Tempo em Portugal esta semana: persistem os aguaceiros e o risco de granizo e trovoada. Qual será o dia mais adverso?
Nos próximos dias o estado de tempo variável e ocasionalmente instável irá manter-se em Portugal continental. Os aguaceiros persistirão, bem como o risco de trovoadas e granizo nalgumas zonas do país. E as temperaturas? Saiba todos os pormenores na previsão.
O estado do tempo em Portugal continental vai manter-se variável e razoavelmente instável nos próximos dias. Aliás, segundo é possível observar no modelo de referência da Meteored, o ar frio em altitude vai continuar a influenciar a situação meteorológica durante uma boa parte da semana, pelo que em várias regiões se preveem aguaceiros, sobretudo durante a tarde.
Porém, os mapas sugerem uma tendência para a estabilização gradual do tempo e para uma subida das temperaturas que se fará sentir especialmente a partir de quinta-feira, 23 de maio.
Preveem-se aguaceiros, por vezes fortes e acompanhados de trovoada nos próximos dias
Hoje (20), amanhã (21) e quarta-feira (22) o panorama meteorológico será bastante parecido. Preveem-se vários períodos de céu muito nublado, sobretudo nas Regiões Norte e Centro, mas por vezes haverá espaço a boas abertas. Esta segunda-feira (20) a precipitação irregular (sob a forma de aguaceiros) deverá ocorrer durante a tarde, sendo por vezes forte e mais provável e frequente no interior Norte e Centro. Noutras zonas serão mais dispersos.
Prevê-se que terça-feira (21) seja o dia mais adverso, não só na abrangência em termos geográficos (alcançará mais zonas e regiões de Portugal continental) como também na intensidade estimada e na possível variedade de fenómenos meteorológicos. Nas horas centrais do dia as nuvens crescerão em tamanho e intensidade, podendo despejar aguaceiros (não se exclui que em algum momento a precipitação seja de granizo), por vezes intensos e acompanhados de trovoada.
Amanhã - terça-feira, 21 de maio - a precipitação começará pelas regiões do litoral (Norte, Centro e Oeste podendo chegar à A.M. de Lisboa), espalhando-se nas horas seguintes numa trajetória oeste-este para as regiões do interior.
Há zonas do Norte, Centro e Alentejo em que os aguaceiros serão mais dispersos e isolados. Quanto mais a leste e a sul, menor será a quantidade e frequência da precipitação. Neste contexto é também importante perceber o efeito orográfico dos conjuntos de montanhas (Barreira de Condensação e o sistema montanhoso Montejunto-Estrela).
O vento soprará normalmente fraco, de Este ou Norte. Alguns pontos da ilha poderão registar períodos de chuva fraca, mas a tendência será de tempo geralmente estável e de céu ocasionalmente nublado, mas com bons períodos de sol.
Deste modo, até ao final do dia de quarta-feira (22), as zonas a oeste da Barreira de Condensação e a Cordilheira Central são aquelas para as quais se preveem acumulações mais significativas (6-12 mm) uma vez que as montanhas retêm nebulosidade e precipitação.
Com o passar das horas a precipitação terá tendência a diminuir em frequência, intensidade e em áreas geográficas abrangidas. Por isso é que na quarta-feira, 22 de maio, os aguaceiros geralmente fracos ficarão remetidos, essencialmente, a norte da Serra da Estrela.
Segunda parte da semana com tempo estável e soalheiro, mas com aumento da incerteza na previsão
Entre quinta-feira (23) e domingo (26) prevê-se uma gradual estabilização das condições meteorológicas sendo que, de momento, não se vislumbra precipitação. Em princípio o tempo dominante será caracterizado pela estabilidade e por bons períodos de sol, intercalados com nebulosidade dispersa ou períodos de céu encoberto ou nublado, graças ao papel exercido pelas altas pressões situadas a oes-noroeste de Portugal continental.
Porém, é importante relembrar que, fruto dos elevados valores de radiação solar que já existem nesta altura do ano, podem surgir as condições ideais para a ocorrência de precipitação convectiva.
Durante as horas mais quentes do dia os solos das superfícies mais expostas à radiação solar sobreaquecem e o ar quente tende a ascender rápida e bruscamente. Ao fazê-lo, arrefece e diminui o ponto de saturação. A humidade relativa aumenta e ocorre a condensação, ou seja o vapor de água passa ao estado líquido e formam-se nuvens de desenvolvimento vertical. No interior das nuvens o tamanho das gotículas de água vai aumentando por coalescência.
Tanto assim é que acabam por ultrapassar a resistência do ar e precipitam-se em direção à superfície terrestre. Os aguaceiros ocorrem de maneira localizada (irregulares), são normalmente de curta duração e por vezes fortes e acompanhados de trovoadas. Ocasionalmente expressam-se sob a forma de granizo.
Deste modo, apesar da possibilidade de precipitação convectiva parecer remota na segunda metade da semana pois não é contemplada pelos modelos numéricos de previsão, não se exclui totalmente a hipótese de novos períodos de instabilidade - aguaceiros e trovoadas - no período que se estende entre quinta-feira (23) e domingo, 26 de maio.
A semana terminará com temperaturas a rondar os 32 ºC em zonas do Sul
O calor vai assumir um protagonismo cada vez maior à medida que a semana for decorrendo, especialmente a partir de quinta-feira (23). Uma massa de ar quente associada a uma crista estender-se-á sobre o Centro e Sul da nossa geografia, com temperaturas diurnas que poderão alcançar 32 ºC nalgumas zonas do Baixo Alentejo e do Sotavento Algarvio durante o fim de semana. Noutras zonas a sul do Mondego preveem-se máximas entre 27 e 30 ºC.
Haverá que monitorizar a persistência desta crista anticiclónica, mas para já tudo indica que as bolsas de ar frio e as baixas pressões poderão continuar a rondar algumas regiões do país. As temperaturas estão muito mais contidas em comparação com a situação que tínhamos nesta altura em 2023. Relembremos que maio do ano passado foi o 8º mais quente desde 1931 em Portugal continental, tendo sido classificado como muito quente e muito seco.
Estamos “às portas” do verão climatológico e a região do país onde a situação de seca se afigura mais preocupante é o Sul. No final de abril, algumas zonas do Vale do Guadiana e do Sotavento Algarvio voltaram a entrar em seca fraca, sendo que a curto e médio prazo não é expectável precipitação nestas zonas. Há que esperar por uma possível mudança no padrão meteorológico.