Julho poderá ser mais fresco do que o normal numa boa parte do país

E se até agora o verão climatológico não tem sido caracterizado pelo calor intenso, parece que a tendência vai manter-se em julho, que promete até ser mais fresco do que o normal, de acordo com algumas previsões. Contamos aqui o que pode esperar para as próximas semanas.

praia; vento; mar; verão
Junto do mar, o ambiente vai estar mais temperado ou fresco devido à constante presença dos ventos marítimos.

Embora junho seja considerado um mês veranil sob a ótica climática, o que é certo é que as últimas semanas foram influenciadas por um panorama relativamente variável, com descargas de ar frio em altitude em catadupa, e massas de ar frio ou temperado que contiveram a escalada das temperaturas, originando nalgumas ocasiões fortes aguaceiros, acompanhados de trovoada, sobretudo no interior das regiões Norte e Centro.

Não obstante, tudo indica que a situação vai ser algo semelhante, pelo menos no que concerne às temperaturas, e isto numa gigantesca porção do mês – em específico na segunda, terceira e quarta semanas.

Mais fresco que o normal, especialmente na segunda quinzena

De acordo com as previsões a longo prazo do organismo de referência na Europa, o ECMWF, as temperaturas na primeira quinzena de julho poderão registar valores entre -3 ºC a -0.25 ºC (anomalia térmica negativa) abaixo do normal numa boa parte do território, em especial no litoral Centro e Sul, abarcando também alguns pontos do interior algarvio – Barlavento Algarvio.

Isto justifica-se provavelmente pelo predomínio da subsidência subtropical, caracterizada por uma circulação que favorece o vento de Oeste– por um lado associada às altas pressões, céu limpo e ausência de precipitação, mas que, por outro, fará com que o vento chegue relativamente fresco após atravessar o oceano e isso, refletir-se-ia nas temperaturas inferiores ao normal, sobretudo no litoral das regiões supracitadas.

Em contraste, ainda durante a primeira quinzena, registar-se-ão temperaturas ligeiramente elevadas (anomalia positiva de 1 ºC a 3 ºC) no Alentejo e no Sotavento Algarvio. No resto da geografia lusa, prevê-se valores dentro do habitual estabelecidos pela normal climatológica. Assim, além dos ventos marítimos na costa portuguesa, as sucessivas incursões de massas de ar temperado ou frio também serão um dos ingredientes do mês de julho, resultando em geral, em temperaturas dentro ou ligeiramente inferiores ao normal, e sem o surgimento de episódios de calor excessivo.

Para os Açores prevê-se um mês de julho chuvoso, com anomalia positiva de 1 a 10 mm ou de 10 a 30 mm, esperando-se uma primeira quinzena particularmente húmida, sobretudo nos Grupos Oriental e Central. Quanto à anomalia térmica, estão previstos valores ligeiramente acima do habitual, também para as ilhas centrais e orientais, e isto durante a primeira quinzena. Para a segunda metade do mês, prevê-se valores dentro do normal.

Se as previsões se cumprirem, julho será um mês bastante seco

No que diz respeito à precipitação, os mapas mostram uma evolução distinta da das temperaturas. Embora se espere um panorama sem calor excecionalmente marcante e com a vertente atlântica mais fresca que o habitual devido à circulação dos ventos marítimos de Oeste, parece que o mês de julho será extraordinariamente seco. É provável que na primeira parte do mês chova menos que o habitual em quase todo o país, com uma anomalia mais pronunciada no interior. Na metade ocidental do país, estarão à volta da média.

Para a segunda quinzena não estão previstas mudanças significativas, embora eventualmente possam surgir tempestades devido à formação de depressões atlânticas ou trovoadas de carácter local, irregulares e dispersas. Ainda no ano passado, na segunda metade do mês de julho ocorreu um impressionante episódio de granizo e trovoada numa grande parte do país. Veremos como será este ano. Para já, a única situação de destaque prende-se com os últimos dias de julho, na região de Lisboa, Setúbal, Litoral Alentejano e Barlavento Algarvio. Aí, os modelos sugerem valores de pluviosidade um pouco acima dos normais.