Tempo em Portugal nos próximos dias condicionado por poderoso anticiclone: ocorrerá subida ou descida das temperaturas?
Após uma breve entrada de ar polar, um poderoso e anómalo anticiclone chegará perto de Portugal continental a partir de quinta. Não se exclui a possibilidade de altas pressões recorde na próxima semana. O que está em causa? Que temperaturas podemos esperar?
O arranque desta semana em Portugal continental ficou marcado pelo protagonismo que dois elementos climáticos assumiram: por um lado, as temperaturas acima da média para a época do ano e que se traduziram, essencialmente, em máximas a rondar os 20 ºC em várias zonas centrais (Região Centro) e meridionais (Região Sul) e valores perto desse patamar em vários locais das zonas setentrionais do país (Região Norte).
Isto ocorreu devido à presença de uma massa de ar invulgarmente quente para esta altura do ano que abrangeu a totalidade da geografia do Continente.
Por outro lado, a precipitação. Uma nova frente atlântica atravessou vertiginosamente o país esta terça-feira, 12 de dezembro, descrevendo uma trajetória Noroeste-Sudeste e que teve início na região do Minho, alastrando-se pouco depois para o Douro Litoral. Os distritos de Viana do Castelo e Braga estiveram sob Aviso Amarelo devido à previsão de chuva, por vezes forte e persistente.
A frente cruzou o país, chegando mais debilitada às regiões do interior e às regiões mais para sul. Nas regiões a sul do rio Tejo a quantidade de pluviosidade foi escassa ou praticamente nula.
Semana de sobe e desce das temperaturas… vislumbra-se um novo anticiclone!
Como já foi referido anteriormente noutras previsões da Meteored Portugal, nestes últimos dias o nosso país esteve condicionado pela presença de uma massa de ar invulgarmente quente para esta época do ano, associada a um anticiclone em crista, o que resultou em valores térmicos fora da média para um mês de dezembro.
Mas, nestas horas finais de terça-feira (12) e à medida que o dia de quarta (13) for decorrendo, o ar polar avançará sobre Portugal continental, afastando o ar quente, e normalizando a situação meteorológica, isto é, trazendo temperaturas mais típicas de inverno e do mês do ano em que estamos.
A partir de quinta-feira (14), tudo aponta para a confirmação da existência de um anticiclone muito poderoso, cuja pressão máxima estará localizada no centro da Europa, com pressões superiores a 1040 hPa.
Este centro de altas pressões estará, além do mais, bem sustentado em grande altitude, com a crista a elevar-se sobre Portugal, Espanha, Sudoeste Europeu e bacia ocidental do Mediterrâneo.
Irá o tempo voltar a aquecer para valores térmicos atípicos?
Segundo o nosso modelo de confiança (ECMWF), a futura situação de altas pressões será diferente da atual, pelo menos nos seus primeiros dias. O início desta nova fase seria típica de um inverno na sua etapa precoce, com o gelo e as geadas a formarem-se em vales abrigados e em zonas de montanha, bem como inversões térmicas nos vales quando o vento fica fraco ou não sopra.
As temperaturas diurnas seriam mais normais para esta época do ano, exceto quiçá em pontos do Baixo Alentejo e do Algarve. Isto sem esquecer o acentuado arrefecimento noturno, também ele típico e natural desta altura do ano.
Além disso, os nevoeiros e/ou neblinas estarão presentes, podendo ser localmente densos e/ou persistentes, o que poderá travar ou abrandar a subida das temperaturas nas horas centrais dos dias.
Caso o tempo anticiclónico persista (e as primeiras indicações dos principais modelos de previsão sugerem esse cenário), poderá ocorrer uma deterioração da qualidade do ar na faixa urbana do litoral entre o Minho e Lisboa, em particular em redor das Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa.
Irá o Atlântico testemunhar um anticiclone recorde na próxima semana?
As últimas atualizações dos modelos projetam um fortalecimento das altas pressões ainda mais a norte do Arquipélago dos Açores (mas também sobre o Arquipélago) ao longo da próxima semana. Existem cenários que exibem um anticiclone poderoso, gigante e anómalo, com valores de pressão máxima a rondar os 1055 hPa, algo bastante raro nestas latitudes e sobretudo nesta altura do ano.
Portugal continental, tal como alguns outros países europeus, ficaria sob a sua influência. Todavia, não se vislumbram anomalias térmicas significativas, isto é, nem temperaturas demasiado acima do normal nem demasiado abaixo da média climatológica de referência.
Este tipo de episódios - fortes anticiclones de bloqueio - em muitas ocasiões, podem perfeitamente persistir durante várias semanas. Assim sendo, não está totalmente fora de questão a possibilidade de termos de esperar até 2024 para um episódio de chuva generalizada e abundante.