Tempo da próxima semana em Portugal: depressões com ar subtropical trarão chuva forte, vento intenso e risco de trovoada
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Este fim de semana e nos dias que se lhe seguirão, prevalecerá um forte fluxo de sudoeste, muito mais ameno, que favorecerá chuva persistente e localmente forte em várias regiões de Portugal continental. Saiba quais as que poderão ser mais afetadas.
Após esta sexta-feira (12) de tempo estável, seco, frio e de céu parcialmente nublado, Portugal continental irá testemunhar a partir da madrugada deste sábado (13) uma mudança drástica da situação meteorológica.
Tudo se deverá à deslocação de uma massa de ar quente, que virá de sudoeste, e que terá impacto no sábado (13), mas ainda mais ao longo do dia de domingo (14). A massa de ar subtropical marítimo, muito mais húmida e quente, continuará a ser “bombeada” até à nossa geografia nos próximos dias e condicionará o estado do tempo em grande parte da próxima semana.
A corrente de jato polar irá descer em latitude sobre a Europa Ocidental e interagir de maneira breve com a corrente de jato subtropical, fortalecendo-se e criando um forte gradiente de temperatura sobre a parte do Atlântico mais próxima ao nosso país. Isto fornecerá o “combustível” ideal para os centros de baixas pressões que tendem a desenvolver-se nestas latitudes. Estas depressões irão deslocar-se de sudoeste para nordeste, atingindo Portugal continental, Espanha, mas também outras áreas geográficas do Sudoeste Europeu.
Fogo cruzado ️! A Península Ibérica estará para o Canadá o que os Estados Unidos estarão para a Península Escandinava .
— Meteored | Tempo.pt (@MeteoredPT) January 11, 2024
A corrente de jato polar vai dar que falar. A luta entre as diferentes massas de ar será brutal no hemisfério norte ️. pic.twitter.com/c163CZfBF1
A primeira destas depressões, Hipolito, foi nomeada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) há já alguns dias, tendo por nós sido noticiada diversas vezes quanto aos seus efeitos e impactos previstos para as várias unidades territoriais portuguesas. A referida depressão tem afetado com severidade o Arquipélago dos Açores nestes últimos dias. Deixará alguns efeitos indiretos no Arquipélago da Madeira e também no Continente.
Todavia, haverá uma segunda depressão que começará a afetar de forma mais copiosa Portugal continental a partir de segunda (15), alterando significativamente o estado do tempo no nosso território a partir desse dia e até quinta-feira (18).
Para já, não se exclui que esta segunda depressão seja a última desta sequência, dado que alguns cenários apontam para a chegada de outra baixa ou frente no final da próxima semana que poderia prolongar esta situação ou mesmo estendê-la, pois se a baixa pressão permanecer por perto, poderia levar a outro tipo de advecção que traria chuva ou massas de ar mais frias para outras zonas.
Drástica mudança de tempo à vista!
— Meteored | Tempo.pt (@MeteoredPT) January 12, 2024
Várias depressões e seus sistemas frontais associados irão "bombear" continuamente ar subtropical marítimo e ameno até continental.
Esta configuração sinóptica resultará em #chuva forte ️, vento intenso e subida das temperaturas . pic.twitter.com/5pHnQ3QMfg
Com este panorama, após um fim de semana já de si marcado pela subida das temperaturas e pela precipitação, é de esperar uma atmosfera ainda mais amena a partir de segunda-feira (15), com um aumento vertiginoso da nebulosidade e da velocidade do vento que soprará moderado a forte de Oeste/Sudoeste.
Espera-se que a chuva associada à segunda depressão comece a cair em Portugal continental entre domingo (14) e segunda-feira (15).
Chuva forte, vento intenso e risco de trovoada em várias regiões do Continente
Ao longo de boa parte da próxima semana, entre segunda (15) e quinta (18), prevê-se precipitação em várias regiões do Continente, esperando-se que o pico das acumulações pluviométricas mais abundantes ocorra nalguns períodos do dia de terça (16) e do dia de quarta (17).
Espera-se chuva persistente, com intensidade fraca a moderada, podendo surgir localmente forte. Terá tendência a intensificar-se nas zonas montanhosas e mais expostas ao fluxo de Sudoeste. As condições atmosféricas (ar bastante húmido, relativamente quente e instável) poderão ser favoráveis ao desenvolvimento de células convectivas, pelo que não se exclui a ocorrência de trovoada.
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Ainda assim, nesta ocasião, até mesmo o Alto Alentejo poderá ser significativamente regado, já que as frentes poderão ter a capacidade de ultrapassar as barreiras orográficas e chegar a zonas habitualmente menos regadas, como é o caso do Alentejo. Quanto mais para sul/sudeste, menor será a probabilidade de precipitação, pelo que o Algarve e o Baixo Alentejo deverão novamente ser as regiões menos afetadas pela chuva.
O vento também poderá soprar forte, mas é necessário sublinhar que o cavamento e a trajetória da depressão não são conhecidas na totalidade, pelo que, de momento, ainda não é possível saber com exatidão a extensão da situação meteorológica. A incerteza sobre a intensidade do episódio meteorológico associado à segunda depressão será provavelmente solucionada este fim de semana com as próximas atualizações do nosso modelo de referência (ECMWF).
Aumento das temperaturas, derretimento de neve e gelo e possibilidade de inundações e transbordamento de rios
Outro aspeto a ter em conta para estes próximos dias é o derretimento da neve que se acumulou nas partes mais elevadas da Serra da Estrela nos primeiros dias de janeiro devido à previsão do aumento acentuado das temperaturas.
Isto contribuirá para um aumento significativo do caudal dos rios adjacentes à Cordilheira Central, que, somado a elementos climáticos como a chuva e o vento, provocarão um aceleramento do processo e a possibilidade de transbordamentos de canais fluviais.
Outros rios de Portugal continental também poderão registar o mesmo fenómeno, sobretudo naqueles onde, nos últimos dias, se formou gelo devido ao tempo frio.
Por fim, algumas zonas historicamente vulneráveis à ocorrência de inundações, principalmente as que se localizam nas Regiões Norte e Centro do país, poderão registar este tipo de ocorrência devido à chuva forte e abundante num curto espaço de tempo.