Tempo em novembro em Portugal: o fim da seca e a chegada do frio?
Nos últimos dias várias frentes muito ativas, derivadas das depressões Armand e Béatrice, descarregaram chuva abundante em Portugal continental. Mas o problema da seca, naturalmente, que ainda persiste. Como se prevê novembro, um dos meses mais chuvosos do ano? Consulte a previsão!
Nas últimas duas semanas (especialmente na semana de 17 a 24 de outubro), a precipitação foi abundante de norte a sul de Portugal continental graças à chegada de perturbações frontais muito ativas associadas às depressões Armand e Béatrice, as primeiras de grande impacto da temporada 2022/2023.
Todavia, em quase todo o país a chuva que caiu é claramente insuficiente para mitigar a seca grave. Segundo dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, das 15 bacias hidrográficas monitorizadas, 12 ainda apresentam, à data de hoje, armazenamentos inferiores às médias de armazenamento do mês de outubro (1990/1991 a 2021/2022), exceto para as bacias Ave, Douro e Arade.
Ainda assim, há uma boa notícia vinda do boletim semanal de albufeiras: o volume total armazenado já mostra um valor superior a 50%, neste caso 57%. O caminho para a recuperação da reserva hídrica em Portugal está a ser lento e penoso, mas finalmente está a acontecer.
Por este motivo, muitas pessoas estão “de olho” no tempo que poderá estar nas próximas semanas. Apesar deste pequeno alívio, seriam necessários vários temporais atlânticos de grande envergadura. Será novembro o ponto de viragem há muito tempo desejado?
Características climatológicas de novembro
Climatologicamente, novembro é o último mês do outono climatológico. A temperatura é, em média, quase 4 ºC mais baixa em relação à de outubro, com as descidas térmicas mais evidentes a ocorrerem nas Regiões do Centro e do Alentejo.
Em novembro já é costume ter o casaco “à mão” dado que é normal o frio começar “a apertar” de forma considerável. Nas terras montanhosas, como as do Nordeste Transmontano, as geadas começam a aparecer com maior frequência e extensão, e na Região Norte, a média da temperatura mínima roça os 5,0 ºC. Por outro lado, a Área Metropolitana de Lisboa, o Alentejo e o Algarve, apresentam, em média, temperatura máxima de 16 ºC.
No que diz respeito à precipitação, o historial climático indica-nos que o normal seria que à medida que novembro decorre se imponha o fluxo de oeste, com frentes atlânticas que progridem de oeste para leste deixando chuva.
Novembro figura entre o Top 3 dos meses mais chuvosos do ano de norte a sul de Portugal continental: ocupa o terceiro lugar nas Regiões do Norte e do Centro, e o segundo lugar nas Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo e Algarve.
Prevê-se um novembro mais quente do que o habitual
De acordo com o nosso modelo de confiança, em novembro espera-se temperatura mais elevada em relação à média para a altura do ano em quase todo o território continental luso (algo que tem sido habitual este ano de 2022), e especialmente durante a primeira quinzena, com valores que poderão ser até 2 ºC acima do normal no interior (metade oriental) do país. Na faixa costeira ocidental prevê-se valores térmicos dentro do padrão climatológico de referência.
À data da escrita deste artigo, os mapas salientam que na última parte do mês os valores de temperatura deverão normalizar, sobretudo no Norte, Centro e Área Metropolitana de Lisboa, sendo que em grande parte do Alentejo e do Algarve, a temperatura manter-se-á até 1 ºC acima do habitual para esta época do ano.
Poderá ser o princípio do fim da seca?
Nos últimos 10 dias as primeiras frentes ativas e intensas da temporada atingiram Portugal continental. Mas, infelizmente, a previsão que gerimos na Meteored sugere que ao longo da primeira semana de novembro as altas pressões vão voltar a impor o seu domínio em redor de Portugal e Espanha, pelo que deverá chover menos do que seria o normal em toda a geografia da Península Ibérica.
Mesmo assim, há sinais que indicam que na segunda semana poderá haver algum movimento atmosférico, com possível precipitação dentro da normal climatológica de referência, quiçá um pouco acima do normal em pontos da faixa costeira ocidental.
Na segunda quinzena as altas pressões poderão deslocar-se para a Europa Central e para o Atlântico Norte. Se este cenário se cumprir, serão muito más notícias para o nosso país uma vez que se traduziria numa segunda quinzena bem seca e com tempo, em geral, estável. Além disso, os grandes rios ibéricos (no nosso caso, Douro, Tejo e Guadiana), bem como nacionais (Mondego, Vouga, Lima, Ave e Sado) poderão ressentir-se, com um possível agravamento da seca.
E nos Açores e na Madeira?
Para o Arquipélago da Madeira prevê-se um padrão meteorológico sem anomalias significativas em relação à temperatura (que assim será dentro do normal), mas muito chuvoso (anomalia de precipitação média mensal positiva 10 mm).
Quanto ao Arquipélago dos Açores espera-se um padrão meteorológico com uma ligeira anomalia de precipitação média mensal positiva (5 mm) nos Grupos Ocidental (Corvo e Flores) e Oriental (São Miguel e Santa Maria). O Grupo Central deverá registar valores de pluviosidade dentro do habitual. No que diz respeito à temperatura, prevê-se anomalia térmica positiva para as 9 ilhas, de até 1,5 ºC superior ao normal nas ilhas do Corvo, Flores, Terceira e parte norte da Graciosa. As restantes registarão até 1 ºC acima do habitual.