Tempo em Portugal para os próximos dias: poeiras e temperaturas quase nos 25 ºC, até quando durará este calor anómalo?
As altas pressões vieram para ficar. O panorama de bloqueio anticiclónico fará com que as temperaturas alcancem valores impressionantes para um mês de janeiro. Tempo seco, estável, com cariz primaveril e temperaturas próximas aos 25 ºC. Até quando poderá durar esta situação?
À semelhança de alguns dos mais recentes anos da história climática e meteorológica em Portugal continental, o cenário repete-se: crista de ar quente e anticiclone de bloqueio de longa duração sobre a Península Ibérica, perspetiva de agravamento de seca, sobretudo nas regiões mais meridionais do Continente (Alentejo e Algarve), anomalias de temperaturas positivas significativas e um calor bastante invulgar para a época do ano.
Esta conjuntura, à qual se junta um episódio de poeiras nos Açores e na Madeira e a ausência de gelo e geadas de regiões como o Nordeste Transmontano e a Beira Alta, alia-se a um padrão meteorológico que é cada vez mais frequente.
Não obstante, as calmarias de janeiro e fevereiro (tempo estável, seco e maioritariamente soalheiro) não são propriamente uma novidade dado que períodos de tempo condicionados por anticiclones de bloqueio são relativamente comuns nos primeiros meses do ano.
O que é sim uma novidade, nos últimos anos, é não só o número de dias em que se produz este tipo de padrão meteorológico, como também as temperaturas anormalmente elevadas que são atingidas. Esta semana, várias zonas de Portugal continental registarão temperaturas máximas superiores a 20 ºC.
Calor primaveril em pleno mês de janeiro
A partir desta terça-feira (23) será bastante percetível a maneira como o tempo se tornará cada vez mais primaveril à medida que os dias forem decorrendo.
Depois da semana passada, fortemente marcada pela passagem de três depressões atlânticas de grande impacto (Hipolito, Irene e Juan), com ocorrência de chuva e vento de intensidade variáveis mas pontualmente fortes e alguma neve nos pontos mais altos da Serra da Estrela, as noites voltarão a ficar frias, mas sem as geadas fortes de alguns dos dias do início do ano, altura em que por um breve período ocorreu a entrada de ar polar.
As temperaturas vão subir de forma generalizada, tanto máximas como mínimas, apesar da manutenção de uma atmosfera relativamente fria ou fresca nos locais afetados pelo nevoeiro, especialmente nos vales e depressões dos distritos de Bragança e Guarda, onde poderá ser persistente.
No Arquipélago da Madeira brotará a partir desta terça-feira (23) um episódio de poeiras saarianas que deverá durar até ao final da semana, com algumas horas e zonas das ilhas madeirenses a registarem concentrações significativas. Para o Arquipélago dos Açores também se prevê a chegada destas poeiras saarianas nas últimas horas de quarta-feira (24), o que se deverá traduzir num céu com aspeto nebuloso e de tonalidade amarelada ou esbranquiçada durante vários dias desta semana.
O carácter persistente do anticiclone sobre Portugal continental e Espanha contribuirá para o aumento dos níveis de poluição atmosférica, especialmente em torno dos grandes centros urbanos, com a qualidade do ar a degradar-se à medida que a semana for passando.
A partir de quarta-feira (24) e até ao fim de semana, o tempo será estável, seco e maioritariamente soalheiro, exceto nas zonas do interior Norte e Centro do país, mais afetadas pelo nevoeiro matinal, com possibilidade de persistir durante o dia. Quanto muito, poderão surgir algumas nuvens de média e alta altitude no céu de Portugal continental. Segundo o nosso modelo de referência (ECMWF), as poeiras quase não afetarão o Continente, chegando em quantidades muito residuais.
A característica mais destacada desta configuração sinóptica será, sem dúvida alguma, a subida das temperaturas, que atingirão valores invulgarmente altos entre quarta (24) e sexta (26), com anomalias térmicas entre 8 e 11 ºC em várias zonas. As temperaturas máximas ultrapassarão o patamar os 20 ºC em várias localidades do país e o termómetro chegará perto dos 25 ºC nalgumas zonas, nomeadamente o Baixo Alentejo e o Sotavento Algarvio.
Até quando irá durar o anticiclone?
As últimas atualizações do modelo que merece a nossa maior confiança (Europeu) apostam no domínio das altas pressões sobre Portugal continental e Madeira pelo menos até quarta-feira (31) da próxima semana. Nos Açores a “história” será outra, com a influência dos ventos temperados e húmidos de Sul e a previsão de ocorrência de precipitação nas suas várias ilhas.
O estado do tempo influenciado pelo anticiclone, com temperaturas invulgarmente elevadas, irá manter-se no que resta de janeiro e, possivelmente, arrastar-se pelo princípio de fevereiro. Não se vislumbra precipitação significativa pelo menos durante os próximos dez dias.