Tempestade Jana em Portugal: chuva, vento, neve e agitação marítima deixam país em alerta até terça-feira de madrugada

Nas próximas horas e dias a tempestade Jana e várias frentes frias deixarão chuva forte e temporariamente persistente em várias regiões de Portugal, para além do temporal de vento, neve e agitação marítima. Saiba a previsão completa!
Todos de olhos postos na tempestade Jana: a depressão atlântica que começou a afetar Portugal continental esta sexta-feira (7) poderá provocar vários problemas e ocorrências ao longo dos próximos dias.
Chuva abundante que poderá provocar transbordamentos em cursos de água e inundações em zonas historicamente vulneráveis;
Temporal de vento, mar e neve, que acarreta potenciais estragos em infraestruturas, habitações, veículos, encerramento de linhas de comboio e de circulação rodoviária, perigo de circulação nas áreas costeiras, ameaça à vida humana e a bens materiais e de derrapagem em gelo e neve.
A tempestade Jana atingirá o seu máximo desenvolvimento este sábado, 8 de março e Dia Internacional da Mulher, mas a sua primeira frente fria associada e as respetivas linhas de instabilidade com chuva abundante já estão a cair com grande intensidade de norte a sul de Portugal continental desde a tarde desta sexta-feira, 7 de março.

A previsão lançada pela Meteored há quase uma semana cumpriu-se na perfeição, e ainda só estamos no início de um temporal que durará vários dias - até à madrugada da próxima terça-feira, 11 de março.
Frente fria já está a afetar toda a geografia de Portugal continental nesta tarde de sexta-feira, 7 de março
A primeira frente fria, diretamente associada à tempestade Jana, chegou na tarde desta sexta-feira (7) e vai atravessando o nosso país de sudoeste para nordeste. Será abundante e persistente ao longo das próximas horas nos 18 distritos (todos sob aviso amarelo de precipitação). Até às 23:00 horas desta sexta-feira (7) os mapas da Meteored revelam que as zonas que registarão mais chuva serão - grosso modo - as regiões situadas a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.

Para isto muito contribuirão as duas principais cordilheiras montanhosas do nosso país: a Barreira de Condensação e o sistema montanhoso Montejunto-Estrela. A chuva nas regiões situadas a norte e a oeste destas duas barreiras montanhosas será mais forte e frequente - algo para o qual contribuirá o vento intenso de Su-Sudoeste (transportará um rio atmosférico com elevado teor de vapor de água) e o próprio efeito orográfico das cordilheiras sobre a massa de ar, que facilitarão a retenção da nebulosidade e a persistência e intensidade local da chuva.
Este sábado, 8 de março, chegará uma segunda frente, ainda mais ativa
A frente desta sexta-feira (7) não será a única, nem sequer a mais ativa, uma vez que uma segunda frente associada à primeira e vinda de Oeste, do Atlântico, provocará mais chuva durante o dia de sábado (8), especialmente nas primeiras 12 horas. Amanhã - sábado, 8 de março - a chuva será ainda mais forte e persistente, praticamente de forma generalizada, isto é, de norte a sul da geografia do Continente, não sendo de excluir o desenvolvimento de linhas de turbulência (várias células convectivas de curta duração dispostas de forma alinhada).

É importante relembrar que os ventos ábregos de Sudoeste (fortes, húmidos e temperados) - aos quais estarão associados um ou mais rios atmosféricos, carregados de vapor de água e de um maior potencial de água precipitável - reforçarão a chuva das superfícies frontais frias que atravessarem o nosso país nos próximos dias, tornando a precipitação mais abundante e persistente.
Temporal de vento, mar e neve e os valores previstos, por região, de chuva acumulada até terça, 11 de março
Entre o meio da tarde de sábado (8) e ao longo de domingo, 9 de março, o tempo manter-se-á algo instável, com céu muito nublado, vários períodos de aguaceiros (ocasionalmente com possibilidade de serem de granizo e potencialmente acompanhados de trovoada), mas, mesmo assim, é importante referir que a precipitação terá tendência a abrandar, não afetando todo o país da mesma forma, isto é, haverá uma distribuição pouco uniforme.
Por último, ao longo de todo o dia de segunda-feira (10) e até às primeiras horas da madrugada de terça (11) uma terceira superfície frontal fria, muito ampla no seu raio de ação e bastante ativa, voltará a produzir chuva de norte a sul de Portugal continental. Após a passagem das frentes de sexta (7), sábado (8) e segunda (10), a precipitação acumulada gerada pela tempestade Jana será entre 100 e 150 mm na Serra da Estrela (distritos de Guarda e Castelo Branco) e na faixa costeira do Alentejo Litoral (distritos de Setúbal e Beja).
Para quase toda a geografia de Portugal continental prevê-se chuva acumulada entre 50 e 75 mm. Porém, são esperados registos inferiores aos 40 mm no vale do Douro e na parte norte da Beira Alta, no Baixo Minho e Douro Litoral, em partes da Região de Coimbra e no Sotavento Algarvio, ou seja - como se pode ver pelo mapa abaixo - partes dos distritos de Bragança, Guarda, Porto, Braga, Coimbra e Faro.
Prevê-se precipitação também sob a forma de neve, acima dos 900/1000 metros de altitude entre sábado (8) e segunda (10), com distribuição muito irregular. A acumulação variará entre 10 e 25 cm, podendo superar este valores nas zonas de maior altitude da Serra da Estrela e nalgumas serras do distrito de Vila Real.

Cautela também com o vento forte, sobretudo no sábado, 8 de março e em particular nos distritos com litoral (Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Setúbal, Beja e Faro). Há previsão de rajadas até 75/80 km/h, podendo ser superiores a este valor nos picos de algumas montanhas do Norte e Centro.
A tempestade Jana também será a responsável por provocar forte agitação marítima, sendo expectáveis ondas de oeste-noroeste nos próximos dias, com altura significativa de 5 a 6 metros e altura máxima de 10 metros. A fase mais agreste do temporal de mar está prevista para domingo, 9 de março, sobretudo entre a meia-noite e o meio-dia.
Por fim, atenção à próxima semana: os nossos mapas de confiança preveem que a tempestade Jana, que permanecerá até ao início do dia 11 de março connosco, não será a última depressão atlântica a afetar o nosso país no médio prazo. Aqui na Meteored vamos continuar a monitorizar esta situação meteorológica diariamente devido ao seu potencial impacto e à capacidade de gerar problemas e ocorrências derivadas da precipitação e vento fortes.