Sol e calor, mas também muito frio: eis o tempo até à Páscoa em Portugal
A possibilidade de chuva para o que resta da Semana Santa praticamente se dissipou, exceto nos Açores e na Madeira. Em Portugal continental dominará o tempo seco e soalheiro, com grandes contrastes térmicos diários.
Para os próximos dias será percetível uma subida generalizada da temperatura em Portugal, mas quer de noite quer de madrugada e primeiras horas da manhã o tempo manter-se-á frio, sobretudo no interior e em particular no Nordeste Transmontano e na Beira Alta. O risco de geada tardia não está totalmente descartado nalgumas destas áreas.
O calor que faz lembrar o verão (mas apenas durante o dia!) é que será notícia nesta Semana Santa de 2023, e não o centro de baixas pressões ou gota fria que se afigurava como protagonista, mas que, no final de contas, assumiu um papel muito secundário.
Amanhã, Quarta-feira Santa (5), a temperatura mínima cairá para 3 ºC e 1ºC na Guarda e em Bragança, respetivamente. Prevê-se inclusive que muitos outros locais inseridos nos distritos das cidades supracitadas registem temperatura mínima de 2 ºC, esperando-se portanto, noites frias ou muito frescas no que resta da Semana Santa. A temperatura noturna irá contrastar imensamente com a diurna, sendo que, esta última, deverá subir à medida que se aproxime a Páscoa.
Apesar do frio noturno e matinal da Quarta-feira Santa (5), a Semana Santa de 2023 deverá registar anomalia térmica positiva (quente) no seu conjunto, particularmente vincada no Centro e Sul do país. As previsões a longo prazo, de carácter mensal, já assinalavam isto há várias semanas!
Em várias cidades capitais de distrito a máxima poderá aproximar-se ou ultrapassar os 30 ºC no fim de semana da Páscoa, evidenciando-se, desde logo, Santarém, Évora e Beja, sobretudo durante o Domingo da Ressurreição (9). Em suma, espera-se um domínio claríssimo do tempo seco, soalheiro e ameno ou quente ao longo da Semana Santa 2023, sem surpresas meteorológicas.
Variabilidade típica da primavera, e em especial da Semana Santa
Na semana passada, quando primeiramente se elaborou a previsão meteorológica para a Semana Santa, foi indicada a elevada incerteza de definir com precisão qual seria o estado do tempo da reta final do período (que coincide nos dias festivos – Quinta-feira Santa até Domingo de Páscoa ou Ressurreição).
O modelo do ECMWF avançava e recuava nas suas sucessivas atualizações, mas começava a afigurar-se uma possível mudança no estado do tempo a partir da Quinta-feira Santa (6), sob a forma de chuva, ainda que provavelmente isolada e irregular.
No modelo era possível observar o desenvolvimento e aparecimento de uma depressão isolada em altitude a oeste de Portugal continental e que, na já mencionada Quinta-feira Santa (6) parecia que iria situar-se a sul/sudoeste da Península Ibérica, formando-se uma pequena depressão entre o Cabo de São Vicente e o Golfo de Cádiz.
Esta situação era, assim, possivelmente favorável à ocorrência de chuva, embora o panorama estivesse longe de estar definido, dado que definir com precisão que áreas ou regiões seriam afetadas e em que instante era algo bastante arriscado. As alterações nas previsões foram sucedendo entre uma e outra atualização. Ainda assim, tudo parecia apontar para um cenário meteorológico em que, de uma maneira ou de outra, se poderia contar com alguma chuva (sobretudo no Sul do país).
Gota fria a rondar a Madeira, Portugal “livre de perigo”
Já entrados na Semana Santa, a incerteza reduziu significativamente. A possibilidade de queda de precipitação em Portugal continental praticamente se esfumou, descartando-se o eventual cancelamento de procissões ou planos de férias que pudessem estar em risco devido à ocorrência de chuva.
Apesar de tudo, uma gota fria chegou mesmo a surgir a oeste do Continente (entre ontem e as primeiras horas desta Terça-feira Santa (4)), mas não da maneira que inicialmente estava prevista. Caíram aguaceiros nalgumas regiões, fracos na sua maioria, sendo alguns de lama devido às poeiras, mas a gota fria apenas "roçou" a nossa geografia.
Esta Terça-feira Santa (4) houve céu nublado durante boa parte do dia, em parte devido às poeiras do Saara arrastadas pela movimentação da mencionada gota fria, mas, entretanto, o céu limpou de norte a sul de Portugal. A gota fria esteve hoje a condicionar o estado do tempo na Madeira (aguaceiros e chuva fraca), onde além do mais ocorreu uma intensificação do vento do quadrante Norte. Amanhã o tempo já praticamente estará estável na Madeira (eventualmente um ou outro aguaceiro, mas com céu nublado em geral).
Tendo em conta tudo isto, o tempo seco e soalheiro irá assim reinar ao longo de toda a Semana Santa, com grande estabilidade atmosférica. As altas pressões vão impedir a ocorrência de chuva em toda a extensão geográfica do Continente. À data de hoje parece pouco provável que haja alguma alteração, mas a meteorologia é fértil em surpresas e variações nesse sentido (tais como chuva) podem sempre acontecer no que toca à evolução atmosférica.
Açores com alguma precipitação, especialmente na Sexta-feira Santa
Quanto aos Açores, prevê-se a aproximação de uma frente que deverá condicionar o estado do tempo em todo o Arquipélago. As ilhas do Corvo e das Flores serão as primeiras a sentir a instabilidade meteorológica que se manifestará sob a forma de nuvens, chuva e aguaceiros fracos.
O tempo adverso estender-se-á gradualmente de oeste para leste rumo às restantes ilhas. O vento prevê-se forte, com rajada máxima a rondar 65 km/h, inicialmente de Oeste/Sudoeste e depois passando a soprar de Norte.
Isto deverá acontecer entre os dias 5 e 7 de abril, com o período mais crítico a ocorrer no dia 7, Sexta-Feira Santa. No fim de semana da Páscoa, dias 8 e 9 de abril, os Açores ficarão novamente expostos às altas pressões, com o céu inicialmente nublado ou muito nublado, mas a intercalar com boas abertas em todas as Ilhas.