Tempo da próxima semana em Portugal: provável regresso da chuva associado aos ventos ábregos e às baixas pressões
Portugal continental vai voltar a estar sob a influência das baixas pressões e dos ventos ábregos na próxima semana. Para além do regresso da chuva, que outros efeitos se esperam do ponto de vista meteorológico? Eis a previsão do tempo!
Tudo indica que o tempo irá mudar em breve em Portugal continental. Ao longo destes últimos dias, uma massa de ar frio polar permitiu que as temperaturas baixassem para valores mais típicos desta época do ano, tendo-se produzido geadas em planícies e vales abrigados do interior Norte e Centro e que deverão repetir-se este fim de semana de 25 e 26 de novembro.
Este fim de semana viveremos um estado do tempo frio, seco, estável e parcialmente soalheiro, mas com tendência ao gradual aparecimento de nebulosidade, sobretudo no domingo (26) e com maior probabilidade nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela. Aquilo que irá produzir as condições meteorológicas previstas para o fim de semana no nosso país deve-se à influência de um anticiclone em crista bastante robusto e de um pântano barométrico à superfície.
Isto traduz-se em massas de ar quase estacionárias sobre toda a Península Ibérica este fim de semana, isto é quase não se irão deslocar sobre Portugal continental e Espanha. Deste modo, irão surgir mais nevoeiros e neblinas matinais, para além das geadas noturnas em vários locais do interior Norte e Centro.
De qualquer das formas, este panorama meteorológico não deverá durar muito pois prevê-se um enfraquecimento do anticiclone em crista, com as altas pressões a aparecerem em latitudes mais setentrionais, o que forçará ao deslocamento do jato polar para sul.
Tendo esta provável configuração sinóptica em conta, é de esperar que nos primeiros dias da semana - tal como avançávamos na previsão de ontem - a geografia do Continente seja regada por vestígios de algumas frentes que deixariam chuva ou aguaceiros fracos em vários pontos das Regiões Norte e Centro (sobretudo a oeste da Barreira de Condensação), com a nebulosidade a adensar-se, um pouco por todo o país.
Contudo, é a partir de meados da próxima semana, de quarta (29) para quinta-feira (30), que se prevê a eventual ocorrência e passagem de frentes de maior dimensão e com atividade mais moderada a forte. Estas frentes atlânticas, associadas a depressões, poderão condicionar o estado do tempo em Portugal continental, produzindo precipitação generalizada.
Ventos ábregos à vista? Que significa isto?
A posição dos principais centros de ação ainda não está muito clara nas cartas de previsão e poderá ocorrer um afluxo de massas de ar tanto de latitudes subtropicais, como é habitual em situações de tempo húmido, instável e chuvoso, como de zonas mais setentrionais/polares. A exceção parece evidente em meados da semana, quando uma depressão permitirá a entrada e domínio dos ventos de Sudoeste (ou ábregos) que, carregados de humidade, transportarão consigo o potencial para gerar precipitação generalizada. Isto é visível no mapa animado acima que diz respeito à água precipitável.
Os ventos ábregos são ventos quentes e húmidos de sudoeste que provocam normalmente chuvas fortes, sobretudo na metade ocidental da Península Ibérica e com particular ênfase na sua fachada atlântica, isto é, Galiza e Portugal continental.
Assim sendo, tendo em conta a distribuição prevista dos centros de baixas pressões, a presença de advecções provenientes do Atlântico será expressiva. Desta forma, a probabilidade do regresso de chuva generalizada e persistente para os últimos dias de novembro e para o início de dezembro é relativamente elevada.
Chuva generalizada e subida das temperaturas
De acordo com o nosso modelo de referência (ECMWF) é provável que a precipitação seja generalizada em Portugal continental, sobretudo a partir do meio da semana, graças à chegada de centros de baixas pressões procedentes do oceano Atlântico.
Além de cair de norte a sul, haverá zonas em que a precipitação poderá acumular até cerca de 75 mm. O ar frio e seco estacionado sobre o nosso território nestes últimos dias será substituído por uma massa de ar mais temperada e húmida, que resultará na subida das temperaturas, especialmente das mínimas, provocando também o desaparecimento das geadas.
Não se estima uma situação meteorológica muito adversa pois as advecções procedentes do Atlântico não deverão tornar-se suficientemente fortes. Ainda assim, a longo prazo convém olhar para a distribuição das áreas de baixas pressões no Atlântico e para a das áreas de altas pressões em redor da Gronelândia e da Islândia.
Vários cenários meteorológicos são considerados na previsão por conjuntos (ensemble) do ECMWF, sendo que um deles mostra a corrente de jato polar a descer imenso em latitude, o que daria origem a situações meteorológicas semelhantes às que testemunhámos em Portugal continental entre meados de outubro e meados de novembro.