Tempo em Portugal na próxima semana: ‘comboio’ de depressões trará imensa chuva. Saiba que regiões serão mais afetadas
Após a passagem de uma frente fria muito ativa entre sábado (2) e domingo (3), a próxima semana será caracterizada pela chegada de várias depressões, com a chuva a estender-se de norte a sul da geografia do Continente. Eis a previsão detalhada.
Ao longo deste fim de semana de 2 e 3 de março, a passagem de uma frente fria bastante ativa descarregará chuva na generalidade do território de Portugal continental, acompanhada de vento forte de oes-noroeste, sobretudo no sábado (2). Apesar de estar prevista uma vertiginosa passagem da frente, a precipitação deverá ser abundante nas Regiões Norte e Centro, em particular no Noroeste.
Esta frente, à semelhança das que a precederam, não terá praticamente repercussões na região mais meridional (Algarve), para além de um aumento da nebulosidade e da intensidade do vento. Mas os modelos indicam novidades a médio e longo prazo, pois vislumbra-se uma precipitação mais distribuída pela geografia do Continente. Vejamos com mais pormenor.
Ao longo da próxima semana (4 a 11 de março) o panorama meteorológico irá repetir-se, de um modo geral. Para segunda-feira - 4 de março - estão previstas mais duas frentes, uma quente e outra fria. Vão chegar, por esta ordem, a Portugal continental, produzindo chuva de norte a sul do país, embora com mais intensidade, abundância e frequência nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.
Terça-feira (5) será um dia estável e de transição entre estados do tempo, com nebulosidade que terá tendência a aumentar ao longo dia, não se excluindo a possibilidade de chuviscos fracos e dispersos nas regiões mais setentrionais.
Na quarta-feira (6) o panorama meteorológico manter-se-á semelhante. A chegada de outra frente, muito mais fraca e pouco ativa, poderá deixar períodos de precipitação nalguns pontos do Litoral Norte e Centro em diferentes momentos do dia.
Mudança na circulação geral poderá ter repercussões significativas no tempo a partir de quinta (7). Saiba como
Uma região de altas pressões vai desenvolver-se nos primeiros dias da próxima semana no extremo noroeste da Europa, abrangendo a totalidade da Península Escandinava e depois a área do Atlântico Norte entre o continente e a Islândia.
Esta mudança obrigará o jato polar a deslocar-se um pouco mais para sul entre quarta (6) e quinta-feira (7). Isto fará com que as suas ondas interajam com o jato subtropical e que os sistemas de baixas pressões atinjam latitudes ainda mais baixas do que atualmente.
Será que vai chover no Algarve?
Uma das consequências mais notáveis desta mudança em grande escala é que as depressões poderão atingir Portugal continental de uma maneira mais direta, o que facilitará não só a chegada das frentes associadas oriundas do Atlântico, mas também a sua estrutura interna, induzindo mudanças mais significativas na direção do vento. Isto contribuirá potencialmente para a formação de nuvens e ocorrência e acumulação de precipitação em regiões até agora menos beneficiadas pela água da chuva.
Essas regiões seriam todas as que se situam a sul do Tejo, com destaque para o Algarve que, mergulhado atualmente numa crise hídrica, é claramente a zona do país que mais água necessita. Contudo, é muito importante salientar o facto de que estamos a falar de escalas de tempo médias (3 a 10 dias).
As estruturas mais pequenas, como as baixas secundárias, as ondas ou as linhas de instabilidade, todas elas importantes para determinar a extensão da precipitação, não serão fáceis de prever até poucos dias antes e, no entanto, são estas estruturas as que poderão trazer precipitação, em maior ou menor quantidade, para as regiões que dela mais carecem (Alentejo e, especialmente, o Algarve).
Chuva abundante em regiões que já acumularam muita água nestas últimas semanas
Apesar dos pormenores deste novo cenário meteorológico ainda permanecerem, em grande parte, desconhecidos, a presença de depressões em latitudes mais baixas - como a nossa - e a deslocação de massas de ar para longe da sua latitude de origem poderão desencadear chuva abundante em regiões que já estão bastante húmidas após estas últimas semanas, com destaque, no geral, para a Região Norte e em particular para as zonas a oeste da Barreira de Condensação.
Além disto, poderão ocorrer contrastes térmicos bastante significativos, não se descartando a chegada alternada de massas de ar muito diferentes, tanto de origem polar como de origem tropical. Haverá que continuar a monitorizar esta situação e estar atento à eventualidade de se confirmar o desenvolvimento de alguma depressão particularmente ativa durante a semana vindoura.