Tempo para os próximos dias em Portugal: setembro terminará com um anticiclone de bloqueio, que consequências terá isto?
O anticiclone de bloqueio trouxe tempo estável e quente a Portugal continental, que durará até início de outubro. O calor intensificará e a possibilidade de serem batidos recordes não está descartada. E para Açores e Madeira, que se prevê?
Por vezes a reta final dos meses de setembro, época de transição do verão para o outono (recorde-se que o outono astronómico arrancou no passado sábado, dia 23), é caracterizada por tempo estável, quente, seco e em geral, soalheiro. E este ano de 2023 não é exceção. De facto, Portugal continental está agora mesmo a testemunhar uma clássica situação de anticiclone de bloqueio que proporciona as características acima mencionadas.
Aliás, nestes próximos dias e no início da próxima semana, espera-se uma subida gradual e significativa das temperaturas máximas, sendo que nalgumas regiões do país poderão ser batidos recordes. Por outro lado, apesar do pronunciado aumento das temperaturas diurnas reforçado pela situação de anticiclone de bloqueio, também são de realçar as temperaturas noturnas, que estando naturalmente mais frescas estão a exibir valores dentro da média para a época do ano.
Um anticiclone de bloqueio persistente
O modelo do ECMWF - aquele que é trabalhado pela Meteored -, projeta, para estes próximos dias, a manutenção quase-estacionária de crista de ar quente que tem influenciado o estado do tempo nestes últimos dias em Portugal continental e na Madeira, dando substância a um panorama de bloqueio das altas pressões que servirá como um “escudo” eficaz às frentes atlânticas que se forem aproximando do Noroeste da Península Ibérica.
Quarta-feira (27), graças à passagem de uma pequena frente pelo noroeste da Galiza (Espanha), uma grande parte do país registará nebulosidade a média e alta altitude, em particular na Região Norte. Quinta (28) será outro dia muito semelhante em termos térmicos, quiçá com uma ligeira subida térmica.
Prevê-se, a partir de sexta-feira (29), o reforço das altas pressões (e por conseguinte do anticiclone de bloqueio). A massa de ar que se encontra verticalmente sobre Portugal continental ficará mais quente, pelo que o tempo entrará numa nova e distinta etapa em que o calor se agravará. Desta forma, espera-se o registo de temperaturas invulgarmente elevadas.
Possibilidade de serem batido recordes devido ao calor
Estima-se que a fase de calor mais intenso possa ocorrer entre sexta, 29 de setembro e segunda, 2 de outubro. De acordo com a previsão das excedências de percentil de temperatura a 850 hPa do IFS/ECMWF, as regiões de Portugal continental que registarão valores de temperatura excecionalmente elevados serão o interior Norte e Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Baixo Alentejo e Algarve.
Nalgumas destas regiões, algumas localidades poderão atingir máximas em redor dos 34/35 ºC, podendo ocasionalmente superar estes valores e chegar aos 37/38 ºC, sendo que noutras os termómetros ficar-se-ão pelos 30/32 ºC, não deixando por isso de ser invulgar para a época do ano. Pontualmente o calor excecional poderá alastrar-se e ser sentido noutras áreas do país (isto é, sem serem necessariamente as acima mencionadas).
Não se exclui a possibilidade de que nos dois primeiros dias de outubro sejam batidos alguns recordes absolutos de temperatura máxima para este mês. Também não se descarta essa possibilidade de serem batidos alguns recordes para os dias 29 e 30 de setembro.
E nos Açores e na Madeira?
À semelhança do Continente, a R.A. da Madeira registará no cômputo geral, um tempo estável, seco, soalheiro e quente, embora com alguns aguaceiros fracos nas terras altas da principal Ilha do Arquipélago.
Para os Açores prevê-se um estado do tempo bastante chuvoso e instável, com ventos moderados a fortes de Sudoeste e acumulações pluviométricas a variar entre 40 e 60 mm em pontos do G. Central entre este terça e a próxima sexta (29). Depois espera-se uma breve diminuição da instabilidade atmosférica no fim de semana, sendo que o tempo poderá agravar-se de novo a partir de segunda, 2 de outubro.
Os Grupos Central e Oriental poderão, em princípio, ser os mais fustigados pelas sucessivas bandas de precipitação, não se descartando a possibilidade de ocorrência de trovoadas convectivas e de inundações rápidas.