Tempo mudará drasticamente a partir deste dia: saiba em que regiões se prevê chuva forte, arrefecimento acentuado e neve
Em breve uma gota fria chegará a Portugal continental, produzindo fenómenos meteorológicos adversos. Saiba em que regiões se prevê chuva localmente forte, trovoada, descida acentuada da temperatura e até mesmo queda de neve.
Como temos vindo a anunciar na Meteored Portugal há alguns dias, estamos à beira de uma drástica mudança de tempo que será provocada por uma bolsa de ar frio que se deslocará sobre o continente europeu, com uma circulação retrógrada. Irá deslocar-se de nordeste para sudoeste, ao contrário do que é habitual, posicionando-se, por fim, nas imediações da Península Ibérica.
Um portentoso bloqueio em ómega estimulará a chegada de uma bolsa de ar muito frio
As últimas previsões do modelo de referência da Meteored mostram que um bloqueio em ómega se desenvolverá ao longo desta segunda-feira (11). Quando este tipo de circulação acontece, o jato polar é forçado a contornar uma grande crista e depois a descer novamente em latitude, seguindo uma trajetória que faz lembrar a letra grega ómega. Desta vez, os picos de pressão situar-se-ão a oeste-sudoeste das Ilhas Britânicas.
Esta situação sinóptica, com o jato polar tão ondulante, será favorável à libertação de uma grande bolsa de ar frio sobre a Europa, que terá tendência aproximar-se das geografias de Espanha e Portugal continental à medida que for deslizando ao longo do flanco leste e sul da crista. Isto, por sua vez, conduzirá a um enfraquecimento da crista à medida que a semana avança e o anticiclone poderá inclinar-se para nordeste, de acordo com os mapas.
Apesar de hoje e amanhã serem dias secos e estáveis, terça 12 de novembro já trará novidades
Após a primeira década de novembro maioritariamente estável, seca e soalheira - somente interrompida por alguns períodos de chuva como por exemplo os da passada sexta-feira (8) e domingo (10) - pode-se dizer que este ano de 2024 voltou a viver-se o evento climático conhecido como verão de São Martinho.
Ora, esta segunda-feira - 11 de novembro e Dia de São Martinho - não houve exceção à regra: foi um dia ameno a quente, com céu geralmente pouco nublado ou limpo, neblina nalguns locais e vento de es-nordeste fraco a moderado. Porém, como anunciado pela Meteored há alguns dias, o estado do tempo em Portugal vai mudar radicalmente.
Para esta terça-feira (12) prevê-se o primeiro sinal dessa alterações nas condições meteorológicas: a massa de ar polar continental associada à bolsa de ar frio penetrará pelo nordeste da Península Ibérica, provocando uma descida praticamente generalizada das temperaturas e um aumento da instabilidade atmosférica. O tempo instável ficará remetido à vizinha Espanha.
No entanto, haverá sinais de mudança de tempo evidentes no nosso país que se traduzirão pela descida das temperaturas máximas, mais acentuada nas regiões do interior, sobretudo interior Norte e Centro (distritos de Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda), e também das mínimas (acentuado arrefecimento noturno).
Além disto, espera-se a formação de geada nos locais mais frios e abrigados, sobretudo no Nordeste Transmontano e Beira Alta. O céu apresentar-se-á pouco nublado ou limpo, com períodos de maior nebulosidade no interior Norte e Centro. O vento soprará fraco a moderado (até 30 km/h) de leste/nordeste e pontualmente forte nas terras altas, com rajadas até 65 km/h no Norte e Centro.
Quarta-feira chegam os primeiros aguaceiros, possibilidade de neve e trovoada e ainda mais frio
Na quarta-feira (13) a gota fria atravessará a Península Ibérica de nordeste para sudoeste, com temperaturas que poderão atingir os -30 ºC a cerca de 5500 metros de altitude em Portugal continental. O dia amanhecerá pouco nublado, mas as nuvens povoarão gradualmente o céu à medida que as horas forem passando, especialmente no Norte e Centro. A partir da tarde estão previstos períodos de chuva ou aguaceiros, mais prováveis no interior das Regiões Norte e Centro, não se excluindo a hipótese de trovoada.
Gota fria não é sinónimo de chuva torrencial. Aquilo que aconteceu há alguns dias em Valência é algo excecional. Embora localmente possa cair chuva forte, esta gota fria terá uma deslocação mais rápida, pelo que as acumulações não serão tão extraordinárias.
A saída mais recente do modelo de confiança da Meteored cortou substancialmente na queda de neve e respetiva acumulação noutros locais do país, pelo que, de momento, só se vislumbra neve na serra mais alta de Portugal continental e alguns locais adjacentes. O vento continuará a soprar fraco a moderado de nordeste, surgindo pontualmente forte nas terras altas, com rajadas até 75 km/h no Norte e Centro.
A gota fria vai tornar-se uma depressão fria isolada: eis os seus efeitos na segunda parte da semana
Na quinta-feira (14) a bolsa de ar frio estará localizada ao largo do Cabo de São Vicente e desenvolver-se-á uma baixa à superfície, com frentes associadas. Por esta razão, a partir desse momento, estaremos a referir-nos a uma depressão fria isolada (DFI). Esta depressão permanecerá ao largo da costa ocidental portuguesa, enchendo-se progressivamente até ser absorvida pelo jato polar no domingo, dia 17.
A chuva também será abundante na Região das Beiras e Serra da Estrela (distritos de Castelo Branco e Guarda), Região de Aveiro, Nordeste Transmontano (distrito de Bragança), zonas da Área Metropolitana de Lisboa e litoral alentejano (distritos de Lisboa e Setúbal) e em vastas áreas do interior alentejano (partes dos distritos de Portalegre, Évora e Beja).
Isto não quer dizer que não chova noutros locais ou áreas de Portugal, simplesmente não se prevê, de momento, que a precipitação seja tão abundante ou intensa.
Esta semana a precipitação acumulada poderá superar os 100 mm nalgumas regiões
Espera-se uma montanha-russa térmica nas temperaturas nos próximos dias. Depois do frio de terça (12) e quarta-feira (13), as temperaturas voltarão a recuperar na segunda metade da semana, sobretudo a partir de sexta-feira (15). A movimentação da gota fria e posterior transformação da mesma numa depressão fria isolada arrastará ar tropical de sul, provocando uma subida térmica na nossa geografia.
De acordo com as últimas previsões, preveem-se mais de 100 mm até à meia-noite de domingo, 17 de novembro, em grande parte do Algarve e em boa parte da Região das Beiras e Serra da Estrela. Não se exclui o risco de inundações, cheias e transbordamentos em cursos de água. A incerteza da previsão é elevada, pelo que recomendamos que siga as atualizações das nossas previsões.