Tempo em Portugal esta semana: o calor intenso, de quase 40 ºC, ganhará terreno e haverá risco de trovoadas nestas zonas

As temperaturas vão escalar quase até aos 40 ºC nalgumas regiões de Portugal continental, preveem-se trovoadas isoladas nalgumas zonas e o possível estabelecimento de um padrão de bloqueio em ómega. Que significa isto? Saiba todos os pormenores na previsão.

Apesar da influência do anticiclone dos Açores na estabilidade que se tem vindo a registar de um modo geral em Portugal continental nestes últimos dias, alguns vales depressionários e frentes têm conseguido ‘perfurar’ o escudo das altas pressões e “despejar” precipitação em zonas do Noroeste do país: exemplo disto foi a chuva fraca que caiu no último sábado (25) na região do Minho, tal como previsto pela Meteored vários dias antes.

A segunda metade da semana poderá trazer novidades, não só devido ao calor intenso mas também por causa da possível formação de um padrão de bloqueio em ómega sobre o Atlântico. Entenda o que está em causa e saiba com o que contar do tempo em Portugal para os próximos dias.

Ora, apesar do tempo estável, quente e maioritariamente soalheiro (que também irá predominar nos próximos dias), o que é certo é que os mapas do nosso modelo de referência sugerem que a situação meteorológica a curto e médio prazo não será aquela muito monótona, típica dos meses de verão, fruto da configuração do centro de altas pressões, que se apresenta demasiado móvel e muito alongado, a fazer lembrar uma crista.

anomalia térmica positiva Portugal
A anomalia de temperatura poderá ser de até 17 ºC nalguns locais de Portugal continental, isto é, a temperatura poderá atingir valores até 17 ºC acima da média.

O calor vai intensificar-se e o bloqueio em ómega na segunda metade da semana pode trazer novidades

Entre hoje - segunda, 27 de maio - e quinta-feira, dia 30, o estado do tempo em Portugal continental apresentará quase sempre as mesmas características: céu pouco nublado ou limpo, com neblinas ou nevoeiros matinais nalguns locais do litoral Norte e Centro, estabilidade associada à proximidade das altas pressões e ventos do quadrante Norte (Norte ou Noroeste).

Porém, nem mesmo o facto dos ventos dominantes soprarem de Norte impedirá a escalada gradual (e diária!) das temperaturas ao longo desta semana, provocada por uma massa de ar quente procedente do Norte de África e sustentada pela subida em latitude das altas pressões.

trovoada
Para a próxima quinta-feira (30) os mapas do nosso modelo de referência detetam a possibilidade de trovoadas isoladas nalgumas zonas do nosso país.

Este será praticamente o único elemento do clima a registar variações mais significativas nestes próximos dias, pelo que o mês de maio terminará com calor intenso (superior a 35 ºC em várias zonas da geografia do Continente), embora com grandes contrastes térmicos à escala regional. O outro aspeto meteorológico mais chamativo prende-se com a probabilidade de ocorrência de trovoadas nalgumas zonas do território esta semana.

De acordo com o mapa de densidade de raios da Meteored, prevê-se para a próxima quinta-feira (30) a possibilidade de trovoadas isoladas no interior Norte (localidades dos distritos de Vila Real e Bragança) - possivelmente mais concentradas no Nordeste Transmontano - mas também em zonas do interior Centro, nomeadamente na Beira Baixa. Nesta altura do ano o calor já é suficiente para estimular a ocorrência de precipitação do tipo convectivo.

A segunda metade poderá trazer algumas novidades

Um bloqueio em ómega sobre o Atlântico vai começar a formar-se a partir de quinta-feira (30) sobre o Atlântico e isto favorecerá, nos dias seguintes, a chegada de uma bolsa de ar frio da Europa até à Península Ibérica.

bloqueio em ómega
Os bloqueios em ómega são assim chamados devido à sua semelhança com a letra grega Ω. Esta semana teremos um bom exemplo disso, através do qual será favorecida a chegada de ar frio a grande altitude vindo da Europa.

Em Portugal continental pouco ou nenhum efeito terá no curto prazo, mas esta constante variabilidade nos padrões apresentados pela corrente de jato sinaliza possíveis mudanças a médio prazo, especialmente agora que estamos na fase de transição primavera-verão.

Maio vai despedir-se com quase 40 ºC nalgumas zonas e possivelmente com as primeiras noites tropicais do ano

Os últimos dias de maio serão muito quentes nas Regiões Centro e Sul, grosso modo a sul do Mondego (não tanto em zonas do litoral como Leiria, apesar da subida térmica também se verificar aqui). Isto contrasta com a Região Norte, onde a subida das temperaturas máximas será bem mais contida.

A norte do Douro as capitais de distrito mais quentes da última semana de maio e provavelmente as únicas a atingir os 30 ºC serão Braga e Vila Real. O vento quente e seco de Leste impor-se-á na sexta-feira (31) em grande parte do país, reforçando o calor, a secura e a estabilidade, com as temperaturas a subirem ainda mais nesse dia.

Nem a nortada será capaz de conter a escalada das temperaturas nas regiões do litoral e em alguns locais das regiões da Beira Baixa, do Alentejo e do Algarve poderão ser registadas as primeiras noites tropicais do ano (aquelas em que as temperaturas noturnas não descem abaixo dos 20 ºC).

Até sexta-feira (31), as temperaturas máximas vão ultrapassar os 30 ºC em vastas zonas do Centro e Sul, sendo atingidos os 35 ºC em cidades como Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja. Em várias localidades do Ribatejo, Baixo Alentejo e Sotavento Algarvio poderão ser registados valores de máxima entre 36 e 38 ºC, sendo que no Vale do Guadiana os 40 ºC poderão mesmo quase ser alcançados: 39 ºC previstos para a vila de Mértola!

Além da intensificação do calor diurno (quase 40 ºC previstos para alguns locais!), poderão ser registadas as primeiras noites tropicais do ano em Portugal continental, quiçá ainda nos últimos 'suspiros' do mês de maio.

Não se vislumbra que esta situação de calor intenso e tempo quente seja muito persistente, dado que o jato polar continuará a apresentar ondulações e a permitir diferentes padrões (o bloqueio em ómega é um destes exemplos). Então, a probabilidade de mais bolsas de ar frio ou depressões isoladas se aproximarem da nossa latitude e rondarem Portugal continental aumenta, o que resultaria em temperaturas mais baixas e num aumento da instabilidade meteorológica.