadas pelas autoridades, terá sido atenuado.

As situações meteorológicas mais comuns no inverno

Antes de mais, é preciso lembrar que o inverno climatológico abrange os meses de dezembro (começa no dia 1), janeiro e fevereiro (termina no dia 28, ou 29 se for ano bissexto). Estes são os meses mais frios do ano. É a estação mais chuvosa em praticamente toda a geografia de Portugal, incluindo Açores e Madeira.

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O inverno é a estação mais chuvosa nas três unidades territoriais portuguesas: Continente, Açores e Madeira.

No inverno pode ocorrer uma grande variedade de situações meteorológicas no nosso território, sendo que as mais frequentes são as calmarias (proporcionadas pelo anticiclone), com dias de grandes amplitude térmicas (dias amenos ou frescos e noites frias ou muito frias), sol, geada e poluição (intensificada pelo fenómeno de inversão térmica); e as circulações de oeste, com a passagem de frentes e depressões atlânticas.

Menos frequentemente, surgem também entradas de ar frio (as polares marítimas são mais comuns que as polares continentais) e depressões isoladas em altitude (ou gotas frias).

Irá a tendência de variabilidade na chuva manter-se?

As primeiras tendências do modelo de referência da Meteored indicam, para já, que o próximo inverno poderá registar uma mudança drástica em relação aos episódios de chuva e instabilidade que se têm verificado durante o outono. Atualmente, o cenário mais provável é o de um inverno com precipitação inferior à média em quase toda a geografia do Continente e Açores. Na Madeira não se detetam anomalias significativas.

Não obstante, os mapas sugerem que a “outra face da moeda” está prevista para a Escandinávia, região que poderá registar mais chuva do que o normal. Isto enquadra-se no predomínio de uma circulação zonal alta, com as tempestades a circularem muito a norte. Se este cenário se concretizar, não significa que iremos passar três meses com a mesma situação meteorológica.

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As previsões mais recentes apostam num inverno com chuva inferior à média em Portugal continental e arquipélago dos Açores.

De facto, em todos os invernos costuma haver fortes tempestades de chuva, vento e/ou neve, mas, de acordo com o mapa acima exposto, seriam menos frequentes do que noutros invernos devido a uma maior persistência de calmarias proporcionadas pelo anticiclone. Recorde-se que estamo-nos a referir a uma tendência a longo prazo, com traços muito gerais, pelo que o grau de incerteza é elevado.

Eis o que poderá acontecer com as temperaturas em Portugal

No que diz respeito às anomalias térmicas, é muito provável que as temperaturas se situem acima da média em todo o país, especialmente nos Açores e na Madeira. Em Portugal continental, essa probabilidade será menos acentuada do que nos territórios insulares, sobretudo na região da Beira Alta e em parte do interior alentejano.

De acordo com as últimas atualizações dos mapas, observa-se a possibilidade de que as altas pressões subtropicais estejam fortes este inverno, com um vórtice polar robusto.

Em suma, as previsões mais recentes do modelo de referência da Meteored antecipam um inverno marcado pelo predomínio de calmarias e pela circulação de tempestades nas latitudes altas. Tudo isto sustentado por um vórtice polar robusto, o que reduziria a probabilidade de fortes entradas de ar frio serem recorrentes nas latitudes baixas. A esperança é a última a morrer: oxalá os mapas mudem e que haja um inverno de chuva, frio e alguma neve em Portugal.