Tempo em Portugal esta semana: anticiclone mantém-se firme mais uns dias, mas haverá alguns fenómenos adversos

Nos últimos dias têm sido notícia em Portugal as temperaturas anormalmente elevadas e dignas de primavera que se fazem sentir em pleno mês de janeiro. O anticiclone trouxe estabilidade e um estado do tempo seco e maioritariamente soalheiro. Não há nada de invulgar com as calmas anticiclónicas que tem tendência a surgir com alguma frequência no inverno. Aquilo que é realmente surpreendente são os valores das temperaturas diurnas, mais típicas de meses como abril, maio ou até mesmo junho.

Esta semana janeiro “dirá adeus” e iniciar-se-á fevereiro, o último mês do inverno climatológico. É já possível antecipar que o panorama dominado pelo anticiclone irá manter-se, embora, felizmente, as temperaturas tendam a baixar progressivamente. Perante a total (ou quase total) ausência de precipitação, a atenção vira-se para outros fenómenos - potencialmente adversos - que requerem vigilância nos próximos dias nalgumas regiões e unidades territoriais do país.

Grande parte da semana será amena, com temperaturas a “esbarrar” nos 20 ºC em múltiplas cidades

Entre hoje (29) e sexta-feira, 2 de fevereiro o tempo manter-se-á estável em Portugal continental. Nos dias de terça (30) e quarta-feira (31) haverá períodos de céu muito nublado, em especial devido às nuvens altas e à presença de poeiras do Saara em suspensão.

As temperaturas máximas não deverão sofrer grandes oscilações nos próximos dias, mantendo-se com valores acima do habitual para esta época do ano: em várias capitais de distrito, tais como Coimbra, Santarém, Évora ou Beja, prevê-se que os termómetros atinjam ou inclusive superem os 20 ºC. Em cidades como Porto, Lisboa e Faro, as máximas não chegarão a tanto, mas situar-se-ão perto deste valor (18/19 ºC).

Saliente-se também a presença de poeiras saarianas em suspensão. Tal como já explicámos aqui na Meteored Portugal, haverá concentração de poeiras em Portugal continental até à próxima quinta-feira (1), dia em que se prevê uma progressiva retirada deste material particulado em direção a oeste, para o Atlântico e algumas das ilhas da Macaronésia.

O nevoeiro aparecerá de manhã em vários locais, com claro destaque para as zonas do interior Norte e Centro, tais como o Nordeste Transmontano e a Beira Alta. Não se exclui a possibilidade de formação em zonas costeiras e até mesmo de planície.

Para os primeiros dois dias de fevereiro - quinta e sexta-feira - o céu apresentar-se-á pouco nublado ou limpo e não se preveem grandes “mexidas” nas temperaturas máximas. Continuarão a ser mais elevadas do que o habitual para esta altura do ano, com 20/21 ºC em cidades e localidades das regiões de Coimbra, Lezíria do Tejo, Alentejo Central e Baixo Alentejo.

No resto do país o panorama não será muito distinto. As máximas variarão entre 17 e 19 ºC na maioria das capitais de distrito, exceto nas principais cidades do interior Norte e Centro (entre 13 e 16 ºC em Vila Real, Bragança e Guarda).

Deve contudo salientar-se a grande amplitude térmica diária que se traduzirá, de um modo geral, num acentuado arrefecimento noturno. Nas zonas onde o nevoeiro for mais persistente - como é o caso de vales e depressões transmontanos e da Beira Alta - as temperaturas serão mais baixas.

Tempo mais fresco a partir de sábado: quando poderá a situação meteorológica alterar-se?

Na reta final da semana as altas pressões vão continuar a influenciar o estado do tempo à superfície em Portugal continental, apesar do recuo da crista em direção ao Mediterrâneo. As temperaturas terão tendência a baixar no sábado (3) e no domingo (4) deverá ocorrer nova descida térmica que será ainda mais evidente.

Estes anticiclones de bloqueio podem durar semanas ou até mesmo 1 ou 2 meses nalguns casos. Tudo indica que o tempo influenciado pelo anticiclone se irá manter, pelo menos, até 8 de fevereiro.

A partir daí, logo se vê se as altas pressões sobem em latitude, permitindo a chegada de massas de ar frio, ou se, pelo contrário, continuaremos “mergulhados” nesta dinâmica de tempo estável, ameno, seco e maioritariamente soalheiro.

Poeiras e má qualidade do ar na Madeira

No Arquipélago da Madeira a névoa seca (poeiras do Saara) será um dos elementos meteorológicos que assumirá o protagonismo esta semana. A altura mais crítica serão os dias de quarta (31) e quinta-feira (1), quando se prevê que as concentrações de PM10 atinjam valores claramente superiores a 45 μg/m³ na média diária estabelecida pela OMS para definir uma qualidade do ar desfavorável devido à presença desta matéria particulada. O vento soprará de Leste e Sueste, com rajadas moderadas a fortes.

No Funchal as máximas deverão alcançar 24 ºC na quarta (31) e na quinta-feira (1). Alguns chuviscos dispersos poderão cair pela principal Ilha do Arquipélago na terça (30). Estas intrusões de poeiras em suspensão têm sido bastante recorrentes nos últimos tempos no Arquipélago da Madeira.

E nos Açores?

Estes últimos dias têm sido de temporal nos Açores e esta segunda-feira (29) não foi exceção, tendo caído chuva moderada a forte, que gerou inundações. O vento soprou forte em grande parte das ilhas. O Aviso Amarelo deixará de estar em vigor nas próximas horas devido à previsão de estabilização do estado do tempo.

Até sexta-feira (2) o tempo estará mais calmo, prevendo-se apenas alguns períodos de aguaceiros, intercalados com períodos nublados e boas abertas. O vento soprará geralmente mais fraco do que nestes últimos dias e de direções variáveis.