Tempo da próxima semana em Portugal: chuva e temperaturas abaixo da média marcam arranque do outono climatológico
Para a próxima semana antecipa-se uma mudança radical do tempo em Portugal continental. Além de temperaturas mais frescas, prevê-se um possível regresso generalizado da chuva. Saiba quando e em que regiões, aqui!
Às temperaturas abrasadoras e acima da média climatológica que proporcionaram cerca de cinco dias de calor tórrido de norte a sul de Portugal continental (20 a 24 de agosto), poderá agora suceder-se um período caracterizado por condições meteorológicas substancialmente diferentes, evidenciadas por uma radical mudança de tempo cujos primeiros sinais surgirão já neste fim de semana de 26 e 27 de agosto.
Como já mencionámos várias vezes nos últimos dias, para este sábado, dia 26, prevê-se a chegada de uma massa de ar frio - com origem no Ártico - que produzirá não só uma descida brusca e acentuada nas temperaturas fruto da sua entrada de rompante pela Região Norte do nosso país, como também uma brutal anomalia térmica negativa, bem visível nos nossos mapas da Meteored, baseados no modelo em que mais confiamos (ECMWF).
Além disto, existe a possibilidade de chuva fraca, distribuída de maneira dispersa pelas Regiões Centro e Sul , essencialmente a sul do rio Vouga.
Tempo bem mais fresco condiciona a próxima semana
Após este fim de semana, que já será substantivamente distinto do período de tempo quente que o precedeu, tudo parece indicar que o tempo da próxima semana continue a tendência de tempo mais fresco que o habitual (ou seja, de valores de temperatura abaixo do normal), na geografia do Continente.
Os mapas semanais de tendência meteorológica do ECMWF revelam, com bastante clarividência, uma anomalia térmica negativa substancial, não só em Portugal, mas também numa parte significativa da Europa, o que denota uma clara mudança de padrão atmosférico nestes próximos dias.
Prevê-se temperaturas, de um modo geral, até 3 ºC inferiores à média climática de referência - exceto em partes dos distritos de Setúbal, Beja e em toda a região do Algarve (Faro), áreas geográficas onde a anomalia térmica negativa deverá ser mais suave (apenas até 1 ºC abaixo do normal).
O papel-chave do anticiclone dos Açores e um possível sistema de baixas pressões no Atlântico Norte
Com o anticiclone dos Açores com características muito mais móveis e muito menos robustas - e totalmente contrárias ao efeito de ‘escudo’ que exerce quando nos traz o conhecido tempo estável, quente, calmo e soalheiro do verão - o tempo irá alterar-se consideravelmente em Portugal continental no curto/médio prazo.
Inicialmente, o nosso bem-conhecido centro de altas pressões situar-se-á a norte do Arquipélago que lhe dá nome (os Açores) e bem mais a oeste do que o normal para a época estival, permitindo a entrada de um fluxo húmido e fresco (a tal precipitação e arrefecimento brusco previstos para sábado, dia 26).
Entretanto, durante a última semana de agosto, entre domingo (27) e até ao domingo seguinte - 3 de setembro -, ao poder assumir uma forma alongada e pouco sólida, abrirá caminho ao nascimento e desenvolvimento de um sistema de baixas pressões. Este sistema, ao chegar ao Golfo da Biscaia (Oeste-Noroeste de França) e à proximidade das Ilhas Britânicas (Irlanda e Reino Unido), parte dele produzirá muita chuva em Portugal.
De domingo, 27 a quinta-feira, 31 não se antecipa, à partida, qualquer episódio de chuva significativo. Contudo, os dias seguintes, afetos já ao mês de setembro, poderão ser bem diferentes…
Chuva poderá regressar de rompante a território nacional, datas ainda incertas
As últimas saídas do modelo ECMWF - o nosso modelo de referência - têm insistido num cenário meteorológico que aposta no regresso generalizado da chuva a Portugal continental, isto é, a precipitação de carácter frontal - associada à génese e desenvolvimento de algumas frentes atlânticas derivadas de uma depressão - que cobriria, possivelmente, a totalidade do nosso território, incluindo as regiões mais afetadas pela seca meteorológica, tais como o Algarve, o Alentejo e o Nordeste Transmontano.
Os dias mais chuvosos seriam, de acordo com os mapas, sexta (1) e sábado (2), não se descartando a possibilidade de mais pluviosidade intermitente e dispersa pelo território no domingo (3) e na segunda (4). Quanto às regiões mais beneficiadas pela água da chuva, fica bem patente que o Litoral Norte e Centro, desde o Minho, passando pelo Douro Litoral, e pelos distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria e Lisboa, seriam as áreas mais regadas, a par também com algumas partes do interior Norte e Centro - correspondentes aos distritos de Viseu e Vila Real.
Assim, tendo em conta a tipologia do sistema atmosférico que nos irá afetar, não seria de estranhar que a acumulação pluviométrica se concentre em maiores quantidades, provavelmente a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e em particular a oeste da Barreira de Condensação. Realce-se também a possibilidade de precipitação de carácter convectivo (aguaceiros fortes e repentinos com trovoadas) por força de algum calor extra ainda existente e acumulado nas diversas camadas da atmosfera.
Este episódio de chuva, a sua quantidade acima da média e a sua possível distribuição geográfica é algo que é bem ‘denunciado’, quer pelo mapa de anomalia de precipitação - que revela entre 0 e 10 mm de chuva acima da média em grande parte do país, exceto nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Vila Real, Viseu e partes de Guarda e Castelo Branco onde poderá estender-se até 30 mm acima do normal -, quer pelo modelo numérico determinista, como tão bem se aprecia nos mapas acima.
Possíveis alterações na previsão meteorológica
Até à possível data do episódio de chuva, a previsão ainda poderá vir a sofrer alterações significativas, pelo que recomendamos que continue a acompanhar-nos diariamente aqui na Meteored, para estar sempre informado em relação ao tempo em Portugal e à atualidade meteorológica.