Temporal invernal chegará de Este a Portugal: que efeitos estão previstos?

Dentro de poucos dias prevê-se uma brusca mudança no estado do tempo em Portugal: um temporal de Leste poderá trazer chuva, fortes rajadas de vento, frio e possível queda de neve. Consulte a previsão!

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Temporal invernal de Este percorrerá grande parte da Península Ibérica até chegar a Portugal. Quais são os efeitos previstos?

O tempo estável que se tem registado em Portugal continental ao longo dos últimos dias pode estar com “as horas contadas”.

Apesar da temperatura mínima baixa - sobretudo no Nordeste Transmontano e na Beira Alta - e de algumas áreas do interior povoadas por geadas e gelo, durante o período diurno dos últimos dias já foi consideravelmente percetível a subida gradual da temperatura, embora tudo aponte para a grande possibilidade de estarmos às portas de um novo temporal invernal, e, desta vez, a chuva poderá ser abundante nalgumas regiões da nossa geografia, ainda carentes de água.

A partir de hoje (domingo 5), o anticiclone que tem condicionado o estado do tempo no nosso país, deslocar-se-á progressivamente para latitudes mais setentrionais – posicionando-se sobre as Ilhas Britânicas – onde estão previstos valores máximos de pressão atmosférica em redor dos 1040-1050 hPa. Esta configuração sinótica proporcionará a chegada de um fluxo de leste que atingirá em pleno o nosso país vizinho (Espanha), na área geográfica correspondente ao litoral mediterrâneo e ao Arquipélago das Baleares. Depois chegaria até Portugal.

Outra das consequências previstas é que a inclinação das altas pressões em redor das Ilhas Britânicas e da Europa Central canalizará uma massa de ar continental até à Península Ibérica. Não sendo uma advecção excessivamente fria – até pelo facto de que aquecerá ligeiramente ao percorrer o Mediterrâneo –, também se prevê que adquira humidade na sua travessia até Espanha e Portugal. Em que se poderá traduzir isto? Pois bem, em chuva em várias regiões do nosso país e inclusive possível queda de neve a diferentes cotas.

Para já não se prevê muita neve, mas chuva sim

As últimas saídas do nosso modelo de maior confiança revelam um cenário ligeiramente mais temperado em relação ao que se previa inicialmente, com possível “vitória” do ar temperado e húmido proveniente do Mediterrâneo a chegar, maioritariamente, ao Centro-Sul de Portugal.

Apesar disto, a cota de neve poderá ser de média/alta altitude numa boa parte do país, com grande destaque para o Sistema Central (Serra da Estrela) – que registaria a maior acumulação; bem como algumas serras e localidades altas dos distritos de Bragança, Vila Real, Viseu e Guarda.

mapa neve acumulada; ecmwf
A tantos dias de distância é praticamente impossível perceber se vai realmente nevar nas áreas manchadas a verde, correspondentes à neve acumulada. Contudo, a queda de neve na Serra da Estrela é razoavelmente provável.

Tampouco se descarta a precipitação sob a forma de neve em serras do Alto Alentejo (Portalegre). No entanto, é muito importante realçar que a tantos dias de distância, a única área geográfica onde é possível assegurar com algum grau de fiabilidade a queda de neve e boa acumulação são os pontos de maior altitude da Região das Beiras e Serra da Estrela.

A acumulação de neve poderá rondar os 10/15 cm nos pontos mais elevados da Serra da Estrela, não se descartando queda de neve na cidade mais alta de Portugal continental (Guarda). Nas restantes áreas onde eventualmente precipite neve, as acumulações previstas, neste momento, são quase insignificantes.

mapa precipitação acumulada; ecmwf
Apesar da grande incerteza na previsão, um dos cenários possíveis sugere acumulação de chuva até cerca de 75 mm no Alentejo.

Tal como mencionado anteriormente noutras previsões, é preciso estar atento à evolução da ondulação e posterior depressão fria (com movimento retrógrado), bem como ao possível aparecimento de algum desenvolvimento ciclogenético no Mediterrâneo que poderia, isso sim, alterar de maneira considerável a previsão.

A chuva será notícia em várias regiões de Portugal, com a esmagadora maioria da precipitação a poder concentrar-se na geografia a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela. No Centro-Sul do nosso país a chuva acumulada poderá variar entre 50 e 75 mm ao longo da próxima semana, particularmente no Alentejo.

Nalguns pontos do Alentejo, a chuva poderá eventualmente ultrapassar os 75 mm, com a maior “fatia do bolo” pluviométrico a pertencer, potencialmente, ao distrito de Évora (Alentejo Central).

Parte da faixa costeira ocidental que abarca Setúbal, Beja e Faro (litoral alentejano e litoral ocidental algarvio) ficaria no extremo oposto, atingindo apenas 15 mm. Entre 20 e 50 mm de chuva acumulada estão previstos para uma parte, ou a totalidade, dos distritos de Lisboa, Santarém, Portalegre, Setúbal, Beja e Faro.

Outros possíveis efeitos: a trovoada e o vento

Em todas estas regiões, a precipitação poderá, por vezes, ser localmente forte e acompanhada de trovoada. Atenção também ao vento de Leste que poderá soprar localmente forte, sobretudo nas áreas montanhosas mais expostas, onde as rajadas poderão alcançar até 60 km/h.

Para já, mais dúvidas do que certezas na previsão para todas estas áreas geográficas de Portugal continental, devido à grande incerteza na trajetória da baixa fria e da sua possível interação com outras massas de ar na segunda metade da próxima semana.