Segunda quinzena de outubro arranca com poeiras, chuva, vento e trovoada!
A primeira metade do mês registou temperaturas altas, apesar de alguns dias de chuva, trovoada e inundações nalgumas regiões de Portugal. Ao que tudo indica, a segunda quinzena de outubro trará mudanças significativas. O que vem aí? Consulte a previsão do tempo!
Os primeiros quinze dias de outubro em Portugal continental registaram tempo estável, maioritariamente pouco nublado ou soalheiro, com temperaturas diurnas geralmente elevadas para esta época do ano.
Em contraste, as noites ficaram gradualmente mais frias, algo típico do outono, o que gerou grandes amplitudes térmicas diárias e nevoeiros e neblinas matinais. Mesmo assim, nalguns dos dias ocorreram chuvadas, trovoadas e inundações repentinas.
Poeiras e possível "chuva de lama", e o que virá depois?
Sábado (15) registará aguaceiros fracos e dispersos nalguns pontos do país e, no resto do território, céu pouco nublado ou soalheiro. No entanto, é a partir de domingo (16) que poderá ocorrer uma mudança radical no estado do tempo em Portugal continental.
O episódio pluvioso de domingo - possivelmente sob a forma de “chuva de lama” devido a uma poderosa intrusão de poeiras do Saara arrastada por uma depressão situada no Atlântico - será o prelúdio de uma semana (17 - 23 de outubro) que poderá ser repleta de chuva, trovoadas e vento intenso.
Para domingo (16) prevê-se precipitação proveniente quer de Sul, quer de Oeste no nosso país. A chuva proveniente do quadrante meridional será sob a forma de aguaceiros e deverá cair de forma dispersa por regiões a sul da Serra da Estrela – tais como o interior alentejano e algarvio - devido a uma depressão isolada em altitude que se formou entre as Canárias e Marrocos.
Também para domingo (16) se antecipa chuva procedente de oeste que precipitará apenas no Minho e pouco mais, sendo gerada por uma frente atlântica, inicialmente pouco ativa.
Saliente-se que, com o decorrer das horas, à medida que a chuva proveniente do fluxo de Sul se for expandindo para norte no território de Portugal continental, irá inclusive “fundir-se” com a frente vinda de oeste e deixar precipitação também em regiões a norte da Serra da Estrela.
As poeiras saarianas poderão inibir a precipitação prevista entre domingo e terça, pelo que as quantidades inicialmente previstas poderão ser ligeiramente menores.
O que poderá acontecer a partir de segunda-feira, 17?
Vários cenários meteorológicos estão “em cima da mesa”, mas, segundo as últimas atualizações do ECMWF, segunda-feira (17) registará um estado do tempo, em geral, com períodos de chuva fraca ou aguaceiros, mais prováveis e frequentes a norte do rio Mondego.
A pluviosidade deverá ser mais expressiva no Minho, Douro Litoral, Alto Tâmega e Douro e Nordeste Transmontano. Realce-se que graças à configuração atmosférica vigente a partir desse dia, o regime de fluxos mudará imenso. Deste modo, o vento passará a soprar forte de Sul e de Oeste.
A sul do Mondego, a chuva será irregular e menos frequente, embora haja uma boa probabilidade de trovoadas isoladas devido ao calor extra acumulado, sobretudo em áreas do interior. Haverá uma breve pausa na instabilidade meteorológica, de cerca de 24 horas, entre segunda e terça-feira à noite.
Assim, entre as últimas horas de terça-feira (18) e durante a madrugada de quarta-feira (19), entrará chuva abundante e persistente que percorrerá Portugal de oeste para leste, despejando-se sobre o território continental inteiro nas horas seguintes.
A chuva será particularmente frutífera na quarta-feira (19), sobretudo a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela. Esta precipitação resultará duma grande depressão posicionada a oeste de Portugal continental.
Saliente-se também o risco de trovoadas para quarta-feira (19), embora à distância de vários dias seja difícil perceber as áreas com maior potencial de atividade elétrica, pelo que recomendamos que consulte o nosso mapa de raios.
Ponto importante: como esta depressão é um sistema de grande escala e duração, a sua previsão foi simples, até mesmo a longo prazo. No entanto, prever as suas consequências em menor escala não é assim tão fácil.
Isto porque, basta um pequeno ajuste ou alteração na sua posição para mudar a configuração final. De momento, tudo sugere que a sua localização definitiva vai proporcionar um estado do tempo pouco habitual para um mês de outubro.
Tempo de chuva e trovoada entre quarta e sábado em Portugal
Portanto, a chuva que poderá cair entre quarta-feira (19) e sábado (22), ou até mesmo domingo (23), deve-se ao posicionamento e circulação desta grande depressão que, ao lançar sucessivas frentes atlânticas durante grande parte da segunda metade da próxima semana, trará água abundante, por vezes persistente. Será, essencialmente, um pequeno alívio para a tenebrosa seca que assola o nosso país.
Não esquecer que ao longo de grande parte da próxima semana as rajadas de vento de Sul e de Oeste serão intensas e poderão atingir velocidade máxima de 80 km/h!
Por último, a temperatura. Continuará mais elevada do que o normal, sobretudo por causa da incursão de massas de ar embebidas em ar tropical. Haverá muita humidade presente na atmosfera, pelo que as temperaturas ficarão mais amenas e a anomalia térmica será positiva de norte a sul do país. Mesmo assim, haverá um “ziguezague” térmico, ao prever-se sobe e desce de temperatura.
Há regiões que poderão registar uma queda na temperatura máxima de 7 ºC ou mais, com a variação térmica a ser mais visível no interior. Por exemplo, a temperatura máxima em Évora, entre terça e quarta-feira, poderá baixar de 30 ºC para 22 ºC.
Em Bragança, de 24 ºC para 17 ºC, no Porto de 25 ºC para 20 ºC, e em Lisboa de 23 ºC para 20 ºC. Nas áreas do litoral, com a proximidade ao mar, a variação térmica será mais suavizada.
Será uma situação duradoura?
Será que na última semana do mês (24-31 de outubro) este estado do tempo irá prolongar-se? A verdade é que o jato polar terá uma propensão cada vez maior para ondular, descendo em latitude sem formar ondas estacionárias. Isto significa que esta grande depressão e as frentes de tempestade que levará associadas não irão regenerar-se na mesma área, a longo prazo.
Mas, com a dinâmica atmosférica outonal, tipicamente muito variável, nenhum cenário meteorológico deve ser descartado devido à grande dificuldade e complexidade em prever a médio e longo prazo nesta estação do ano.