Tempo em setembro 2021: “seca as fontes, ou leva açudes e pontes”?
O mês de setembro demarca-se por ser um período de grande irregularidade, dado que pode tornar-se num prolongamento do verão ou apresentar episódios de chuvas fortes. Este ano, o que nos reserva?
O mês de agosto despedir-se-á com céu predominantemente nublado e alguns chuviscos, acompanhado de ligeira subida das temperaturas máximas, sobretudo nas regiões do interior do país. Será prenúncio daquilo que nos espera nas próximas semanas? É difícil alguém arriscar-se com setembro, um mês de transição entre o verão e o outono, que se caracteriza pela sua estupenda irregularidade.
Setembro, mês de transição em que surgem as primeiras chuvas intensas
Climatologicamente, o outono começa a 1 de setembro. Por esta altura a atmosfera começa a revelar-se mais dinâmica, embora nem sempre seja assim. Nalguns distritos, nomeadamente naqueles que pertencem à Região Norte, a precipitação média mensal acumulada pode atingir cerca de 30 mm todos os anos, sendo um período relativamente significativo para o balanço pluviométrico anual. O mesmo não se aplica ao resto do país que normalmente acumula quantidades mensais inferiores a 10 mm. Isto claro, tendo por base a média da normal climatológica 1971-2000. Ainda assim, convém realçar que não é totalmente adequado basearmo-nos nestas médias ao traçar prognósticos para estas semanas.
As chuvas de setembro costumam ser muito irregulares, com trovoadas que podem deixar granizo catastrófico (potencialmente destrutivo para as culturas agrícolas) e até mesmo cheias rápidas que podem concentrar-se na Região Norte e quiçá, na Região Centro. No entanto, dado o carácter irregular, em distâncias muito curtas, pode existir diferenças enormes no que toca às condições meteorológicas. Além disso, são necessárias apenas algumas horas de instabilidade para que os acumulados de precipitação assumam destaque. Não obstante, pode comportar-se como um mês veranil, ou romper abruptamente a “monotonia” estival. Um exemplo ímpar desta realidade imprime-se no famoso provérbio “setembro ou seca as fontes ou leva açudes e pontes”.
Setembro 2021: temperaturas dentro do normal, em geral
Com base nas previsões do nosso modelo de confiança, o ECMWF, ao longo da primeira semana de setembro as altas pressões vão-se situar nas Ilhas Britânicas, predominando os fluxos de oeste e a instabilidade em altitude procedente do Atlântico. As temperaturas serão até 1 ºC mais baixas do que o normal nalguns locais das Regiões Centro e Sul (Beira Litoral - Coimbra, Leiria), Ribatejo (Santarém), Alto Alentejo (Portalegre), Alentejo Central (Évora), Litoral Alentejano (Setúbal e Beja) e Barlavento Algarvio (Faro)). Ao invés, em pontos do Nordeste Transmontano (Bragança) e pontualmente junto à faixa costeira do Norte (Aveiro) e Centro (litoral de Coimbra, Leiria e Lisboa), as temperaturas podem ser entre 0.25 ºC a 3 ºC mais elevadas em relação à média de referência. Nas restantes regiões, não se observam anomalias significativas.
De acordo com o ECMWF, para o resto do mês a corrente de jato ‘lançará’ poucas ondulações, com depressões a circular nas redondezas das Ilhas Britânicas e as altas pressões a imporem-se a partir do sul. As temperaturas serão, em geral, até 1 ºC acima do normal no Baixo Alentejo (Beja) e Sotavento Algarvio (Faro) e, muito pontualmente, nalguns locais do litoral Norte e Centro (nestes últimos, mais provável na segunda semana – de Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria e Lisboa). Nos restantes distritos estão previstos valores normais para a época.
A chuva vai tendencialmente concentrar-se entre Minho e Tejo
No que concerne à precipitação, a primeira semana será mais húmida do que o habitual nas regiões do Norte, Centro e Alto Alentejo, com anomalia positiva de até 10 mm. A outra face da moeda revelar-se-á nas restantes regiões, onde se antecipa um início de setembro consideravelmente mais seco.
No resto do mês, em especial na segunda semana, com uma circulação zonal de fluxos de oeste nas latitudes altas, a chuva será mais significativa em relação à média nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, sobretudo no Minho (Viana do Castelo e Braga). Pelo contrário, em praticamente todas as regiões a sul do referido sistema montanhoso, a precipitação estará dentro ou abaixo da média.