Tempo em Portugal prestes a mudar: ar polar chega dentro de poucas horas, eis os efeitos previstos
Prevê-se uma mudança radical no tempo em Portugal continental em poucas horas. Isto ocorrerá graças à entrada abrupta do ar polar. Além da descida das temperaturas, estão previstos outros efeitos associados ao tempo frio. Saiba quais aqui na previsão.
Mudança no tempo à vista! Prevê-se que o anticiclone dos Açores suba gradualmente em latitude, sendo que na quarta-feira, dia 22, ficará situado a sudoeste das Ilhas Britânicas. O anticiclone alcançará níveis de pressão atmosférica de até 1037 hPa no seu centro, trazendo tempo muito seco e estável a Portugal continental e a algumas regiões de Espanha, França, Reino Unido e Irlanda.
Pelo flanco oriental do anticiclone deslizará uma massa de ar frio polar que será canalizada pelos ventos do quadrante Norte. Esta advecção polar terá mais expressão na metade oriental da Península Ibérica, nomeadamente nas regiões mais próximas ao Mediterrâneo e pertencentes a Espanha, mas os seus efeitos também serão percetíveis por parte da população do ponto de vista meteorológico em Portugal continental.
Semana de tempo seco e estável, com o frio polar a instalar-se a partir de terça
O tempo no Continente durante a semana terá um contraste bem vincado no que diz respeito às temperaturas entre a metade ocidental (regiões do litoral) e a metade oriental (regiões do interior). As regiões do litoral, apesar de também sentirem o “peso” da chegada da massa de ar frio polar e de um certo arrefecimento térmico, não vão registar temperaturas máximas tão baixas como no interior devido à proximidade ao mar e ao efeito termorregulador que o oceano exerce nestas zonas.
Nas regiões do interior, aí sim, o ar polar estará mais presente não só pelo facto de ser proveniente de Norte/Nordeste, como também pelo próprio efeito de continentalidade. Espera-se assim um tempo muito mais frio durante o dia e gélido à noite no interior.
De Norte a Sul de Portugal continental, não só o estado do tempo estará mais frio - embora com grandes contrastes regionais e uma vincada amplitude térmica sobretudo devido ao acentuado arrefecimento noturno - como também se viverá um ambiente estável, seco e geralmente soalheiro, por vezes com alguns nuvens.
Tudo isto possibilitado pelo ar polar e pelas altas pressões que, apesar da sua subida em latitude, continuarão a produzir tempo estável no nosso território. Durante praticamente toda a semana não se vislumbra precipitação significativa no nosso país.
Outros efeitos do ar polar em Portugal continental, além da descida das temperaturas
Como já foi mencionado, o tempo vai arrefecer bruscamente de segunda (20) para terça (21), esperando-se, de terça (21) em diante, dias muito mais frios do que até agora. As temperaturas descerão de forma generalizada em Portugal continental e em várias regiões de maneira acentuada.
Aliás, também a partir de dia 21, se prevê anomalias térmicas negativas em quase toda a extensão do território. Assim, entre terça (21) e domingo (26), as temperaturas máximas oscilarão entre 8 e 18 ºC no interior e entre 13 ºC e 18 ºC no litoral. E no Algarve entre 18 ºC e 21 ºC (Faro).
Também haverá um acentuado arrefecimento noturno nesta próxima semana, o que resultará - grosso modo - em temperaturas mínimas abaixo dos 10 ºC em quase todas as capitais de distrito, a rondar os 5 ºC em sítios como Vila Real e Portalegre e iguais ou pouco acima dos 0 ºC em locais como Bragança e Guarda. Além das temperaturas do ar que já trarão frio por si mesmas, os ventos do quadrante Norte vão agravar a sensação térmica de frio, sobretudo entre segunda (20) e quarta (22).
O vento soprará com intensidade moderada a forte na segunda (20), terça (21) e quarta (22). Mas, quando o fluxo de Norte/Nordeste (por vezes de Leste) abrandar, e o anticiclone voltar a instalar-se, as geadas ganharão progressivamente terreno.
Assim, a partir de quarta (22), espera-se a formação de geadas nalguns pontos da geografia do Continente, sobretudo em planícies e em locais abrigados do interior Norte e Centro. E por último, prevê-se um outro efeito: a inversão térmica. Do que se trata?
O que é o fenómeno da inversão térmica?
Em condições normais, a temperatura diminui com a altitude (cerca de 6,5 ºC para cada 1000 metros) na troposfera, que é a parte mais baixa da atmosfera. No entanto, isto não se cumpre sob certas circunstâncias. Em situações de inversão térmica, a temperatura da parte superior de uma camada é superior à da parte inferior, isto é, as temperaturas (especialmente as noturnas) são muito mais frias nas zonas baixas do que nos topos.
Este fenómeno ocorre geralmente durante as noites de inverno, em situações de grande estabilidade atmosférica. O movimento que o ar frio das camadas superiores faz na sua descida em direção à superfície é conhecido como subsidência. O ar comprime-se, aumenta a pressão, aquece e perde humidade, o que explica a ausência de nebulosidade.
Assim, em noites de céu limpo no inverno, quando o solo perdeu calor através da radiação, as camadas de ar perto do solo arrefecem mais rapidamente do que as camadas superiores. Este ar tão frio é muito denso e deposita-se nos fundos dos vales, fossos ou outros setores orograficamente propensos à formação de depressões de ar frio, tais como dolinas ou poljes, onde predominam rochas calcárias.