Tempo em Portugal esta semana: Depressão Irene chega em breve e descarregará mais de 150 mm nalgumas regiões

Nos últimos dias - desde sábado (13) - as temperaturas subiram de forma geral e acentuada em Portugal continental graças à chegada de uma massa de ar muito amena e subtropical, invulgar para a época do ano e que foi impulsionada até à nossa geografia pela Depressão Hipolito. Este panorama também contribuiu para a chegada de poeiras saarianas a várias zonas do Continente (especialmente Centro e Sul) e à passagem, de raspão, destas partículas no Arquipélago da Madeira.

Tal como já tínhamos explicado há alguns dias aqui na Meteored Portugal, após Hipolito, esperava-se a formação de novas tempestades no Atlântico para esta semana de 15 a 19 de janeiro, com a Depressão Irene a ter sido entretanto nomeada pelo Serviço Meteorológico Francês (Météo-France).

Irene é uma nova depressão atlântica que irá cavar rapidamente ao longo das próximas horas e que, ao longo desta semana, sobretudo entre terça (16) e quinta (18), canalizará vários fluxos de ar subtropical muito amenos e húmidos, também conhecidos como rios atmosféricos, até ao nosso país, reforçando a precipitação - como se de um “combustível” se tratasse - nas zonas expostas às correntes de sudoeste.

Após Hipolito, chegará a Depressão Irene

Esta segunda-feira (15) o céu esteve muito nublado, coberto de humidade e nevoeiro em grande parte do território de Portugal continental (Norte, Centro e algumas zonas do Alentejo). Apenas o Baixo Alentejo e o Algarve conseguiram escapar - grosso modo - à chuva pontualmente forte e persistente, tendo ocorrido, quanto muito, aguaceiros dispersos nas referidas regiões.

Hoje as acumulações mais generosas de água da chuva terão ocorrido no Norte e em algumas zonas do Centro e Alto Alentejo. No Algarve foram registadas temperaturas máximas de 20 ºC.

Amanhã - terça-feira, 16 - Hipolito perderá força para a Depressão Irene. O dia começará com céu nublado e aguaceiros no Norte e no Centro, mas, com o decorrer das horas chegará uma frente muito robusta que despejará bastante chuva de norte a sul de Portugal continental - incluindo Alentejo e o Algarve - as áreas que, cronicamente, são mais severamente afetadas pela seca extrema de carácter meteorológico.

A chuva prevê-se localmente forte e persistente em praticamente todo o país, sobretudo no período vespertino (últimas horas da tarde e noite), podendo também ser localmente acompanhada de trovoada nalgumas zonas do país dado que a atmosfera reunirá as condições favoráveis à formação de células convectivas. As temperaturas manter-se-ão bastante amenas. O vento procedente de Sul/Sudoeste aumentará de intensidade, esperando-se rajadas de até 75 km/h no litoral e de até 95 km/h nas terras altas.

Na quarta-feira Irene atravessará o Golfo da Biscaia

Na quarta-feira (17), a Depressão Irene atravessará o Golfo da Biscaia, produzindo vento forte em grande parte da Península Ibérica à medida que for rodopiando para leste. A chuva atingirá sobretudo a vertente atlântica e ocidental da Península Ibérica - Galiza e Portugal continental - mas várias zonas do interior também estarão expostas à intempérie. As temperaturas continuarão muito amenas.

A Região Sul, felizmente, também será regada com alguma ‘fartura’, o que constituirá excelentes notícias para esta parte do país, ainda que, naturalmente, a precipitação destes dias não resolva qualquer problema de seca. Seria preciso que chovesse durante várias semanas seguidas nesta parte de Portugal para o problema da escassez de água começar a ser revertido.

Na quinta-feira (18), a Depressão Irene perderá força ao penetrar em França. A precipitação associada a esta depressão, geralmente sob a forma de aguaceiros ou chuva fraca, ficará somente restringida à Região Norte, até ao final da manhã. As temperaturas mínimas descerão de forma significativa de norte a sul de Portugal continental.

Um novo sistema de baixas pressões poderá atravessar Portugal continental entre quinta e sexta-feira

Entre quinta (18) e sexta-feira (19), existe a possibilidade de que uma nova depressão atravesse o nosso país, podendo formar-se um centro de baixas pressões à superfície, e que cavará ligeiramente ao chegar a território do Continente. A chuva poderá ser menos intensa e frequente do que a de terça e quarta-feira associada à Depressão Irene, prevendo-se, de acordo com as últimas atualizações da sua trajetória, que afete e avance mais pelas Regiões do Centro e Sul de Portugal continental.

Não obstante, a incerteza em relação a esta situação meteorológica ainda é elevada pelo que recomendamos que nos consulte novamente nos próximos dias.

Segundo o nosso modelo de referência (ECMWF), ao longo do fim de semana, as altas pressões deslocar-se-ão desde sudoeste, pelo que o tempo terá tendência para manter-se estável em grande parte do território do nosso país.

São esperados apenas alguns aguaceiros em pontos do Alentejo e Algarve e no Noroeste por causa da chegada de uma frente. Depois disso, os mapas apontam para a permanência da crista anticiclónica durante alguns dias, apesar de existirem vários outros cenários em aberto.

Efeitos nos Açores e na Madeira e Aviso para forte Agitação Marítima

Para o Arquipélago dos Açores prevê-se um aumento da força do vento que registará rajadas perto dos 100 km/h; e chuva pontualmente forte na terça (16), à semelhança do que já ocorreu hoje. Os Avisos Meteorológicos para esta unidade territorial nacional podem ser consultados aqui.

Quanto ao Arquipélago da Madeira são esperados períodos de chuva ou aguaceiros, ocasionalmente fortes, sobretudo na Região Sul e nas Regiões Montanhosas da Ilha da Madeira na terça-feira, 16 de janeiro. O vento aumentará de intensidade no referido dia, soprando forte de Sudoeste, com rajadas a rondar os 100 km/h. Nas terras altas da principal ilha deste Arquipélago preveem-se rajadas com força de furacão (120 km/h).

No que diz respeito à agitação marítima, tanto o Continente, como a Madeira deverão registar uma forte ondulação. Primeiro na Madeira, ao longo dos dias de terça (16) e quarta-feira (17), quando se preveem ondas de oeste que poderão atingir até 5 metros de altura significativa, podendo superar temporariamente este valor na costa (5,5 metros de altura) na costa meridional da Ilha da Madeira durante o dia 16 de janeiro.

Quanto a Portugal continental prevê-se um aumento da agitação marítima na quarta (17) e na quinta-feira (18). As ondas de sudoeste poderão atingir 5 metros de altura significativa em toda a costa, podendo temporariamente ultrapassar este valor (5,5 metros) entre o Cabo Carvoeiro e Sines na manhã do dia 17 de janeiro.