Tempo em Portugal na próxima semana: Kirk e carrossel de frentes deixarão mais de 200 mm de chuva acumulada nestas zonas

Está prestes a arrancar uma semana muito chuvosa em Portugal, com a chuva acumulada a poder ultrapassar os 200 mm em vários distritos. Na primeira metade da semana haverá dois temporais de chuva, uma deles associado aos remanescentes de Kirk.

Está prestes a começar uma semana meteorologicamente muito adversa em Portugal, tanto nos Açores, como no Continente.

Amanhã, segunda-feira 7 de outubro, duas frentes muito ativas chegarão a Portugal continental. E, entre o meio da tarde de terça (8) e durante praticamente todo o dia de quarta-feira (9), os remanescentes do atual furacão Kirk chegarão ao nosso país produzindo chuva persistente, rajadas de vento muito intensas e uma forte agitação marítima.

É pouco provável que Kirk chegue à Europa na categoria de tempestade tropical: em vez disso, fá-lo-á como uma tempestade típica das latitudes médias, mas particularmente cavada e intensa. A depressão deslocar-se-á rapidamente, com uma pressão de 978 hPa, passando ao largo da costa da Galiza e posteriormente pelo Golfo da Biscaia.

Este será, sem sombra de dúvidas, o principal evento meteorológico da semana. Após a passagem de Kirk, a situação acalmará temporariamente… mas não estabilizará por completo devido a novas ondulações pronunciadas da corrente de jato polar. Uma nova depressão, com um núcleo frio isolado em altitude, poderá surgir a oeste do nosso país no fim de semana de 12 e 13 de outubro.

Semana extremamente chuvosa em várias regiões portuguesas

Prevê-se que esta semana seja muito chuvosa, com anomalias positivas de precipitação em toda a geografia de Portugal continental e arquipélago dos Açores. A exceção será o arquipélago da Madeira.

vento forte
As rajadas de vento serão muito intensas, quase com força de furacão, nas terras montanhosas do Alto Minho, prevendo-se até 110 km/h, um valor assombroso.

O tempo chuvoso será especialmente digno de registo nas regiões a oeste da Barreira de Condensação, em locais adjacentes às serras da Cordilheira Central (Açor, Lousã e Estrela) e no extremo norte do Nordeste Transmontano. Na maior parte destas regiões prevê-se que as anomalias atinjam 60 ou mesmo 90 mm acima da média!

Além disto, apesar da atual incerteza, a reta final desta semana de 7 a 14 de outubro também poderá trazer precipitação abundante a regiões onde é pouco habitual chover tanto: referimo-nos ao Algarve e a algumas zonas do litoral alentejano. Abaixo explicaremos mais detalhadamente porque o Sul de Portugal continental também poderá receber precipitação em quantidades generosas!

Vai voltar a chover esta segunda-feira (7) devido à passagem de uma frente muito fria que percorrerá Portugal continental de lés a lés. É esperada atividade elétrica incorporada na frente devido a um significativo contraste térmico associado à mesma. Amanhã, segunda-feira (7), preveem-se entre 5 e 50 mm de precipitação acumulada.

Na segunda-feira (7) a chuva será particularmente intensa nas regiões a oeste da Barreira de Condensação, em particular no Minho e Douro Litoral, com precipitação acumulada a rondar os 50 mm em 24 horas.

Preveem-se ondas com uns perigosos e impressionantes 17 metros de altura máxima na madrugada e manhã da próxima terça-feira, 8 de outubro, ao largo das ilhas do Corvo e das Flores - Grupo Ocidental dos Açores.

Porém, são dignos de menção os cerca de 20/30 mm que deverão acumular no espaço de um dia em distritos como Coimbra, Castelo Branco, Santarém, Setúbal, Portalegre, Évora e Beja. A precipitação intensificar-se-á e generalizar-se-á até ao final do dia de quarta-feira (9) devido à chegada do ex-furacão Kirk.

