Super anticiclone traz tempo muito seco e frio a Portugal: até quando?
Há um “super” anticiclone, associado a outros fatores meteorológicos que estão a contribuir para esta ‘monotonia’ meteorológica em pleno inverno, órfão da chuva e até mesmo da neve, tão necessárias para atividades como a agricultura. Até quando irá durar este tempo seco e frio em Portugal continental? Saiba mais aqui!
As altas pressões não dão tréguas e, apesar de isso significar uma absoluta estabilidade do ponto de vista meteorológico – ou seja, um estado do tempo soalheiro e seco, há riscos acrescidos para o país se esta situação se mantiver mais tempo. Poderão surgir prejuízos a nível hídrico e agrícola, por exemplo. A primeira quinzena de janeiro já praticamente terminou e com raras exceções, os dias têm sidos secos, estáveis e soalheiros. Para uma estação do ano como aquela em que estamos - o inverno – a chuva é muito necessária para acautelar o verão, sendo como “ouro” para os campos e extremamente essencial para os solos e para a atividade agrícola. A escassez de precipitação é, de facto, algo pernicioso.
As ‘chaves’ que necessitamos para entender o atual panorama meteorológico em Portugal continental e noutros países da Europa, são o super anticiclone (super, devido aos valores de pressão atmosférica que apresenta, tendo chegado aos 1040 hPa) presente no centro-norte da Europa – entalado entre a França e as Ilhas Britânicas - e um constante fluxo de Leste. Aliás, os valores de geopotencial a 500 hPa são muito raros para um mês de janeiro.
Estes dois ingredientes meteorológicos, ao atuarem em conjunto, proporcionam uma estabilidade aparentemente duradoura, especialmente se tivermos em conta os mapas de previsão de médio e longo prazo do modelo ECMWF. Assim, ao que tudo indica, também a segunda quinzena de janeiro e quiçá os primeiros dias de fevereiro darão continuidade a esta situação. 2022 ainda agora começou e em termos meteorológicos, pelo menos nesta parte do continente europeu, estamos a ser dominados por um “marasmo” meteorológico.
Mas há exceções. Uma delas poderá eventualmente prender-se com chuviscos ocasionais e dispersos na fachada ocidental portuguesa. Mesmo assim, serão residuais e pouco significativos para conseguirem atenuar a seca meteorológica, aumentar os níveis de água no solo e favorecer os lençóis freáticos e os rios. A outra exceção poderão ser eventuais entradas de massa de ar frio procedentes da Europa, o que poderia intensificar pontualmente as geadas.
A Península Ibérica a agir como um congelador e as inversões térmicas
Outro aspeto inevitavelmente associado a esta prolongada e absoluta estabilidade meteorológica é o frio, que se olharmos com atenção para a tendência térmica dos próximos dias, revela-se aí uma paulatina descida das temperaturas – sobretudo das mínimas. Serão negativas em diversas localidades do interior português. Isto deve-se, sobretudo, ao tempo anticiclónico, mas também ao próprio relevo da Península Ibérica cuja geografia peculiar e complexa pode manifestar-se como um “mini-continente”.
Isto é, o relevo ibérico, devido às suas características e face a esta situação anticiclónica (estabilidade quase absoluta), tem tendência a armazenar ar frio, fazendo com que a superfície terrestre de Portugal e Espanha aja como um “congelador”.
Por último, e não menos importante, há que realçar a elevada probabilidade de formação de gelo e geadas associada às temperaturas noturnas gélidas – mais no interior Norte e Centro do país; os nevoeiros ou neblinas, por vezes persistentes e a aparecer em vales transmontanos e da Beira Alta; e também as inversões térmicas – quando está mais frio no fundo de um vale, planície ou cidade rodeada por uma montanha, do que no seu topo.
A situação de inversão térmica pode ser prejudicial para a saúde (doenças respiratórias, etc) uma vez que a camada de ar inferior retém poluição atmosférica, detentora de partículas nocivas para o ser humano.