Tempo em Portugal esta semana: abril arranca com uma mudança brusca e prevê-se chuva abundante nestas regiões
Após uma reta final de março sob a influência do temporal provocado pela Depressão Nelson, os primeiros dias de abril serão marcados por uma mudança brusca no estado do tempo: prevê-se uma subida acentuada das temperaturas e chuva abundante nestas regiões.
A Depressão Nelson trouxe um grande temporal de chuva, frio, neve, vento e agitação marítima para Portugal. É certo que algumas procissões da Páscoa foram forçosamente canceladas, mas este episódio meteorológico adverso foi benéfico para os recursos hídricos, campos e culturas agrícolas, barragens e albufeiras, tendo certamente mitigado de forma significativa a seca ainda presente nalguns locais do Sul do território do Continente. Deste prisma, pode-se afirmar que a primavera arrancou da melhor forma possível.
Primeiro dia de abril com condições meteorológicas variáveis
Hoje, segunda-feira, 1 de abril, foram as últimas horas sob a influência (ainda que indireta) da Depressão Nelson e em que a situação meteorológica deixou de estar tão instável. Houve aguaceiros fracos e irregulares em boa parte da nossa geografia - sobretudo nas Regiões Norte e Centro e em particular durante as primeiras 12 horas do dia, mas entretanto o céu trouxe boas abertas e bons períodos de sol, ainda que com alguma nebulosidade presente.
Ocorreu queda de neve acima dos 800 metros em povoações e serras do Norte e Centro nas primeiras horas do dia, mas com tendência a persistir a cotas mais altas na Serra da Estrela até ao final da tarde. As temperaturas máximas variaram, geralmente, entre 14 e 17 ºC, exceto no interior Norte e Centro onde esteve substancialmente mais frio. O vento soprou de Oes-Sudoeste com rajadas pontualmente fortes, tanto no litoral, como nas terras altas.
Prevê-se uma mudança significativa no panorama meteorológico
A partir de amanhã o estado de tempo mudará radicalmente em relação aos dias anteriores. A Depressão Nelson já se terá dissipado completamente, mas as depressões continuarão a circular no Atlântico ainda que em latitudes mais setentrionais (isto é, mais a norte, mais altas) proporcionando a chegada de massas de ar muito amenas para a nossa latitude.
Ainda nesta terça-feira - 2 de abril - uma frente produzirá períodos de chuva ou aguaceiros, primeiro no Noroeste, mas estendendo-se para o resto da geografia nas horas seguintes e cobrindo Portugal continental quase de norte a sul. Apenas algumas zonas do Algarve e do Baixo Alentejo deverão escapar, sendo que as regiões mais regadas serão o Minho e o Douro Litoral.
Haverá uma subida generalizada das temperaturas, especialmente das mínimas. Durante o dia o termómetro alcançará 15 ºC no Porto, 17 ºC em Lisboa e 18 ºC em Faro. O vento soprará de sul-sudoeste, geralmente fraco a moderado, mas pontualmente forte no Litoral Norte e Centro, onde surgirão rajadas intensas até 70 km/h. Nas terras altas as rajadas atingirão até 85 km/h.
Entre quarta (3) e sábado (6), o elemento que assumirá o protagonismo da meteorologia será o calor, sobretudo entre quinta (4) e sexta-feira (5), altura em que se prevê uma subida acentuada das temperaturas. A isto estará também associado um centro de altas pressões que permitirá a estabilidade do tempo.
Uma depressão que estará situada no Atlântico arrastará uma massa de ar quente em direção a Portugal continental e é provável que as poeiras em suspensão regressem ao nosso país a partir de sexta-feira (5), estando previstas para interior Norte e Centro, Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo e Algarve e, destas regiões, em maior concentração nos distritos de Portalegre, Évora, Beja e Faro.
As temperaturas poderão ultrapassar os 25 ºC nalguns locais do Sul na reta final da semana
Se o cenário atual do modelo de referência da Meteored se concretizar, tanto na sexta-feira (5) como no sábado (6) há locais do interior Sul (Vale do Guadiana, Baixo Alentejo e zonas da serra e barrocal algarvio) nos quais a temperatura poderá escalar até aos 25 ºC, ou até mesmo ultrapassar este patamar nalgumas zonas do país. Estas montanhas-russas térmicas (descidas e subidas bruscas de temperatura em curtos espaços de tempo) são típicas desta estação do ano.
Quanto à precipitação, ocorrerá sob a forma de aguaceiros fracos e dispersos em zonas do Norte e Centro, mais prováveis e frequentes nas regiões a oeste da Barreira de Condensação e sobretudo durante as primeiras 12 horas do dia de quarta-feira, 3 de abril.
Para quinta (4) e sexta (5) dominarão as altas pressões, com nevoeiros matinais e cerrados nalgumas zonas e períodos de céu nublado ou muito nublado durante boa parte do período e ocasionalmente boas abertas. Ainda assim não se exclui totalmente a hipótese de precipitação fraca e dispersa no Minho e Douro Litoral em determinado momento de algum destes dois dias.
Possível regresso da chuva no fim de semana e descida das temperaturas
Ainda permanece um razoável grau de incerteza na previsão das condições meteorológicas a partir de sábado - dia 6 - mas tudo aponta para uma mudança mais significativa do tempo procedente do Atlântico no próximo fim de semana. As temperaturas ainda se preveem bastante elevadas no sábado (6), com os termómetros a atingirem entre 23 e 26 ºC em várias zonas da Beira Baixa, Alentejo e Algarve, destacando-se daqui o Baixo Alentejo (distrito de Beja).
Prevê-se a possibilidade de chegada de uma frente atlântica a Portugal continental a partir de sábado (6), que deixaria pelo caminho períodos de chuva ou aguaceiros, que poderão ser localmente fortes e acompanhados de trovoada e granizo. Já no domingo (7), devido à chegada de uma massa de ar mais frio, as temperaturas descerão de maneira significativa e generalizada.
Até 95 mm acumulados nestas zonas durante a semana
Com o atual cenário de previsão, a precipitação acumulada poderá atingir os 95 mm em zonas montanhosas do Minho e circundantes geograficamente (Viana do Castelo, Braga e Vila Real), onde os solos já se encontram saturados devido à chuva abundante ocorrida ao longo destes últimos meses.
No resto do Noroeste - a título de exemplo o distrito do Porto - preveem-se entre 75 e 100 mm. Nas restantes regiões do litoral Norte e Centro entre 30 e 50 mm. No interior Norte e Centro 15 e 30 mm e a sul do Tejo entre 1 e 15 mm.
Ocorreu uma notável melhoria da situação hídrica em Portugal continental nestas últimas semanas, tanto no Alentejo como no Algarve, regiões onde a água era mais necessária.
Mesmo assim, é preciso que continue a chover nesta primavera - sobretudo no distrito de Faro e em particular no Barlavento - para que os níveis de armazenamento de água (campos, barragens, albufeiras e para consumo doméstico, agrícola, energético e turístico) não sejam postos em causa durante a estação estival e para que o verão possa ser encarado com mais otimismo.