Segunda quinzena de maio em Portugal: irá o calor de verão manter-se?
Maio tem sido muito quente, tendo a primeira metade do mês registado uma onda de calor, além dos aguaceiros, trovoada e granizo dos últimos dias. Irá Portugal continuar a registar temperaturas anormalmente elevadas na segunda quinzena, ou o tempo mudará? Confira a previsão!
O estado do tempo neste maio de 2022 tem estado invulgarmente estável, quente e soalheiro em Portugal continental, "saltando à vista", desde logo, os escassos níveis de precipitação que têm contribuído, modo geral, para o agravamento da seca meteorológica.
Devido à persistência de temperaturas anormalmente elevadas para a época do ano, ora originada pelas altas pressões (anticiclone Açores), ora pela própria radiação solar e pelo efeito do calor auto gerado (orografia da Península Ibérica), ora pelo ar quente do Norte de África, não há dúvida que o calor tem sido uma máxima constante, quase diariamente. Assim, oficialmente, o período entre 4 e 14 de maio foi dominado por uma onda de calor.
No entanto, desde quinta-feira, dia 12, que os aguaceiros, por vezes fortes e acompanhados de trovoada, e o granizo, se reproduziram à escala nacional, sobretudo no interior das Regiões Norte e Centro. Até mesmo áreas perto do litoral destas regiões registaram no sábado, dia 14, ocorrência de trovoada e granizo, embora com menor intensidade e duração, comparativamente aos territórios do interior.
Irá o calor continuar a dominar o panorama meteorológico em Portugal continental?
Apesar da descida acentuada das temperaturas verificada neste domingo 15 de maio, e da previsível e considerável suavização das temperaturas para os próximos 2 a 3 dias, a verdade é que, mesmo assim os valores térmicos continuarão acima do normal para a época do ano de norte a sul da nossa geografia. Em muitos casos, nos 3 ou 4 próximos dias, as máximas rondarão os 20 ºC, indo até aos 25 ºC, pelo que o calor não estará tão “exagerado” quanto os dias que lhes precederam.
A contribuir para essa realidade estará o fluxo de Oeste com vento forte predominante de Oeste/Sudoeste, que alimentará a nebulosidade, tapando a radiação solar e fazendo baixar a temperatura do ar. Além disso, está previsto até meio da semana, chuva fraca, decorrente de frentes associadas a uma depressão atlântica, potencialmente acompanhada de atividade elétrica, não se descartando nova ocorrência de granizo. Isto será mais provável em toda a Região Norte e parte do litoral Centro.
Os Açores estarão fortemente condicionados pelo tempo instável nestes próximos dias, com chuva, vento forte e rajadas de até 90 km/h em vários pontos das Ilhas. E, apesar das altas pressões estacionadas sobre quase todo o continente europeu, como se pode ver pelo mapa acima, esta mesma área de instabilidade será a que chegará, já desde hoje, muito debilitada a Portugal continental, deixando a sua influência pluviométrica até à próxima quarta-feira, dia 18.
Para o resto da semana afigura-se uma subida gradual das temperaturas, com novo período de calor extremo entre os dias 20 e 22, com algumas regiões portuguesas (Centro e Sul) a poder eventualmente registar máximas perto dos 40 ºC, valores elevadíssimos para maio. A precipitação tampouco se deverá repetir de quinta-feira, 19 de maio em diante, embora, tendo em conta a rápida variabilidade meteorológica do mês de maio, nenhum cenário deve ser descartado.
Do dia 23 em diante, o que podemos esperar?
O quadro geral para o final de maio é, portanto, seco, quente, soalheiro e estável, com pouca ocorrência de precipitação. Mesmo assim, esta poderá voltar a repetir-se, provavelmente em doses pequenas, já que a tendência aponta para o estabelecimento das altas pressões.
À medida que nos aproximamos de junho, a radiação solar tornar-se-á cada vez mais forte e com maior duração diária, pelo que podemos esperar bastantes dias quentes, sendo esta uma boa altura para irmos à praia ou simplesmente sentarmo-nos no parque e desfrutar do tempo e da natureza.
A fiabilidade destes modelos de tendência semanal
Convém salientar que estes modelos não operam da mesma forma que os convencionais, usados em previsões de médio prazo. Antes de os utilizarmos, há que considerar que devem ser interpretados como um indicador de probabilidade, sabendo que trabalham à escala sinótica e planetária, e não são úteis para previsões locais ou regionais.
O erro é tanto maior quanto mais for aprofundada a previsão climática ou meteorológica. Dão apenas uma ideia aproximada de uma tendência a longo prazo da evolução de parâmetros diretos como a temperatura ou a precipitação. Não são capazes de detetar sistemas meteorológicos como frentes, ciclones ou depressões isoladas. Estas previsões podem alterar-se entre regiões em questão de dias, ou no decorrer das semanas.