Tardes instáveis com aguaceiros e trovoadas até meados da próxima semana em Portugal: eis o que revelam os nossos mapas
As anomalias térmicas negativas estão a chegar ao fim em grande parte do território de Portugal continental. Porém, não se vislumbra a longo prazo o aparecimento de uma crista robusta que proporcione um estado de tempo estável.
Ao longo deste fim de semana a depressão fria isolada em altitude situada a norte da Península Ibérica continuará a condicionar as condições meteorológicas em boa parte da geografia de Portugal continental. A referida depressão perderá força gradualmente, o que resultará em frentes cada vez menos ativas e em vento menos intenso.
Porém, em camadas médias e altas da atmosfera manterá uma circulação definida (bolsa de ar polar, ou bolsa fria em altitude) e ar frio em abundância, o que será suficiente para gerar aguaceiros convectivos, isto é, aguaceiros potencialmente acompanhados de trovoada. Não se descarta que em algum momento a precipitação seja de granizo.
Para o arranque da próxima semana prevê-se uma mudança significativa à escala sinóptica sobre o continente europeu. As altas pressões vão ganhar terreno a norte impedindo a deslocação de depressões nas latitudes altas, enquanto a sul várias massas de ar frio permanecerão isoladas em camadas médias e altas da atmosfera, sendo favoráveis ao desenvolvimento de pequenas depressões que afetarão vários locais e regiões do Sul da Europa e, ocasionalmente, Portugal continental.
Com este panorama meteorológico à vista, perspetiva-se uma semana relativamente quente na Europa, com anomalias térmicas positivas mais pronunciadas a norte e, no entanto, valores um pouco mais fresco em países que rodeiam o Mediterrâneo.
No nosso país as temperaturas deverão subir à medida que a depressão que tem estado a afetar-nos nos últimos dias se for dissipando. Esta depressão deixará de ‘injetar’ ar frio procedente de norte, mas a proximidade de vales depressionários e talvez de alguma gota fria impedirá que as condições meteorológicas fiquem plenamente estáveis.
Aguaceiros irregulares e risco de trovoadas
As nuvens continuarão a evoluir nas horas diurnas sobretudo no interior Norte e Centro e em particular nas zonas montanhosas de regiões como Minho, Alto Tâmega e Barroso e Douro, Terras de Trás-os-Montes, Beira Alta e Viseu Dão-Lafões. Os aguaceiros serão menos prováveis quanto mais a sul/sudeste do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.
É expectável que esta situação meteorológica se mantenha durante boa parte da semana, sendo de esperar a ocorrência de trovoadas dispersas, mais prováveis nos distritos do interior Norte e Centro (Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda). Apesar da probabilidade ser reduzida, é possível que estes aguaceiros afetem outras regiões do interior e inclusive zonas do Litoral Norte e Centro.
A maior parte dos cenários do nosso modelo de referência sugere a consolidação de uma crista que tenderia a estabilizar o estado do tempo em todo o território do Continente.
Mas um dos cenários sugere a possibilidade de uma pequena bolsa de ar frio em altitude no centro da Península Ibérica, o que poderia potencialmente originar instabilidade e precipitação convectiva (aguaceiros e trovoadas) em zonas raianas de Portugal. Deste modo, a situação prevista para os próximos dias terá de ser monitorizada de perto.
As temperaturas vão subir, mas não atingirão valores de verão
Um pormenor do estado do tempo que não irá passar despercebido será a subida gradual mas moderada das temperaturas que se verificará durante este fim de semana e início da próxima semana. As temperaturas vão deixar de estar frescas ou frias para a estação do ano e serão registados valores típicos da segunda quinzena de maio, talvez com ligeiras anomalias positivas consoante a região e o dia, mas sem se afastarem dos valores normais de referência.
As temperaturas máximas podem vir a ultrapassar os 25 ºC em vastas zonas do Centro e Sul de Portugal continental, sobretudo a sul do Mondego, e até mesmo alcançar ou ultrapassar os 30 ºC, especialmente a partir de quinta-feira, 23 de maio, em locais de zonas como o Ribatejo (Santarém), Alentejo Central (Évora), Baixo Alentejo e Vale do Guadiana (Beja e Mértola) e Sotavento Algarvio (Alcoutim).
Porém, de acordo com os mapas a médio prazo, a chegada de massas de ar quente significativas parece pouco provável. A configuração sinóptica não se afigura particularmente propícia ao desenvolvimento de fortes e estáveis cristas subtropicais.
Mas é preciso ter em conta que a radiação solar nesta altura do ano já atinge níveis bastante elevados e as massas de ar nas camadas baixas que estagnam sobre a geografia de Portugal continental terão tendência a aquecer, algo que possivelmente acontecerá durante a próxima semana.