Tempestade inédita chega a Portugal nos primeiros dias da primavera

O último fim de semana de fevereiro e do inverno climatológico despediu-se com céu encoberto e alguns aguaceiros, apesar de escassos e insuficientes para atenuar a situação de seca na qual uma boa parte das bacias hidrográficas do país está mergulhada. No entanto, março poderá começar com alterações consideráveis.

A semana arranca com temperaturas amenas e uma pequena frente no Norte

Para hoje espera-se céu encoberto a norte do rio Tejo e céu limpo a sul do mesmo, ou seja, tempo anticiclónico. Houve uma subida das temperaturas diurnas, com máximas iguais ou superiores aos 20 ºC em várias cidades tais como Coimbra, Leiria, Santarém, Évora e Beja. O vento sopra calmo e de direções variáveis. Nos Arquipélagos o panorama meteorológico mostra-se distinto. Pelas ilhas dos Açores cai chuva e sopra uma forte ventania. Já na Região Autónoma da Madeira foram caindo chuviscos fracos e dispersos, mas o ambiente predominante é de céu encoberto, com alguns períodos de sol e nortada.

Amanhã, dia 1 de março e também o primeiro da primavera climatológica, chegará a Portugal continental uma superfície frontal muito debilitada e em dissipação. Deixará chuva fraca a moderada, mas de curta duração na Região Norte, sobretudo no Minho e Douro Litoral. Nas restantes sub-regiões (Trás-os-Montes, Beira Litoral e Beira Interior), bem como na de Lezíria do Tejo a possibilidade de queda de aguaceiros existe, mas será muito residual e apenas ao final do dia.

Tampouco se descarta algum aguaceiro nos Açores. Na Madeira o céu ficará parcialmente nublado. As temperaturas vão baixar ligeiramente em todo o país, sendo amenas para a altura do ano. Muitas cidades continuarão com valores próximos ou iguais aos 20 ºC (Castelo Branco, Santarém).

Na quarta-feira o céu escurecerá em todo o país graças ao aumento da nebulosidade, algo que será mais notório na região minhota. Efetivamente, ainda nesse mesmo dia, os primeiros pingos de chuva derivados de outra superfície frontal começarão a cair ao final da tarde no Alto Minho, progredindo nas horas seguintes para sul e para leste em direção a outras regiões. As temperaturas vão novamente diminuir de norte a sul de Portugal continental, embora de uma maneira ligeira.

Iminente mudança no tempo com a chegada de uma tempestade inédita

De quarta para quinta-feira, a situação meteorológica poderá registar uma alteração significativa. Um cavado polar (ou depressão em cavamento) poderá circular pela Península Ibérica graças à subida do anticiclone. Isto resultará, potencialmente, num episódio de chuva, frio e alguma neve (muito residual). As acumulações poderão ser consideráveis, sobretudo no Norte do país, podendo-se considerar este episódio de instabilidade meteorológica uma tempestade inédita – porque em 2022 será a primeira tempestade significativa ao terceiro mês do ano.

De acordo com o nosso modelo de confiança, ECMWF, para quinta-feira, provavelmente durante a madrugada e boa parte da manhã, a chuva será generalizada, e nalguns momentos, de forte intensidade nalgumas zonas do país. Progredirá de noroeste para sudeste, não se descartando a queda de flocos de neve residuais nos pontos mais elevados da Cordilheira Central (Serra da Estrela) e do extremo norte montanhoso.

A precipitação poderá continuar até meio da tarde de quinta-feira, dia 3. Quanto às temperaturas, prevê-se outra descida nos valores registados pelos termómetros, com a sensação térmica de frio a agravar-se também graças ao fluxo de Noroeste que soprará forte em toda a nossa geografia continental nessa jornada.

Na sexta-feira espera-se que o tempo volte a estabilizar. Após a dissipação da tempestade em território luso, o céu permanecerá parcialmente encoberto, com alguns períodos de sol mais ao Centro e Sul do país. Já as temperaturas deverão manter-se frescas, sobretudo as mínimas que registarão uma descida muito acentuada em cerca de 24 horas. Os termómetros deverão marcar valores noturnos negativos em várias localidades dos distritos de Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda, e como consequência desse acentuado arrefecimento noturno é provável a formação de gelo e geadas nestes territórios.

Para o fim de semana persiste muita incerteza, mas o tempo variável e instável poderá continuar. Poderá chegar até à nossa latitude outra frente proveniente do Atlântico. Será que estamos perante o ponto de viragem que assinala a mudança de tendência que poderá pôr um fim à seca? Confie-se na primavera!