Tempo no fim de semana em Portugal: Domingos trará chuva forte, vento intenso e mar bravo. Eis as regiões mais afetadas
Novembro arrancou como outubro terminou: com mais depressões. O “comboio” de tempestades segue a todo o vapor no Atlântico e, após Ciarán, chegará a Depressão Domingos. Saiba quando e que regiões de Portugal serão mais afetadas.
A Depressão Ciarán foi uma tempestade que ao circular pelo Atlântico Norte sofreu um processo intenso de ciclogénese explosiva tornando-se, por isso, num ciclone de características extremamente perigosas para os vários países da Europa expostos a ela, tais como Portugal, Espanha, França e Reino Unido.
No Noroeste de França, por exemplo, houve locais que registaram rajadas de vento absolutamente estonteantes, acima de 180 km/h!
Ciarán não atingiu diretamente Portugal continental, mas a superfície frontal fria que lhe estava associada provocou múltiplos estragos ao percorrer a nossa geografia esta quinta-feira (2), tendo produzido fenómenos de vento intenso, chuva por vezes forte e abundante e um perigoso temporal marítimo, de grande magnitude.
A combinação do ar polar com a precipitação em altitude originou queda de neve nos cumes de várias serras do extremo Norte e no Centro, sobretudo acima dos 1000 metros de altitude. Realce-se também a ocorrência de granizo nalgumas terras do interior Norte.
Sexta-feira com temporal marítimo agreste e queda de neve
Nas últimas horas desta quinta (2) e ao longo do dia de sexta-feira (3) a Depressão Ciarán e um pequeno centro de baixas pressões secundário canalizarão uma massa de ar mais frio em direção a Portugal continental e Espanha.
Acima dos 1700 metros de altitude, na Serra da Estrela, a acumulação de neve poderá, possivelmente, rondar os 5/10 cm. A eventual queda de neve traduzir-se-ia na acumulação e possível formação de gelo. Isto perturbaria o normal funcionamento das vias que ficariam potencialmente condicionadas ou interditas. Não se exclui a hipótese de danos em árvores ou estruturas, bem como abastecimentos locais prejudicados.
De acordo com o nosso modelo de referência, sexta-feira (3) será um dia substancialmente mais calmo no que diz respeito às condições meteorológicas adversas em Portugal continental, pelo menos no que toca à chuva e ao vento, que diminuirão em frequência e intensidade.
Todavia, os Avisos Laranja e Vermelho por forte agitação marítima não devem ser subestimados. Além da neve, o mar bravo será o elemento climático mais agreste e potencialmente causador de perturbações ou impactos na sexta (3). Prevê-se ondas de noroeste com altura significativa de 7 a 8 metros na faixa costeira ocidental a norte do Cabo Carvoeiro, que poderão alcançar altura máxima de 14/15 metros. Siga as recomendações das autoridades e evite passeios junto às áreas marítimas.
Por causa do ar polar canalizado até à Península Ibérica, as temperaturas no Continente vão baixar de uma forma generalizada na sexta (3).
Depressão Domingos chega no sábado: será que atinge Portugal continental diretamente?
Domingos é a quarta depressão de grande impacto da temporada de tempestades atlânticas 2023/2024 e foi nomeada esta quinta-feira (2) pela AEMET (Serviço Meteorológico de Espanha). Na sua deslocação pelo Atlântico Norte rumo a leste sofrerá um processo de ciclogénese explosiva, sendo quase equiparável a uma ‘cópia’ de Ciarán desde o ponto de vista da trajetória e do desenvolvimento da sua estrutura ciclónica.
Por volta do meio-dia de sábado, 4 de novembro, espera-se que Domingos esteja situada a sul da Irlanda, exibindo uma pressão atmosférica mínima de 960 hPa. À semelhança do que sucedeu com Ciarán, a área costeira setentrional de Espanha (Galiza e Cantábrico sobretudo) e o Noroeste de França serão das áreas mais expostas à passagem da Depressão Domingos. E, de novo, os elementos meteorológicos de maior destaque vão ser o vento e o mar.
Estão previstos períodos de chuva forte, abundante e persistente na noite de sexta e na madrugada e manhã de sábado (4), em particular no Norte e Centro, destacando-se os distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Porto, Aveiro, Viseu e Coimbra, isto é, as regiões a oeste (e a sul) da Barreira de Condensação e onde a maioria da nebulosidade e da precipitação associada às típicas depressões outonais fica retida, por causa do efeito exercido pela orografia do supracitado acidente geográfico.
A precipitação diminuirá de intensidade e frequência a partir da tarde de sábado 4 de novembro, passando gradualmente ao regime de aguaceiros ao atravessar o país de noroeste para sudeste. Nas regiões a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, e em particular a sul do Tejo, haverá períodos de chuva, bem mais suave e intermitente e bastante dispersa, atingindo pontualmente uma intensidade moderada. A queda de chuva no Baixo Alentejo e Algarve será muito residual.
Nas últimas horas de sexta-feira (3) o vento de Sudoeste passará a soprar com mais força na faixa costeira ocidental, sobretudo a norte do Cabo Espichel (Península de Setúbal), com as rajadas a poderem atingir velocidades de 80/90 km/h. Nas terras montanhosas do interior, especialmente do Norte e do Centro, as rajadas poderão alcançar 110 km/h. O vento passará a soprar de oeste a partir da manhã de sábado (4), prevendo-se uma gradual diminuição da sua intensidade ao final da tarde.
No sábado (4) manter-se-á, também, o perigoso temporal marítimo. Com a vertiginosa passagem de Domingos pelo Atlântico rumo aos países da Europa Ocidental, o mar ganhará condições muito agrestes ao longo de todo o dia de sábado (4), esperando-se que o pico de intensidade ocorra entre as 18:00 desse mesmo dia e o meio-dia de domingo, 5 de novembro.
Estão previstas ondas de noroeste com 7 a 9 metros de altura, que poderão atingir até 16 metros de altura máxima. Por último, estima-se uma subida moderada das temperaturas de norte a sul de Portugal continental no sábado (4), após uma sexta-feira mais fria.
Domingos também passará pela Madeira: que impactos deixará esta depressão na Região Autónoma?
A superfície frontal fria associada a Domingos vai cruzar uma das unidades territoriais de Portugal insular - a Madeira - na reta final de sábado, 4 de novembro. Não se prevê impactos significativos derivados da sua passagem.
O único efeito que se deverá destacar com a trajetória descrita por Domingos será um visível aumento da agitação marítima. Espera-se, portanto, ondas de noroeste com 5 a 6 metros de altura significativa já no domingo (5), com a costa norte da ilha da Madeira e Porto Santo a serem as áreas geográficas mais expostas.