Avisos vermelho e laranja ativos nos Açores devido à passagem da tempestade tropical Kirk nos próximos dias a norte do arquipélago. Prevê-se um agravamento do estado do tempo nos Grupos Ocidental e Central entre segunda (7) e terça-feira (8) e estes serão os efeitos:

Chuva, por vezes, forte e potencialmente acompanhada de trovoada. Vento intenso (rajadas até 115 km/h nas ilhas de Corvo e Flores e rajadas até 90 km/h nas ilhas de Faial, Pico, São Jorge, Graciosa e Terceira). Forte agitação marítima (ondas com 10 metros de altura significativa e 17 metros de altura máxima no Grupo Ocidental e ondas com 8 metros de altura significativa e 14 metros de altura máxima no Grupo Central).

Muito atenção ao vento provocado pelo ciclone, a priori já extratropical, com rajadas que serão quase com força de furacão no Alto Minho (110 km/h) e um temporal marítimo muito agreste. No final da semana, um vale depressionário poderá evoluir, tornando-se uma depressão com um núcleo ou bolsa de ar frio isolada em altitude, deixando mais chuva. Porém, a incerteza ainda é elevada na presente data.

Mais de 200 mm no Noroeste de Portugal

As regiões onde se prevê mais chuva nesta semana de 7 a 14 de outubro são aquelas que se situam a oeste da Barreira de Condensação.

Nas zonas mais expostas aos ventos húmidos de Oes-Sudoeste preveem-se acumulações superiores a 150 ou inclusive 200 mm.

Assim, nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e dos setores oeste de Vila Real e Viseu, especialmente em locais mais expostos aos ventos húmidos de Sudoeste e situados em ou perto de serras e montanhas, a precipitação acumulada poderá ultrapassar os 200 mm. Nestes distritos, as localidades mais próximas ao mar receberão mais de 100 ou até mesmo mais de 150 mm.

Como já foi referido, a chuva acumulada ultrapassará os 150 ou 200 mm em boa parte das serras do Norte (naquelas que integram a Barreira de Condensação) e será superior a 100 mm nas do Centro (p.e: Açor, Lousã e Estrela - distritos de Coimbra e Guarda).

Atenção ao risco elevado de inundações, especialmente em zonas historicamente vulneráveis. Poderão ocorrer transbordamentos em cursos de água. Evite conduzir no pico dos episódios de chuva.

Noutras regiões de Portugal continental, como o extremo norte do distrito de Bragança, ou ainda no Sul, no distrito de Faro e em alguns locais do litoral alentejano, inseridos nos distritos de Setúbal e Beja - onde é pouco habitual chover tanto - preveem-se acumulações entre 70 e 100 mm!

Para as regiões mais a sul, esta ‘fartura’ na chuva estaria relacionada com a mencionada depressão isolada a oeste de Portugal continental na reta final da semana, mas que carece de confirmação na sua evolução e trajetória, o que acaba por tornar muito volátil a projeção dos modelos quanto à distribuição pluviométrica.

Semana mais fria do que o normal, mas haverá exceções

Embora não esteja prevista uma grande influência de massas de ar polar, espera-se que a semana seja mais fria do que o normal em grande parte do território de Portugal continental, com anomalias de -1 a -3 ºC em relação à média. Este facto será especialmente notório nas temperaturas máximas, devido à influência da nebulosidade e da precipitação.

Em contrapartida, a semana será mais quente do que o normal nos Açores e Madeira (1 a 3 ºC acima da média), sendo que no litoral Centro, Oeste e Alentejano e no Barlavento Algarvio não se vislumbram anomalias térmicas significativas.

anomalia térmica negativa Portugal
Ao longo da semana de 7 a 14 de outubro grande parte da geografia do Continente registará temperaturas inferiores à média climatológica de referência.

As temperaturas mais elevadas da semana registar-se-ão na Área Metropolitana de Lisboa, Vale do Guadiana e Sotavento Algarvio, sendo que a partir de sexta-feira (11) o litoral Centro será a região com valores de máxima mais altos. Nas regiões referidas preveem-se temperaturas máximas entre 22 e 25 ºC durante grande parte da semana.

As temperaturas mais baixas são esperadas nas regiões a norte do Mondego, destacando-se particularmente a Serra da Estrela como a mais fresca e ainda o interior Norte e Centro, bem como alguns locais do Alto Minho. Nestas regiões preveem-se máximas de 11 a 18 ºC durante grande parte da semana. Até quarta-feira (9), as noites serão amenas devido à influência do ar atlântico.