Tempo em Portugal esta semana: IPMA avisa para tempo quente no Algarve, irá a tempestade Don afetar os Açores?

Enquanto uma grande parte da Europa se deparará com o calor tórrido em plena canícula, Portugal continental continuará “isolado” dos restantes países mediterrânicos em relação às temperaturas elevadas. Quanto a Don, irá esta tempestade afetar os Açores? Eis a previsão!

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Mantém-se o calor normal de verão em Portugal continental, sem previsão de valores excessivos. Quanto aos Açores, irá a tempestade subtropical Don condicionar o estado do tempo neste Arquipélago?

A canícula continua sem dar “sinais de vida” em Portugal continental. Recorde-se que, estatisticamente, este é o período mais quente e seco do ano no nosso país, desde 15 de julho a 15 de agosto, sendo por isso normal que esteja muito calor nesta altura do ano.

Apesar disso, naquele que está a ser um julho fora do comum termicamente falando (temperaturas no geral ligeiramente abaixo das habituais na nossa geografia), continua sem se ver calor extremo à vista para o nosso país nas previsões de curto e médio prazo.

Isto são excelentes notícias, não só pelo menor risco associado aos incêndios florestais, como também pela perigosa ligação entre o calor excessivo e a saúde humana, em particular dos grupos populacionais mais vulneráveis.

Calor tórrido a afetar boa parte da Europa, mas “ausente” de Portugal, porquê?

Uma nova massa de ar muito quente situada sobre o Mar Mediterrâneo provocará uma subida acentuada das temperaturas, ao estar associada ao fenómeno “domo” de calor. O calor será tórrido não só ao longo do período diurno - com previsão de temperatura máxima até 45 ºC, podendo até ultrapassar este valor -, mas também durante a noite. Vários países da Europa Ocidental e Meridional, em particular Espanha, França, Itália e Grécia, viverão as chamadas noites tropicais, quando a temperatura mínima atinge ou ultrapassa o patamar dos 20 ºC.

As populações destes países estarão bastante vulneráveis às temperaturas elevadas que serão um risco acrescido para a saúde das pessoas, em particular para a dos idosos, crianças e pessoas com comorbilidades. Além dos elementos climáticos acima referidos, a grande duração do dia, a forte radiação solar e o vento fraco ou praticamente inexistente contribuirão para o provável registo de temperaturas extremas e nalguns casos bastante invulgares, nalgumas regiões destes países europeus.

Apesar de Portugal continental se situar geograficamente muito perto das áreas que a massa de ar muito quente e o “domo” de calor irão afetar, o nosso país ficará quase praticamente “à margem” deste episódio de altas temperaturas. O nosso país, por estar exposto ao Atlântico, ficará à mercê de massas de ar mais temperadas e/ou frescas ao longo desta terceira semana de julho, contrastando bastante com aqueles países que estarão envolvidos pelo ar muito quente situado sobre o Mediterrâneo.

Além disso, o anticiclone dos Açores estará a atuar como um “escudo”, impedindo a chegada do ar muito quente ao nosso país, que ficará mais concentrado por Espanha). Ainda assim, algumas zonas da Beira Baixa, do Alentejo e do Algarve ficarão à mercê do calor. Aliás, o Aviso Amarelo para tempo quente já está oficialmente em vigor para o distrito de Faro devido ao risco moderado de persistência de valores elevados de temperatura máxima. Durará, pelo menos, até às 21:00 de quarta, 19 de julho.

Eis o mapa da temperatura a 2 metros para quarta-feira, 19 de julho, ao meio-dia. O calor será mais intenso no Baixo Alentejo e Algarve, prevendo-se máxima a rondar os 36/38 ºC.

Para os próximos dias, entre esta segunda (17) e quinta (20) prevê-se, em Portugal continental, tempo estável, caracterizado por céu limpo ou pouco nublado, vento fraco a moderado de Noroeste e a soprar pontualmente forte durante a tarde no litoral Centro e Oeste, Barlavento Algarvio e terras altas, com rajadas até 50 km/h.

Formar-se-ão alguns nevoeiros matinais junto à costa norte e centro, com a nebulosidade a poder persistir até final da manhã, sobretudo no litoral a norte do Cabo da Roca. Espera-se calor de verão durante o dia em Portugal continental, sobretudo no interior, mas sem ser excessivo - a chamada normalização térmica. De terça (18) a sexta (21), os dias serão, no geral, mais frescos do que esta segunda (17).

No Porto a temperatura máxima deverá oscilar entre 22 ºC e 25 ºC, em Lisboa entre 25 ºC e 27 ºC e em Coimbra entre 26 ºC e 29 ºC. No interior prevê-se que os termómetros ultrapassem, no geral, os 30 ºC, podendo atingir 35 ºC, ou pontualmente mais. Não há previsão de noites tropicais para o nosso país esta semana, exceto no Sotavento Algarvio (e pouco mais), região onde algumas das localidades poderão registar mínimas entre os 20 ºC e os 22 ºC. Ainda no Algarve, a temperatura máxima oscilará, ao longo desta semana, entre 20 ºC no Barlavento e 39 ºC no Sotavento.

Este mês de julho está a revelar-se relativamente mais fresco do que o normal. Além das temperaturas, há possibilidade de chuviscos para a próxima sexta-feira (21) à tarde no interior Norte (terras altas minhotas e possivelmente uma parte do distrito de Vila Real), embora a incerteza ainda seja substancial quanto a este cenário meteorológico.

Irá a tempestade subtropical Don condicionar o estado do tempo nos Açores?

Não, para já não se prevê que atinja diretamente a Região Autónoma dos Açores. Contudo, várias bandas de precipitação associadas à tempestade subtropical Don, isso sim, poderão chegar até ao Arquipélago. De momento, de acordo com o nosso modelo de confiança (ECMWF), prevê-se chuva fraca a moderada, pontualmente forte, e vento fraco a moderado do quadrante Sul nestas ilhas açorianas. Ainda assim, não estão previstas acumulações e intensidades extraordinárias no que toca a estes elementos climáticos. De realçar também a possibilidade de trovoada.

A fase mais adversa deste episódio meteorológico poderá ocorrer na quinta (20) e na sexta (21). As ilhas que ficarão mais expostas aos “vestígios” da tempestade Don serão Corvo e Flores (Grupo Ocidental). Embora a quantidade pluviométrica prevista não seja particularmente abundante, o risco de inundações localizadas nas ilhas mais ocidentais do Arquipélago não está totalmente descartado.