Tempo para os próximos dias: forte nortada e frescura atlântica em Portugal, Açores à mercê dos “vestígios” de Don

O tempo para os próximos dias em Portugal continental não sofrerá grandes alterações. Neste preciso momento, à medida que a terceira semana de julho de 2023 vai decorrendo, o nosso país é um autêntico “oásis” no que toca aos países do Sul da Europa, sujeitos, uma vez mais, ao calor tórrido e a uma onda de calor que ameaça bater recordes de temperatura.

Não só a nossa geografia se mantém à margem do “domo” de calor que felizmente, teima em não atingir a nossa latitude, como também as temperaturas vão sendo relativamente frescas, ao exibirem valores dentro da média ou até mesmo abaixo dos valores climatológicos de referência.

Tempo estável, forte nortada, frescura atlântica e poeiras saarianas em suspensão

Isto sem, claro, mencionar a nortada, fenómeno tipicamente estival que propicia um amenização do calor intenso que habitualmente incide na faixa costeira ocidental do Continente. As massas de ar fresco ou temperado provenientes do Atlântico Norte são o que vão “salvando” Portugal continental das altas temperaturas e, para já, de acordo com as mais recentes atualizações do modelo ECMWF - aquele em que mais confiamos - não existem novidades à vista para o curto prazo.

Após esta terça (18) marcada por uma pequena subida da temperatura mínima e por uma suave descida da temperatura máxima em Portugal, em que a nortada vai continuando a dar um “ar da sua graça”, o tempo estável não irá registar alterações significativas, tanto na quarta (19), como na quinta (20). A tendência para céu limpo ou pouco nublado, com nevoeiros matinais na costa norte e centro e nebulosidade a poder persistir até final da manhã irá manter-se.

Voltando à nortada, espera-se que o vento sopre fraco a moderado, predominantemente de Noroeste, podendo pontualmente soprar forte, em particular durante os períodos vespertinos (tarde) e em específico na faixa costeira ocidental a sul do Cabo da Roca, Barlavento Algarvio e terras altas. Quinta-feira, 20 de julho será o dia no qual o vento soprará com maior intensidade, maior duração e em que abrangerá uma maior área do território do Continente.

A frescura atlântica à qual o nosso país estará exposto - em particular a população que reside no litoral (a esmagadora maioria) -, sustentada pelas altas pressões e reforçada por massas de ar amenas e/ou frescas provenientes de latitudes setentrionais, provocará temperaturas máximas não demasiado elevadas. Entre quarta e (19) e quinta (20), as máximas vão oscilar entre 22 ºC e 24 ºC no Porto, entre 25 ºC e 27 ºC em Lisboa, entre 26 ºC e 29 ºC em Braga e em Coimbra, entre 31 ºC e 33 ºC em Faro e entre 31 ºC e 34 ºC em Évora.

Por último, refira-se ainda a presença de poeiras do Saara em suspensão, provenientes do Norte de África e que também estão a desempenhar um papel no estado do tempo. As poeiras vão inibindo ligeiramente o calor previsto, mas ao mesmo tempo afetam a qualidade do ar nas Regiões Centro e Sul, em particular o Alentejo e o Algarve. Na quarta (19), as poeiras mantêm-se pelo país, mas apenas no Sul. Na quinta (20) deverão dissipar-se da nossa geografia continental.

Vestígios de Don no caminho dos Açores?

De acordo com as últimas atualizações do ECMWF e do NHC, apesar de Don já praticamente não exibir as características de uma tempestade tropical, prevê-se, ainda assim, que na reta final desta semana o sistema volte a intensificar, ao movimentar-se na direção oposta à dos Açores, para noroeste, em direção à ilha da Terra Nova. Quando aí chegar, prevê-se que esteja visivelmente mais enfraquecida por perder intensidade ao percorrer águas mais frias.

Contudo, prevê-se que várias bandas de precipitação e nebulosidade associadas à tempestade Don, descarreguem chuva fraca a moderada, pontualmente forte, entre quinta (20) e sexta (21), no Arquipélago dos Açores. Desde a nova atualização, há agora algumas novidades. Além do Grupo Ocidental (Corvo e Flores), possivelmente exposto aos aguaceiros e/ou chuva forte e trovoada, agora também se espera que o Grupo Central seja particularmente afetado, sobretudo as ilhas do Pico e Faial - tendo em conta a acumulação pluviométrica prevista.

Outra das novidades reside no facto de que a madrugada de sexta (21) poderá agora ser a fase mais crítica deste episódio meteorológico, ao contrário da previsão inicial que indicava quinta (20). Não se descarta a ocorrência de inundações em áreas historicamente vulneráveis. O vento soprará fraco, no geral, tendencialmente de Sul ou Sudeste, e o episódio de instabilidade meteorológica poderá durar até sábado, 22.