Tempo em Portugal esta semana: aguaceiros, trovoadas, poeiras do Saara em suspensão e calor primaveril

Próximos dias com drástica mudança de tempo após as condições meteorológicas invernais do fim de semana do Carnaval. Prevê-se uma subida acentuada das temperaturas, com aguaceiros e trovoadas, mas também outros fenómenos. Saiba quais e que regiões serão mais afetadas.

O fim de semana do Carnaval marcou o regresso do tempo de inverno após quase três semanas de domínio do anticiclone e temperaturas recorde. A neve finalmente “vestiu” de branco algumas das principais serras do Norte e Centro de Portugal continental, fazendo as delícias de várias famílias que ansiavam por se divertir com a queda do hidrometeoro branco.

Primeira metade da semana com escalada das temperaturas por causa da crista

O estado do tempo com características invernais será, no entanto, “sol de pouca dura”, uma vez que, nos próximos dias, a crista subtropical irá regressar, transportando uma massa de ar bastante quente para a época do ano, o que se traduzirá numa subida acentuada e geral das temperaturas.

Não obstante, esta crista será mais móvel do que as que nos afetaram nas últimas vezes, permitindo que várias frentes “perfurem” o ‘escudo’ das altas pressões e descarreguem alguma precipitação na nossa geografia.

Esta segunda-feira (12) uma pequena depressão, muito cavada, percorreu o Golfo da Biscaia em direção à Europa, produzindo mais uma ondulação frontal que resultou nalguns períodos de chuva fraca ou aguaceiros de norte a sul do país - sobretudo na primeira metade do dia - tanto em regiões setentrionais como Minho e Douro Litoral, como nas mais meridionais, tais como Alentejo e Algarve.

O vento vai soprando geralmente com intensidade fraca a moderada do quadrante Oeste, com potencial de atingir rajadas muito fortes nas terras altas - até 75 km/h. Rodará para Sul/Sudoeste a meio da tarde. As temperaturas subiram de forma generalizada e de maneira acentuada nas regiões do interior. Várias capitais de distrito do Centro e Sul do país rondaram os 20 ºC de máxima.

temperaturas altas
A massa de ar será extremamente quente para a época do ano. Este é o mapa de previsão de anomalia de temperatura para a próxima quarta-feira, 14 de fevereiro, a cerca de 1500 metros de altitude.

Amanhã - terça-feira, 13 - e quarta-feira (14) a crista prevalecerá, mas isso não impedirá a ocorrência de períodos de chuva fraca ou aguaceiros intermitentes. Prevê-se possibilidade de precipitação para quase qualquer zona do país nestes dois dias. Na terça (13), até ao final da manhã, será mais provável e frequente no Minho e em distritos da Região Centro (Coimbra, Leiria, Santarém, Castelo Branco, Viseu e Guarda), mas também no de Portalegre.

Na quarta-feira (14) predominará o céu nublado com boas abertas, mas, ao final da tarde espera-se o regresso da precipitação, com os períodos de chuva ou aguaceiros a serem mais prováveis no Norte e no Centro, não se excluindo o risco de trovoadas.

As temperaturas continuarão a subir nas próximas 48 horas, esperando-se que o dia mais quente seja a quarta-feira (14) de cinzas (ou dia de São Valentim). Estima-se que os termómetros disparem para valores perto dos 25 ºC em cidades como Coimbra, Évora, Santarém, ou Beja. Aliás, no Porto, em Lisboa e na maioria das capitais distritais do país as temperaturas máximas na quarta-feira (14) irão bater ou ultrapassar os 20 ºC, alcançando-se valores dignos de primavera!

Poeiras do Saara também serão protagonistas
Nas últimas horas de terça-feira (13) preveem-se elevadas concentrações de poeiras saarianas em suspensão no Arquipélago da Madeira, que se agravarão na quarta-feira (14). A partir de quinta (15), as poeiras irão chegar em força a todo o território de Portugal continental, turvando o céu.

Quinta-feira com alterações provenientes do Atlântico

Na quinta-feira (15), uma frente atlântica produzirá chuva ou aguaceiros nas Regiões Norte e Centro de Portugal continental, abrangendo com maior intensidade - sobretudo - as zonas a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela. No entanto, a precipitação poderá chegar muito debilitada e dispersa a zonas mais meridionais, nomeadamente os distritos alentejanos (Portalegre, Évora e Beja), não se prevendo que alcance o Algarve. Além disto, estima-se que existam condições favoráveis à ocorrência de trovoada, sobretudo nas zonas do Litoral Norte e Centro.

poeiras
É também na quinta-feira (15) que as poeiras irão chegar ao nosso país, tornando o céu mais nublado. Por causa da presença das partículas de pó em suspensão, não se descarta que em certos períodos do dia (provavelmente na primeira metade de quinta-feira) a precipitação se combine com o material particulado, originando “chuva de lama”.

As temperaturas vão descer nas Regiões Norte e Centro, em particular as máximas. Ao contrário do dia anterior, quase todas as capitais de distrito deverão registar na quinta-feira (15) temperaturas máximas inferiores a 20 ºC, exceto Faro.

Final da semana com hipótese de alguma precipitação e uma maior amplitude térmica

De acordo com o nosso modelo de referência (ECMWF), ao longo da reta final da semana a crista voltará a subir sobre o Atlântico, com descida das temperaturas de um modo geral na sexta-feira (16), mas com possível subida para valores diurnos novamente primaveris durante o fim de semana de 17 e 18 de fevereiro. No entanto, as mínimas estarão mais baixas o que causará uma grande amplitude térmica diária e um acentuado arrefecimento noturno.

chuva acumulada
Esta semana a precipitação mais abundante está prevista para as regiões do Minho e Douro Litoral. Todavia, será significativamente inferior à da semana que passou.

O vento soprará geralmente fraco, por vezes moderado, rodando de oeste para norte ou noroeste durante o fim de semana. A precipitação deverá ficar restringida às regiões mais setentrionais e de alta montanha, nomeadamente o Alto Minho.

A partir do próximo fim de semana, a incerteza na previsão meteorológica aumenta exponencialmente. Mas, como já explicámos anteriormente, a atmosfera está a revelar-se altamente dinâmica, com os centros de ação bastante móveis, o que pode resultar em alterações meteorológicas muito drásticas num curto espaço de tempo.