Tempestade Filomena: que efeitos deixará em Portugal continental?

Para já estamos sob influência de tempo muito frio e seco com reflexo em temperaturas muito baixas. No entanto, ao longo dos próximos dias, a depressão Filomena chegará a terras portuguesas. O que poderá acontecer? Saiba aqui todos os efeitos previstos!

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O frio intenso tem deixado imagens semelhantes a esta, com gelo e geada, bem como a possível queda de neve do próximo fim de semana. Que efeitos terá a tempestade Filomena em Portugal continental?

O tempo muito frio e seco tem imperado em Portugal continental nos últimos dias. O panorama meteorológico, apesar do frio colossal que tem sido notícia devido às temperaturas mínimas extremas, com vários territórios a registarem valores abaixo dos 0 ºC, tem sido caracterizado pela presença do sol ou de céu pouco nublado. 2021 estreou-se com um cenário térmico semelhante a uma vaga de frio, devido à persistência e magnitude de valores de temperatura bem abaixo da média para o período de referência e, segundo os mapas de previsão, parece que esta situação meteorológica está longe de terminar.

Contudo, um iminente temporal está prestes a atingir a Península Ibérica. Esta depressão, entretanto nomeada de Filomena pela AEMET, deixará um nevão potencialmente histórico na vizinha Espanha. Além da neve, estima-se precipitação persistente, vento e agitação marítima num temporal que cobrirá grande parte da Península Ibérica. Curiosamente, Portugal continental ficará ligeiramente à margem deste severo temporal, mas nem por isso deixará de registar efeitos derivados da depressão Filomena.

Que fatores levaram à formação da depressão Filomena?

Por um lado, há o ar gélido nas camadas baixas da atmosfera que nos está a atingir desde finais de 2020, com temperaturas muito abaixo do normal para a época. Além disso, em altitude existe um sistema de baixas pressões que mantêm os nevões na parte norte da Península Ibérica (Cantábrico e alguns pontos do extremo norte português e cordilheira central (serra da Estrela) e que continua a bombear ar frio até às nossas latitudes.

Em simultâneo, no oceano Atlântico e na área geográfica que abrange as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, persiste um sistema de baixas pressões subtropical que continua a injetar ar muito húmido para as Ilhas, com ventos muito fortes, e que nos últimos dias desta semana, dirigir-se-á até à Península Ibérica, deixando vestígios pelas regiões do Algarve, Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo.

Nestas regiões a instabilidade será mais acusada devido à trajetória que previsivelmente a depressão Filomena fará, desde o Atlântico, passando pelo Estreito de Gibraltar e penetrando em Espanha. A instabilidade que derivará neste cocktail atmosférico explosivo deve-se a uma tempestade atlântica posicionada a oeste de Portugal continental, conduzida por ventos intensos de oeste carregados de humidade.

Efeitos previstos em Portugal continental nos próximos dias

A depressão Filomena praticamente deixará Portugal continental à margem deste episódio do tempo severo. Contudo, segundo o ECMWF, as temperaturas mínimas extremas continuarão a persistir, previsivelmente para além do próximo fim de semana, dando continuidade a um dos inícios de janeiro mais frios da última década. A formação de gelo e geada será inevitável, apelando-se a uma condução segura e defensiva. Nos distritos de Vila Real, Viseu, Bragança, Guarda, e em praticamente todo o resto do interior português as mínimas variarão entre -5 ºC e 0 ºC.

As mesmas baixas pressões que vão atingir fortemente o arquipélago da Madeira entre o dia de Reis (6) e sexta-feira (8), associadas à depressão Filomena, resultarão em precipitação que será sob a forma de neve, deixando alguns flocos de neve no interior centro e sul de Portugal continental entre os dias 8 e 10. Em simultâneo, as regiões de Trás-os-Montes e Alto Douro e Beira Interior somarão alguma precipitação, que por causa do ar gélido oriundo de norte, será sob a forma de neve, a partir do dia 9. A queda de neve poderá ser copiosa até 10 de janeiro, com acumulações interessantes acima dos 700 metros de altitude.

Até ao fim de semana, imperará um panorama gélido e predominantemente soalheiro em toda a geografia continental, com temperaturas muito baixas e vento norte com tendência a incrementar de intensidade conforme a semana for decorrendo.

Quanto à chuva prevista, em Portugal continental, entrará através do distrito de Faro já a partir do dia de Reis (6), alargando-se para norte em direção ao Alentejo e à Beira Interior nos dias seguintes. Se a temperatura e a humidade em altitude forem adequadas, poderá nevar em sítios pouco habituais, como no distrito de Portalegre, acima dos 700/900 metros de altitude.

Já a vertente atlântica, sobretudo entre Viana do Castelo e Leiria, em princípio ficará à margem deste episódio do tempo severo. O frio será o único protagonista da meteorologia, para além do vento e céu limpo ou pouco nublado. No resto do litoral ocidental, registaremos alguns aguaceiros e céu mais nublado devido à trajetória da depressão Filomena.