Segunda quinzena de novembro: grandes "regas" rumo ao fim da seca?
Prevê-se uma segunda quinzena de novembro com temperatura amena e precipitação abundante em várias regiões de Portugal. O jato polar irá consolidar-se e esta situação poderá manter-se naquilo que resta do mês. Consulte a previsão do tempo!
A primeira quinzena do mês registou uma situação anómala semelhante à dos meses anteriores. As injeções de origem subtropical foram bastante frequentes e, graças a isso, a temperatura atingiu valores elevados de maneira quase incessante em praticamente todo o território de Portugal continental. Porém, na última semana um anticiclone de bloqueio posicionou-se sobre o continente Europeu, deslocando-se gradualmente para norte e abrandando a “descarga” de depressões que circulavam a norte da Europa.
Com o fluxo de depressões interrompido na Europa, surgiu um estado do tempo estável e ameno generalizado (verão de São Martinho). Todavia, com a deslocação deste anticiclone em crista para norte e para oriente, foi estimulada a canalização dos centros de baixas pressões que flanquearam o anticiclone pelo sul. Assim, isto fez com que, desde domingo (13), as primeiras frentes associadas a frentes atlânticas tenham começado a descarregar chuva na nossa latitude, distribuindo-a de noroeste para sudeste da nossa geografia.
Por outro lado, as primeiras intrusões significativas de ar frio estão a começar a eclodir na América do Norte e no Atlântico ocidental, o que se traduz num aumento da instabilidade baroclínica nesta área do globo. E, o jato polar, agora muito mais enfraquecido, dinâmico e ondulado, está a acelerar de maneira considerável! As depressões possuem, assim, um ambiente muito mais eficaz para a sua formação e desenvolvimento e… via aberta para o Centro e Sul da Europa.
Este panorama meteorológico deverá manter-se durante vários dias e, tanto em Portugal como em Espanha, as primeiras frentes já estão a regar com abundância. Não obstante, com o decorrer da semana as frentes serão cada vez mais ativas e intensas, associadas a depressões mais rápidas e mais cavadas. Paulatinamente, a chuva nos locais mais húmidos da fachada atlântica e as rajadas de vento nas terras altas, bastante expostas ao vento de Oeste, farão manchete. Haverá, certamente, inundações e possíveis estragos gerados pela ventania e pela água da chuva.
Chuva abundante de norte a sul de Portugal
Este panorama, persistente e associado a padrões de grande escala, faz com que haja um grau de confiança suficientemente elevado na previsão a longo prazo relativa a esta segunda quinzena de novembro. De acordo com o nosso modelo de referência, a segunda metade do mês poderá ser chuvosa, ou muito chuvosa, em grande parte do país (talvez não tanto no Alentejo e no Algarve). O país inteiro registará anomalia de precipitação positiva, em pelo menos alguma das semanas até ao fim do mês.
O litoral, sobretudo na área que compreende as regiões do Minho (Viana do Castelo e Braga), Douro Litoral (Porto) e Região de Aveiro, será efusivamente regado pela chuva, por vezes forte e persistente. Destaque-se a Região de Coimbra, que na semana de 21 a 28 de novembro, também se incluirá na área geográfica que irá registar anomalia pluviométrica positiva.
A sul do Tejo, a mancha de tom verde menos carregado no mapa, representa, à semelhança das outras regiões, mais chuva que o normal para a época do ano. Por outro lado, as regiões do Baixo Alentejo, Litoral Alentejano (parte meridional do distrito de Setúbal e ocidente do distrito de Beja) e o Algarve assinaladas a branco na cartografia do ECMWF, deverão registar - ao longo desta semana de 14 a 21 de novembro - valores de precipitação dentro do habitual (que correspondem à normal climatológica de referência).
Temperatura amenas, superiores ao normal, mas sem exageros
A temperatura registará valores anómalos, mas, não muito “desviados” da média. Os valores térmicos continuarão a ser ligeiramente mais elevados do que seria habitual para esta altura do ano, mas, mesmo assim, perto do “standard”. Nesta primeira semana, a anomalia térmica positiva será homogénea de norte a sul de Portugal continental, isto é, em todo o território, a temperatura deverá registar entre 1 ºC e 3 ºC acima da média.
Já na segunda semana, entre 21 e 28 de novembro, ocorrerá uma diminuição térmica, mas apenas de forma localizada. Assim, a anomalia térmica positiva manter-se-á por mais sete dias (1 ºC a 3 ºC acima do normal) em praticamente todo o território continental luso, mas, nalguns locais do interior (sobretudo áreas montanhosas) das Regiões do Norte e do Centro (Serra da Estrela, Nordeste Transmontano, Alto Tâmega e Alto Minho), a temperatura arrefecerá, baixando para valores dentro do habitual.
Este arrefecimento em pontos mais elevados da nossa geografia poderá ocorrer, de maneira pontual, graças ao ar posterior à passagem das frentes frias mais ativas.