Tempestade “ex-Danielle” trará chuva abundante a Portugal: até quando?
Setembro tem sido marcado por um cenário meteorológico completamente diferente do de agosto. Com a provável chegada dos restos do “ex-furacão” Danielle a Portugal continental, em que regiões se prevê os maiores efeitos desta tempestade? Consulte a previsão!
A madrugada desta quinta-feira (8) começou por ser chuvosa nalgumas regiões de Portugal continental. Durante o dia as nuvens mantiveram-se pelo céu, resultando, por vezes, em períodos de aguaceiros ou chuva fraca, sobretudo a oeste do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.
Entretanto o céu abriu. Quanto ao resto do país houve alternância de períodos de céu pouco nublado com períodos de céu limpo, tendo o mesmo ocorrido no Arquipélago da Madeira. O vento soprou maioritariamente de Oeste e a temperatura máxima atingiu os 30 ºC nas capitais distritais de Beja e Faro. Já nos Açores o estado do tempo foi variável: períodos de sol, nuvens e aguaceiros.
Muito calor durante um par de dias… antes da tempestade
Prevê-se que sexta (9) e sábado (10) sejam, meteorologicamente falando, completamente distintos daquilo que acontecerá em Portugal continental a partir de domingo, 11 de setembro. Amanhã a temperatura irá ascender ligeiramente em Portugal, com maior ênfase nas regiões do interior, sobretudo no Centro e Sul do país. Também a instabilidade terá tendência para desaparecer, havendo, contudo, possibilidade de chuviscos ocasionais nalguns pontos do litoral Norte e Centro.
Prevê-se assim, para grande parte do país, céu nublado a muito nublado, sendo pouco nublado ou limpo em grande parte do território a sul do Tejo. O vento passará a soprar predominantemente de Noroeste, daí também este momentâneo estado de calma meteorológica durante sexta-feira e sábado, antes da chegada triunfante da chuva no domingo (11), através de frentes “lançadas” até à nossa latitude por uma tempestade extratropical: remanescentes do ex-furacão Danielle.
Aliás, sábado a temperatura voltará a subir, esperando-se, inclusive que, em muitas cidades do interior do país o termómetro bata nos 30 ºC ou mais. Há vários locais da Beira Baixa, Ribatejo e Alentejo para os quais se prevê valores de máxima que poderão variar entre 32 ºC e 35 ºC! O céu estará pouco nublado ou limpo e o vento continuará a soprar de Oeste/Noroeste.
No domingo a tempestade atlântica derivada de Danielle chegará a Portugal continental
A tempestade atlântica que deverá muito provavelmente afetar Portugal continental ao meio da tarde de domingo (11), irá nascer da extratopicalização de Danielle, deixando alguns pingos nas áreas montanhosas de maior altitude.
A nebulosidade continuará a “carregar”, ficando o firmamento cada vez mais escuro, até que a condensação do ar traduzir-se-á em precipitação, derivada da entrada da frente – gerada pela tempestade extratropical - no nosso território.
Inevitavelmente, a chuva não tardará a cair na fachada atlântica, entrando primeiro pelo Minho, estendendo-se posteriormente para a Área Metropolitana do Porto, Regiões de Aveiro, Coimbra e Leiria, e alcançando Lisboa e Vale do Tejo nas últimas horas de domingo, 11 de setembro.
As regiões a oeste do sistema montanhoso Montejunto-Estrela serão, num primeiro impacto, as maiores beneficiadas pela água tão desejada para enfrentar a seca. Espera-se que as temperaturas registem oscilações variáveis em diferentes regiões do país.
Até quando irá durar este evento de chuva?
Atualmente, o nosso modelo de confiança antecipa que esta situação meteorológica ocorra domingo, segunda, terça e quarta-feira (11, 12, 13 e 14 de setembro), podendo alguns “vestígios” arrastar-se para além de quarta-feira, de norte a sul do país, sendo que nenhuma parte do território continental irá escapar a este temporal.
O transporte de uma massa de ar quente e muito húmido (rio atmosférico), “entalado” entre o anticiclone e os ciclones com os quais o ex-furacão Danielle irá interagir, resultará em precipitação moderada e persistente, por vezes forte, e com risco de trovoada em várias regiões do país devido ao calor latente.
Com todos os riscos inerentes que este estado do tempo acarreta, desde inundações-relâmpago, a possível erosão dos solos desgastados pela seca e pelos incêndios, esta não mais é do que uma típica depressão das latitudes médias, ou seja, o característico temporal de outono. Tampouco há que esquecer a forte ondulação marítima associada à chegada deste sistema à costa ocidental portuguesa.
A chuva será menos provável quanto mais para leste, mas várias frentes sucessivas, provenientes da reativação do rio atmosférico por via do ar húmido e muito quente bombeado desde o Atlântico pelos ventos de Sul e Sudoeste, regarão com abundância o nosso país, muito carenciado de água. O vento soprará deste quadrante, contribuindo para a manutenção deste estado do tempo durante cerca de quatro dias.
Mesmo sendo incapaz de reverter o cenário de seca que afeta gravemente o nosso país, é caso para dizer que o sistema tropical Danielle formou-se em boa hora no Atlântico!