Tempo em Portugal esta semana: super depressões trazem chuva, ondas gigantes e vento forte. Eis as regiões mais afetadas
Ao longo desta semana várias depressões muito cavadas vão circular pelo Atlântico, esperando-se que produzam um temporal de chuva, vento, neve e mar bravo em Portugal continental. Saiba que regiões do país serão as mais afetadas.
Os últimos dias têm sido caracterizados pela passagem de sucessivas frentes que foram despejando chuva abundante no Norte e Centro de Portugal continental, tanto no litoral, como nas terras altas e montanhosas, destacando-se claramente o Noroeste (Minho, Douro Litoral, Região de Aveiro e distritos de Vila Real e Viseu), com várias inundações e transbordamentos de rios a terem ocorrido.
A curto prazo não se prevê a imposição da estabilidade meteorológica e, esta semana, o estado do tempo voltará a estar condicionado por várias depressões muito poderosas que irão nascer no Atlântico.
A semana arrancou com um “desfile” de frentes
Esta segunda-feira (30) foi marcada por períodos de chuva, pontualmente intensa no Minho e Douro Litoral. No resto do país houve predomínio de nuvens e abertas, embora pontualmente interrompidas por chuviscos ou aguaceiros.
Para amanhã - terça-feira 31 de outubro - esta circulação de sistemas frontais de fraca atividade que progridem de oeste para leste manter-se-á, produzindo chuva abundante ou aguaceiros pontualmente fortes, nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto - áreas onde aliás já vigora o Aviso Amarelo por precipitação e agitação marítima.
A chuva chegará de maneira muito escassa, irregular e dispersa a outras zonas da Região Norte, podendo alcançar também pontos da faixa costeira ocidental, desde Lisboa ao Algarve.
As temperaturas diurnas e noturnas vão subir na generalidade das regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela (máxima de 20 ºC em Coimbra). Contudo, pelo contrário, a sul deste acidente geográfico deverão baixar, tanto as máximas como as mínimas (mínima de 10 ºC em Évora).
A depressão Ciarán vai provocar um grande temporal marítimo e de vento nas seguintes regiões
Entre terça (31) e quarta-feira (1) irá nascer uma grande e poderosa depressão no jato polar. Trata-se de Ciarán, nomeada pelo Met Office, e, provavelmente, sofrerá um processo de ciclogénese explosiva, aproximando-se rapidamente das Ilhas Britânicas. Não atingirá Portugal continental diretamente, mas será uma área de baixas pressões muito extensa, ao contrário de Aline ou Bernard.
Nas últimas horas de terça (31) e durante a primeira metade do dia de quarta-feira (1), feriado e Dia de Todos os Santos, outra frente avançará para leste, produzindo chuva, sobretudo nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.
Não se descarta a ocorrência de trovoada. No entanto, a frente exibirá uma atividade suficientemente forte para ultrapassar a barreira orográfica, pelo que a precipitação também deverá cair noutras zonas mais a sul, tal como Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, embora com menor quantidade e intensidade.
Seguir-se-á uma curta pausa na instabilidade caracterizada pelo abrandamento da precipitação e pelo surgimento de períodos nublados e abertas. Todavia, possivelmente ao início da noite de quarta-feira (1) outro sistema frontal mais ativo penetrará em Portugal continental pelo Noroeste, deixando chuva localmente forte no Minho, oeste do distrito de Vila Real e parte setentrional e montanhosa do distrito de Bragança.
A partir do final da tarde de quarta-feira (1) e durante todo o dia de quinta-feira (2) o vento soprará forte de Sudoeste com rajadas entre 70 e 80 km/h no litoral, em particular na parte oeste, e na ordem dos 90-100 km/h nas terras altas. O temporal de vento tornar-se-á bastante complicado na quinta-feira (2), quando Ciarán atingir as Ilhas Britânicas com uma pressão mínima de cerca de 954 hPa, algo que é muito raro nesta altura do ano. Em França, no Benelux e no Mar do Norte, os ventos com força de furacão e a chuva forte serão notícia.
Possibilidade de queda de neve e ondas de até 14 metros
A frente continuará a progredir durante boa parte de quinta (2), com chuva a cair em praticamente toda a geografia do Continente, apesar de chegar ao Algarve visivelmente debilitada e portanto com muito menor intensidade e quantidade. Prevê-se que a combinação do ar marítimo polar em altitude com a precipitação gere queda de neve acima dos 1000 metros de altitude. Isto poderá acontecer durante a tarde de quinta (2) nas serras do extremo Norte (PNPG e Nordeste Transmontano) e na Serra da Estrela.
Espera-se um temporal marítimo muito agreste na costa ocidental portuguesa (sobretudo do Cabo Raso para norte) na próxima quinta-feira (2). As ondas de noroeste de 3 a 5 metros passarão a ser de 6 a 8 metros, podendo atingir altura máxima de 14 metros. O mar bravo e o vento forte serão, assim, os impactos mais visíveis da passagem indireta da Depressão Ciarán no nosso país.
No final da semana poderá nascer outra super depressão
Na sexta-feira (3), a precipitação ficará mais limitada às regiões a oeste da Barreira de Condensação e às serras, ainda que possa chegar de forma irregular e intermitente a outras zonas de Portugal continental. Poderá cair neve mas apenas nas primeiras horas da madrugada e somente nas serras do distrito de Bragança. O vento continuará a soprar forte, em particular durante a madrugada, com rajadas de até 80 km/h, especialmente nas áreas montanhosas, mas pontualmente também no Litoral Norte.
Se as previsões do nosso modelo de confiança se concretizarem, ao longo do próximo fim de semana o nosso país estará, de novo, a testemunhar uma situação meteorológica praticamente idêntica. Tudo por causa da possível chegada de uma nova super depressão atlântica que cavaria de forma explosiva a caminho das Ilhas Britânicas. Portugal estaria, assim, novamente debaixo de um poderoso temporal de vento e de forte agitação marítima. Além disto, chegaria uma nova vaga de chuva associada a frentes que se deslocariam de oeste para leste.
A Madeira também estará sob a influência de Ciarán
Tudo indica que a superfície frontal fria do mencionado sistema frontal associado à Depressão Ciarán percorrerá o Arquipélago da Madeira ao longo das últimas horas de quinta (2) e na madrugada de sexta (3). O único efeito mais severo previsto para esta unidade territorial de Portugal insular é o previsível aumento da intensidade do temporal marítimo. As ondas de noroeste com 4 a 5 metros de altura significativa no final do dia de quinta-feira (2) poderão vir a atingir até 6 metros no dia 5.