Tempo da próxima semana em Portugal: início invulgarmente quente seguido de possível fluxo de Leste, que significa isto?

Nas últimas 40 horas uma frente fria muito ativa atravessou Portugal continental de noroeste para sudeste, descarregando chuva abundante e persistente nas Regiões Norte e Centro, com períodos de forte intensidade no Minho, Douro Litoral e em zonas montanhosas. O rio atmosférico contribuiu para o reforço da precipitação no país. Ainda assim, a pluviosidade foi escassa e dispersa nas regiões mais a sul, nomeadamente no Baixo Alentejo e no Algarve.

Saliente-se também um outro aspeto notável desta frente fria: a sua atividade convectiva. Este tipo de atividade é bastante raro num mês de dezembro e isto traduziu-se no desenvolvimento de algumas trovoadas isoladas e dispersas pelo país, nomeadamente no Litoral Norte, em alguns momentos da noite de quinta (7) para sexta (8).

Preveem-se temperaturas invulgarmente elevadas até terça-feira inclusive

Todavia, ao longo dos próximos dias, um anticiclone em crista servirá de escudo à chegada de mais frentes, contribuindo para que uma massa de ar quente e húmido de origem subtropical chegue a Portugal continental (apesar de algumas frentes conseguirem perfurar as altas pressões e produzir precipitação nalgumas zonas do país, tal como avançámos na previsão de ontem).

Esta massa de ar produzirá uma anomalia térmica positiva bem vincada, esperando-se, assim, temperaturas máximas a rondar os 20 ºC em várias capitais de distrito das Regiões Centro e Sul da geografia do Continente entre sábado (9) e a próxima terça-feira, 12 de dezembro, inclusive.

Este panorama meteorológico, como foi acima referido, irá prolongar-se por vários dias (até terça, 12 de dezembro). Contudo, estima-se que termine de maneira brusca na quarta-feira (13). De acordo com o modelo de referência da Meteored Portugal, uma massa de ar polar marítimo chegará a latitudes tão a sul quanto a Península Ibérica, causando uma rápida normalização das temperaturas, o que fará com que os termómetros alcancem valores muito mais condizentes com esta época do ano.

Prevê-se também alguma chuva, geralmente fraca, pontualmente moderada nalgumas zonas da Região Norte. A precipitação poderá cair de maneira fraca e dispersa em praticamente qualquer ponto da geografia do Continente entre segunda (11) e quarta (13), embora a probabilidade de tal acontecer nas regiões a sul do Tejo ser consideravelmente menor.

Fluxo de Leste na segunda metade da próxima semana?

Ainda existe uma elevada incerteza na previsão a partir de quarta-feira, 13 de dezembro, mas as primeiras projeções do ECMWF indicam que à medida que a massa de ar frio for descendo em latitude, ficará isolada por uma forte cintura de altas pressões que se estabelecerá sobre o interior da Europa mais a norte.

Isto obrigaria os centros de baixas pressões a deslocarem-se sobre o Mediterrâneo, fazendo com que se estabeleça um fluxo de leste - também conhecido como circulação retrógrada - nas camadas médias e baixas da atmosfera.

Na parte mais oriental de Espanha ocorreria precipitação, mas a mesma não teria força para chegar a Portugal continental na sua trajetória para leste, pelo que o fluxo de Leste no nosso país se manifestaria num estado do tempo seco, frio, soalheiro e estável.

Temperaturas mais típicas de dezembro

Tal como já foi mencionado, apesar da grande incerteza na previsão, o panorama torna-se mais claro no que diz respeito à evolução térmica. Assim, tudo parece apontar para uma descida significativa das temperaturas a meio da próxima semana, com os valores a manterem-se mais normais para esta altura do ano, pelo menos no período entre 13 e 15 de dezembro.

Aliás, com o frio e a estabilidade anticiclónica, as geadas voltarão a ganhar protagonismo em zonas do interior Norte e Centro, nomeadamente em vales abrigados e algumas planícies. No Nordeste Transmontano e na Beira Alta as temperaturas máximas poderão oscilar, no período supracitado, entre 7 ºC e 11 ºC.