Tempo em Portugal esta semana: Depressão Babet e outro fenómeno de grande impacto trazem chuva abundante e vento forte

A tão ansiada mudança do tempo concretizou-se na passada sexta-feira (13) com a chegada de uma frente fria que provocou inundações em vários locais e áreas da Região Norte de Portugal continental. Sábado (14) amanheceu com alguns aguaceiros, mas no geral, foi estável e maioritariamente soalheiro. Domingo (15) foi um dia marcado pela precipitação, embora não tão abundante e persistente como inicialmente previsto.

Quanto às temperaturas, apesar de uma evidente descida térmica, não nos podemos necessariamente referir a um ambiente frio ou fresco, dado que - tal como já esclarecemos aqui na Meteored Portugal - ao longo destes próximos dias as depressões atlânticas irão canalizar massas de ar temperadas e húmidas até ao nosso país. A partir de quinta-feira (19), aí sim, ocorrerá uma descida mais significativa das temperaturas que produzirá um tempo mais outonal.

Esta segunda (16) não se prevê precipitação generalizada, somente nalgumas regiões. A chuva despejada pela frente será suave e dispersa, mais concentrada na Região Norte - e em particular a oeste da Barreira de Condensação (Minho e Douro Litoral) - ainda que possa chegar até ao extremo norte do Nordeste Transmontano. Também alcançará pontos do Litoral Centro e as áreas montanhosas da Beira Litoral e da Região de Coimbra. O vento soprará forte do quadrante Sul a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.

Hoje - 16 de outubro - as temperaturas máximas oscilarão entre 17 ºC (Guarda) e 26 ºC (Beja) nas principais cidades de Portugal continental e as temperaturas mínimas nalguns casos rondarão uns impressionantes 19 ºC, um valor de noite quase tropical em pleno outubro. Apesar da descida térmica, a anomalia de temperatura continuará bastante pronunciada no território do Continente, o que evidencia uma continuidade das temperaturas acima da média.

Na terça-feira chega uma depressão muito peculiar: eis Babet

Amanhã (17) estará “tudo de olhos postos” na depressão cavada que chegará a Portugal continental, desde o Atlântico. A depressão Babet, recém-nomeada pelo Met Office, nasceu perto da Flórida (EUA) e apresentará um núcleo quente, fator que contribuiu para a sua rápida intensificação. Para terça-feira, dia 17, o IPMA já ativou avisos laranja e amarelo por chuva e agitação marítima e amarelos devido ao vento. As temperaturas manter-se-ão amenas.

O núcleo da depressão (986 hPa) afetará diretamente a Galiza ao rodopiar de sudoeste para nordeste, evitando uma passagem direta por Portugal continental. Contudo, na sua trajetória bastante vertiginosa e intensa, “libertará” uma frente muito robusta que despejará chuva abundante de norte a sul da nossa geografia, com as acumulações pluviométricas a serem substancialmente mais significativas no Norte e no Centro do país.

A chuva será localmente forte e persistente em partes dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Vila Real, Viseu, Guarda, Castelo Branco e Leiria, destacando-se as áreas montanhosas. Também será pontualmente intensa noutras áreas do Centro como a Região de Coimbra e Lisboa e Vale do Tejo e até em pontos elevados do Alto Alentejo (Portalegre).

No Minho e Douro Litoral as rajadas de vento irão facilmente ultrapassar os 70/80 km/h, podendo, nas terras altas do interior Norte e Centro (Beira Alta, por exemplo) atingir ou superar os 100 km/h. Noutros pontos do Centro do país também se prevê 70 km/h de rajada máxima, sendo que a ventania será menos intensa do Tejo para Sul (60 km/h ou menos).

Atenção também à forte agitação marítima. Na costa oeste de Portugal continental prevê-se ondas de oes-sudoeste com 5 a 5,5 metros de altura, não se excluindo a possibilidade de que atinjam 10 metros de altura máxima.

Quarta-feira: parte do dia será menos instável, à espera da chegada de outra depressão

Para quarta (18) restará nebulosidade abundante e períodos de chuva em boa parte do Norte e Centro na primeira parte do dia, sendo mais persistente em áreas do Minho, Douro Litoral, Beira Litoral e Serra da Estrela. Assim, até meio da tarde, o ritmo e quantidade de precipitação terá abrandado consideravelmente devido ao afastamento para nordeste da depressão.

Mas, a partir do meio da tarde, uma nova frente muito ativa chegará ao país através do Noroeste, produzindo chuva localmente forte e potencialmente acompanhada de trovoada, em particular no Minho. As temperaturas deverão diminuir ligeiramente na fachada atlântica.

Muita cautela com o panorama previsto para quinta-feira, 19

Na quinta (19) o jato polar vai acelerar, canalizando uma depressão para o Noroeste da Península Ibérica. Muito cuidado com o vento de Sul/Sudoeste cujas rajadas poderão atingir 85 km/h na faixa costeira ocidental, podendo atingir ou superar os 100 km/h nas montanhas minhotas, do extremo norte e na Serra da Estrela. Prevê-se chuva generalizada e localmente intensa devido à passagem de um sistema frontal muito ativo que atravessará Portugal continental de oeste para leste.

A precipitação abarcará todo o território, mas, nesta ocasião, as maiores acumulações deverão ocorrer no Centro e Sul do país (em especial na segunda metade do dia 19), regando “com fartura” regiões imensamente carentes de água. Este episódio de chuva abundante, caso se concretize, será como “ouro caído do céu” para Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, as macro-regiões provavelmente mais beneficiadas pela pluviosidade na quinta-feira 19. Destaque-se também o risco de trovoada.

Reta final da semana com arrefecimento substancial do estado do tempo e chuva nas seguintes regiões

As temperaturas vão baixar de forma generalizada de quinta (19) em diante. Para sexta (20) prevê-se um ambiente muito mais fresco durante o dia, com máximas inferiores a 20 ºC em quase todo o país, exceto no Baixo Alentejo e Algarve. O frio também irá ganhar terreno à noite, manifestando-se através de valores de temperatura mínima abaixo dos 10 ºC ou inclusive a rondar os 5 ºC em parte do país, sobretudo no interior Norte, Centro, e também em alguns locais do Alentejo. No litoral, por causa do efeito termorregulador da proximidade ao Atlântico, as temperaturas mínimas estarão ligeiramente mais elevadas.

Na sexta (20) a chuva deverá distribuir-se mais pelo Norte e Centro e em particular a oeste da Barreira de Condensação, com as maiores acumulações a ocorrerem, novamente, no Minho, Douro e Beira Litoral bem como em partes dos distritos de Vila Real e Viseu. No fim de semana de 21 e 22 de outubro, para já, apenas se estimam alguns aguaceiros fracos e dispersos, um pouco por toda a geografia do Continente, exceto no Minho, onde por vezes poderá cair precipitação de intensidade moderada ou forte.