Tempestade tropical Isaac dirige-se para a Europa: será que vai chegar aos Açores ou mesmo a Portugal continental?

Depois do episódio meteorológico adverso dos últimos dias - provocado pelas frentes muito ativas associadas à Depressão Aitor e a um rio atmosférico carregado de vapor de água que reforçou a precipitação desse sistema de baixas pressões - a chuva forte e persistente (acumulações a roçar os 200 mm nos locais mais chuvosos de Portugal continental) e o vento intenso (rajadas máximas de 70 a 90 km/h) vão finalmente dar tréguas ao nosso país.

Com o afastamento da depressão Aitor para leste, virá, na sua retaguarda, ar mais frio. Então, para as próximas horas desta quinta-feira (26) espera-se a entrada de uma massa de ar polar marítima que se espalhará rápida e plenamente pela geografia do Continente.

Para amanhã (27) preveem-se máximas normalmente abaixo dos 18 ºC na Região Norte e, para depois de amanhã (madrugada do dia 28), são expectáveis mínimas iguais ou inferiores a 6 ºC nalguns locais do interior Norte e Centro (Bragança e Guarda). Porém, tudo indica que a estabilidade deste panorama meteorológico será ‘sol de pouca dura’.

Sim, ainda deverá ocorrer uma acentuada subida das temperaturas logo a partir de domingo (29) devido à chegada de uma massa de ar mais quente que substituirá o ar polar, mas, de acordo com os mapas de referência da Meteored, as condições meteorológicas adversas estarão ‘ao virar da esquina’ logo no arranque do mês de outubro, isto é, na próxima terça-feira (1). Abaixo explicamos-lhe porquê!

Sol e mais calor nos próximos dias

Após as próximas 48 horas - para as quais se preveem temperaturas substancialmente mais frias do que o normal para a época do ano, sobretudo na sexta-feira (27) - perspetiva-se para domingo, 29 de setembro e penúltimo dia do nono mês do ano, uma subida da temperatura. Nalgumas regiões, especialmente as do interior, será acentuada. Este aquecimento do estado do tempo será causado pela entrada de uma massa de ar mais quente.

Além disto, vislumbra-se a continuidade de tempo geralmente seco, estável e maioritariamente soalheiro em Portugal continental entre sexta-feira (27) e segunda-feira (29. Deste modo, com as devidas exceções por causa de eventuais chuviscos na sexta-feira (27) nalguns locais, não se perspetiva o registo de mais precipitação significativa até ao final do mês de setembro. O anticiclone será o grande responsável por essa estabilidade nas condições meteorológicas.

Aliás, no domingo (29) e na segunda-feira (30), as regiões a sul do Tejo ainda sentirão um último ‘suspiro’ de verão, estando previstas temperaturas máximas entre 25 e 32 ºC em cidades como Lisboa, Évora, Beja e Faro. A norte do Tejo, à exceção de Coimbra, todas as capitais distritais irão registar máximas inferiores a 25 ºC nos últimos dois dias do mês.

Tempestade tropical Isaac a caminho da Europa… Será que vai chegar a Portugal?

De acordo com o modelo de referência da Meteored, o centro da tempestade tropical Isaac - nona tempestade nomeada da temporada de furacões do Atlântico de 2024 pelo Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, em inglês) - situa-se neste momento a quase 1900 km a oeste do arquipélago dos Açores (ilha das Flores - Grupo Ocidental).

Os mapas de previsão indicam que, com a corrente velocidade de deslocação (19 km/h) e orientação (leste), a probabilidade da referida unidade territorial insular portuguesa sofrer a influência de Isaac é elevada. Tal aconteceria já a partir deste sábado, 28 de setembro.

Como consequência da passagem de Isaac (provavelmente como furacão de categoria 1) a norte das ilhas açorianas, os efeitos expectáveis são chuva pontualmente forte, vento com rajadas até 80 km/h e uma intensificação da agitação marítima, com ondas de até 5-7 metros de altura máxima.

A incerteza é elevada na presente data, no entanto, os mapas concebidos pelo Departamento de Meteorologia da Meteored e baseados no prestigiante modelo ECMWF antecipam a possibilidade da tempestade Isaac tocar terra (‘landfall’) em Portugal continental entre terça (1) e quarta-feira (2) da próxima semana, produzindo chuva, vento e agitação marítima, em particular nas Regiões Norte e Centro. Desta vez, a precipitação poderá ser mais significativa na Região Sul, comparativamente à deixada pela depressão Aitor e pelo rio atmosférico.

A duração total deste episódio seriam somente 48 horas - isto é, os primeiros dois dias de outubro - sendo que na quinta-feira (3) os ‘restos’ de Isaac já poderão estar em Espanha. Aliás, prever os totais de precipitação acumulada à data de hoje é como se estivéssemos a escrever ficção científica.

Os mapas oferecem-nos um valor aproximado da quantidade, intensidade e extensão geográfica do episódio meteorológico adverso, tendo em conta o provável local de impacto de Isaac, mas só mais próximo às datas referidas teremos uma ideia mais concreta dos prováveis valores de precipitação acumulada.

De qualquer das formas, tal como já é habitual, tudo indica que, as regiões a oeste da Barreira de Condensação serão as mais afetadas pela chuva (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Vila Real e Viseu).

Quanto ao vento, a sua intensidade e rajadas mais fortes ainda estão bastante indefinidas, devendo ganhar expressão no nosso país apenas partir de quarta-feira (2), quando o centro de Isaac estiver previsivelmente a passar em altitude aproximadamente entre Coimbra e Lisboa.

Em toda a costa portuguesa, a agitação marítima será notória à medida que esta tempestade se for aproximando. Tanto quanto se pode perceber na cartografia marítima da Meteored, entre a segunda metade de terça-feira (1) e as primeiras horas de quarta (2) a altura máxima de onda rondará os 3-4 metros no litoral ocidental de Portugal continental.