Tempo em Portugal em novembro, por Alfredo Graça: haverá mais tempestades e chuva nas próximas semanas?

Este variável mês de outubro vai despedir-se com um episódio de chuva e poeiras do Saara em boa parte de Portugal. Para saber se esta vaga de precipitação irá continuar em novembro, analisamos o que prevê o modelo de referência da Meteored.

novembro
Novembro é um dos meses mais chuvosos do ano em Portugal. Será que em 2024 essa tendência irá manter-se?

Estamos prestes a dizer adeus a um mês de outubro marcado por uma grande variabilidade de estados de tempo em Portugal continental: períodos de sol e calor alternaram com dias chuvosos e amenos ou chuvosos e frios. Apesar desta variabilidade meteorológica, a primeira quinzena foi tendencialmente mais húmida, inclusive em regiões onde não é comum chover tanto.

Esta tendência de dias parcialmente chuvosos ou nublados prolongou-se durante os primeiros dias da segunda quinzena. Somente na quarta semana de outubro o tempo estabilizou consideravelmente. Ainda assim, choveu na quinta-feira 24 de outubro em várias zonas da geografia do Continente graças à passagem de uma frente e nevou pela primeira vez este outono na sexta-feira (25) e no sábado, 26 de outubro nos pontos mais elevados da Serra da Estrela.

Alguns aspetos da climatologia de novembro, o último mês do outono climatológico

Novembro é o último mês do outono climatológico, uma estação que de acordo com a Climatologia inicia a 1 de setembro e termina a 30 de novembro. As temperaturas médias são inferiores às de outubro entre 3 e 4 ºC no litoral e entre 4 e 5 ºC no interior. A descida é mais moderada nas regiões do litoral e nos arquipélagos (2 ºC) graças ao efeito termorregulador do oceano.

Em novembro, as temperaturas são consideravelmente mais baixas do que em outubro no interior e as geadas tendem a ser mais frequentes e fortes em intensidade e extensão nas zonas montanhosas. Com a mudança de hora, as noites tornam-se mais longas. É normal que em novembro passe a usar o seu casaco com mais frequência.

Nas zonas montanhosas as geadas tornam-se mais frequentes e fortes, e vários locais do interior Norte e Centro, destacando-se especialmente o Nordeste Transmontano, a Beira Alta e a Serra da Estrela, costumam registar temperaturas inferiores a 5 ºC durante a noite. Por outro lado, no Algarve, nos Açores e na Madeira é comum que as temperaturas atinjam entre 18 e 22 ºC durante o dia.

Novembro integra o TOP3 dos meses mais chuvosos do ano na maioria das regiões portuguesas

No que diz respeito à precipitação, em novembro o vento de Oeste tende a prevalecer, com depressões e frentes atlânticas que deixam chuva em grande parte do país, sobretudo no Norte e Centro. Porém, nesta altura do ano, também é possível assistir a anticiclones de bloqueio persistentes (anticiclones que duram várias semanas) e que resultam em tempo muito est��vel, seco e frio. Bolsas de ar frio ou depressões isoladas em altitude também podem surgir, embora não sejam tão comuns.

Nos meses de novembro o fluxo zonal de Oeste tende a prevalecer, trazendo a Portugal continental imensa precipitação provocada por frentes e depressões. (Imagem gerada por IA)

É um dos meses mais chuvosos do ano no seu conjunto em quase todas as regiões: ocupa o segundo lugar em grande parte do país, exceto em Leiria, Lisboa e Santarém onde é mesmo o mês mais chuvoso do ano, segundo a normal climatológica de 1981-2010. Só nos distritos de Vila Real, Bragança e Viseu é que novembro não figura entre os três meses mais chuvosos do ano.

Novembro poderá começar bastante ameno

As últimas previsões do modelo de referência da Meteored indicam que as temperaturas poderão ser superiores à média em praticamente todo o país até ao dia 10 de novembro, devido ao possível domínio do fluxo de Leste e da influência mais frequente de massas de ar tropicais. Os mapas mostram que as temperaturas poderão ser entre 1 e 3 ºC superiores ao normal em Portugal continental e nos Grupos Central e Oriental do Arquipélago dos Açores.

A primeira semana completa de novembro (dias 04 a 10) poderá registar temperaturas até 3 ºC acima da média em grande parte da geografia portuguesa.

Estas anomalias de calor seriam mais suaves no Arquipélago da Madeira e no Grupo Ocidental dos Açores. Para o resto do mês de novembro, os mapas mais recentes antecipam uma continuidade de calor anómalo, isto é, uma continuidade de temperaturas acima da média climatológica de referência em todas as unidades territoriais portuguesas.

As anomalias mais significativas estão previstas especialmente para a primeira quinzena. Se isto se concretizar, testemunharemos um novembro invulgarmente ameno ou quente e com poucos dias verdadeiramente frios.

Irá novembro ser tão instável e chuvoso como outubro?

Outubro vai despedir-se com um episódio de chuva e poeiras do Saara, possivelmente dando origem ao fenómeno conhecido por “chuva de lama”. Irão estas condições meteorológicas instáveis manter-se em novembro?

De momento, os mapas apostam na possibilidade da precipitação ser inferior aos valores habitualmente registados à média de norte a sul do Continente e na Madeira, apesar da precipitação prevista para algumas zonas nos dias 1 e 2 de novembro. Somente para os Açores se vislumbra um cenário com anomalia positiva de chuva, isto é, em que a precipitação ultrapassa os valores médios de referência.

Entre os dias 11 e 30 de novembro, de momento, não se preveem anomalias significativas em grande parte da geografia nacional. Os níveis de chuva registados poderão ser iguais ou inferiores à média na Madeira e no Continente, mas iguais ou superiores à média nos Açores.

Das nove ilhas açorianas há três que se poderão destacar no que diz respeito às anomalias positivas de precipitação: Corvo, Flores e Santa Maria. Tendo isto em conta, a priori, o mês de novembro poderá não ser tão agitado quanto o de outubro na generalidade das regiões portuguesas.

A primeira semana completa de novembro (dias 04 a 11) poderá ser bastante mais seca do que o normal, especialmente no Norte e Centro de Portugal continental. A exceção seria os Açores.

Nos primeiros dias de novembro, a situação sinóptica dominante mais provável poderá ser a de uma crista atlântica, seguida de um padrão de bloqueio, o que poderá favorecer tempo estável e pontualmente com um ou outro dia mais instável.

Posteriormente, já quase no início da segunda quinzena, a opção mais provável é a do padrão NAO+, com circulação de tempestades em latitudes elevadas, mas sem excluir completamente a possibilidade de chegada de ar frio ou gelado, eventualmente embebido em sistemas depressionários.