Tempo em Portugal esta semana: seco e com temperaturas acima da média, mas já se vislumbram mudanças a médio prazo?
Outubro arrancou com calor intenso de norte a sul de Portugal continental e tudo indica que este panorama invulgar irá durar mais alguns dias. No entanto, já se começa a vislumbrar possíveis mudanças a médio prazo. Eis a previsão!
Nas últimas horas (em particular no domingo, 1 de outubro), ocorreu uma sequência de recordes de temperatura (ainda por validar oficialmente), sobretudo no Centro e Sul do território de Portugal continental. Aliás, nenhuma região do país escapou às temperaturas invulgarmente elevadas para estas datas, mais próprias de pleno verão do que da primeira metade do outono climatológico.
Tudo indica que os próximos dias continuarão a ser caracterizados por uma situação meteorológica muito semelhante, com calor fora do normal para a época do ano e com um evidente domínio da estabilidade. Como já explicamos anteriormente aqui na Meteored Portugal, a crista subtropical apresenta-se robusta e estes anticiclones de bloqueio são conhecidos por persistirem vários dias ou várias semanas.
A semana iniciou quente, sem perspetivas de chuva generalizada a curto prazo
O tempo em Portugal continental esta segunda (2) apresentou-se com céu geralmente limpo, ou pouco nublado, exceto no Litoral Norte onde a nebulosidade persistiu até final da manhã. Houve nevoeiro matinal nalguns locais do Norte e do Centro. O vento soprou dos quadrantes Sul e Oeste e a temperatura máxima “escalou! até aos 33 ºC em Évora, com a mínima a situar-se nos 15 ºC em Braga.
Nos Açores, após a instabilidade atmosférica dos últimos dias, verificou-se hoje períodos nublados (sol e nuvens) em quase todas as ilhas, mas este estado do tempo estável prevê-se de curta duração, pois entre os dias 4 e 6 de outubro a chuva, o vento forte e as trovoadas poderão regressar com bastante intensidade ao Arquipélago. Já na Madeira, à semelhança do Continente, boa parte da semana será marcada pelo tempo quente. Aliás, já vigoram avisos amarelo e laranja por previsão de tempo quente e seco, com as temperaturas altas a registarem valores - sobretudo das máximas - bem acima da média.
Para amanhã - terça-feira, 3 de outubro - uma frente roçará o Alto Minho na sua passagem pela Galiza (Espanha), podendo deixar uns meros pingos de chuva no extremo norte do distrito de Viana do Castelo, possivelmente na madrugada ou início da manhã.
Na Região Norte as temperaturas diurnas vão baixar, nalguns casos de forma significativa. No resto do país esperam-se máximas iguais ou superiores às de hoje, mantendo-se o tempo estável, quente e geralmente soalheiro ou com pouca nebulosidade. Do Mondego para sul quase todas as capitais distritais registarão 30 ºC ou mais, exceto Leiria, Lisboa, Setúbal e Faro.
De quarta em diante o calor intenso continuará… exceto numa região do país, porquê?
Na quarta-feira (4) prevê-se céu geralmente pouco nublado durante a manhã, com possibilidade de céu limpo ao longo da tarde. As temperaturas máximas deverão voltar a baixar nalguns pontos da Região Norte, mantendo-se iguais às do dia anterior noutros pontos da área mais setentrional do país. No Porto e em Viana do Castelo as máximas estarão inferiores a 25 ºC. Para o resto do país não são esperadas grandes oscilações térmicas, pelo que os valores de máxima serão muito semelhantes aos do dia anterior, com várias capitais de distrito a atingirem ou superarem, novamente, os 30 ºC.
Para quinta-feira - 5 de outubro e feriado da Implantação da República - só serão avistadas algumas nuvens no Litoral Norte e Centro, desde Caminha até Sesimbra.
A nebulosidade será mais densa durante a manhã, com maior ênfase nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto, algo que pode ser explicado não só pela proximidade ao mar e pela latitude, como também e sobretudo pelo efeito orográfico desempenhado pela Barreira de Condensação que retém mais nuvens a oeste, precisamente nos distritos supracitados.
Já nas restantes regiões do país espera-se céu limpo ou pouco nublado. O tempo estável e quente irá manter-se no feriado (5), com previsão de manutenção das temperaturas máximas para esse dia. Entre terça (3) e quinta (5) o vento soprará de uma forma geral do quadrante Norte ou Oeste e por vezes de Noroeste.
Atenção também à amplitude térmica diária, que será mais notória. Apesar do calor intenso durante o dia, as noites já estão mais frescas em relação ao verão, algo que será acentuado pelo facto de, a cada dia que passa termos cada vez menos minutos de luz solar, o que provocará um contraste térmico ainda mais pronunciado entre o período diurno e noturno.
Reta final da semana sem grandes novidades
De acordo com o modelo da nossa maior confiança (ECMWF), a reta final da semana não deverá registar grandes alterações. No entanto, é cada vez mais consistente o cenário que aponta para uma subida generalizada das temperaturas no período entre sexta (6) e domingo (8), o que prolongaria a tendência do tempo invulgarmente quente e seco.
Aliás, desta feita, o litoral Norte também registaria temperaturas elevadas, à semelhança do resto do país. Tendo isto em conta, não parece haver dúvidas de que a primeira semana de outubro decorrerá com um estado do tempo digno da época estival.
O tempo poderá alterar-se entre terça e quarta da próxima semana, o que se vislumbra?
Recorde-se que outubro é o terceiro mês mais chuvoso do ano à escala do Continente e, atualmente, há várias regiões do país afetadas por uma seca grave, nalguns casos bastante prolongada e que se está a agravar nesta altura. Nos últimos dias os mapas têm vindo a sugerir que a médio/longo prazo possam ocorrer alterações no panorama sinóptico, tal como referimos nalgumas das previsões mais recentes.
Estas alterações poderão surgir em meados da próxima semana. A incerteza é consideravelmente elevada à data de hoje, o que é normal tendo em conta o prazo temporal e a estação do ano em que estamos, mas o jato polar poderá vir a apresentar ondulações mais marcantes nas imediações de Portugal continental. Além disto, bloqueios anticiclónicos poderiam ocorrer nas latitudes mais altas, significando isto via aberta para a chegada da instabilidade atmosférica.