Segunda quinzena de fevereiro: tempo agitado, chuva e poeiras em Portugal?

Uma depressão fria que, entretanto, se isolou em altitude esteve nas últimas horas a produzir chuva e/ou aguaceiros nalgumas regiões de Portugal continental, tal como por nós tão bem antecipado sucessivamente ao longo da última semana. A precipitação foi, por vezes, localmente forte e em alguns locais acompanhada de trovoada.

A instabilidade meteorológica ocorreu no Centro-Sul do país, com grande destaque para o Barlavento Algarvio, Alentejo Litoral e Área Metropolitana de Lisboa. Entre o início da tarde de hoje e sexta (17) o tempo no Continente estará estável, seco, relativamente soalheiro, mas polvilhado com poeiras do Saara. Quanto à baixa isolada em altitude, ao circular para Sul/Sudoeste também irá deixar tempo instável na Ilha da Madeira, sobretudo até sexta-feira (17).

Esta pequena depressão estará isolada da circulação principal, e, de acordo com o nosso modelo de confiança, após circular entre a Madeira e as Canárias, voltará para norte em direção a Portugal a partir de sábado, entrando pelo Sul, através do Algarve. Devido a esta provável inversão na trajetória da baixa isolada, os aguaceiros e a trovoada terão tendência a diminuir na Madeira com o passar dos dias, embora se preveja alguma instabilidade associada na Ilha até ao dia 22.

O tempo até ao fim das Festas de Carnaval

No fim de semana do Carnaval, a baixa isolada a sul de Portugal terá tendência a aproximar-se cada vez mais da nossa geografia continental (embora com desorganização e desagregação da sua estrutura), estimulando a nebulosidade a média e alta altitude que se espalharão por grande parte do território (sobretudo Regiões Centro e Sul). É possível que, no sábado dia 18, ocorra alguma precipitação fraca e dispersa, mais provável a sul da Serra da Estrela. No domingo (19) a instabilidade já poderá ser residual ou nula.

Por causa da provável subida em latitude desta pequena depressão, e da possível chegada em simultâneo de um outro núcleo de ar frio vindo de Este/Nordeste, o tempo instável poderá manifestar-se em vários pontos de Portugal continental em meados da próxima semana ( possivelmente entre terça 21 e quarta 22). A incerteza ainda é muito elevada, mas caso tal aconteça, aconteceria sob a forma de chuva, possivelmente acompanhada de trovoada. Não se descarta que nos pontos mais elevados do Norte e Centro caia neve.

Segunda quinzena de fevereiro: o que esperar da temperatura?

Segundo o nosso modelo de referência, até 19 de fevereiro (domingo de Carnaval), a temperatura registará valores entre 1 a 3 ºC mais elevados do que a média climatológica para esta época do ano de norte a sul de Portugal. A anomalia térmica positiva será bastante evidente, sobretudo durante o período diurno. Os valores de temperatura máxima serão praticamente primaveris graças à dita depressão isolada que indiretamente arrastará massas de ar mais temperadas.

A partir de 20 de fevereiro, prevê-se uma normalização da temperatura em grande parte do país, com valores dentro do standard, tendo em conta a normal climatológica de referência, possivelmente devido à intrusão temporária de ar mais frio associado a pequenas baixas isoladas em altitude. Ainda assim, haverá regiões, tais como Coimbra, Leiria, Beira Baixa, Santarém, Alentejo e Algarve que registarão uma anomalia térmica positiva, isto é, valor de temperatura acima do habitual (neste caso até 1 ºC acima do normal).

Para os Açores e para a Madeira prevê-se, em geral, temperatura abaixo do normal (exceto no Grupo Ocidental onde estará ligeiramente mais elevada em relação ao padrão térmico), ou seja, espera-se um ambiente mais fresco do que é costume. No entanto, a partir do dia 20 os valores nos territórios insulares lusos deverão normalizar (exceto no Grupo Oriental dos Açores).

Segunda quinzena promete ser mais "agitada" meteorologicamente

No que toca aos centros de ação atmosférica, após uma primeira quinzena de fevereiro marcada por um anticiclone que proporcionou tempo estável, seco e soalheiro em Portugal continental, o arranque instável da segunda quinzena nalgumas regiões do país, bem como a incerteza que a depressão isolada e outros possíveis sistemas atmosféricos estão a gerar nas previsões, promete deixar um panorama meteorológico relativamente mais agitado e variável na nossa latitude até ao final do mês de fevereiro.

Esta hipótese, aliás, já foi comentada para os dias 21 e 22 de fevereiro na nossa previsão de Carnaval, e também acima nesta mesma notícia. Isto porque o anticiclone poderá solidificar a sua presença a oeste das Ilhas Britânicas ao deslocar-se para norte. Se por um lado este cenário pode gerar instabilidade (sobretudo sob a forma de aguaceiros) no nosso país, a elevada incerteza nas hipóteses contempladas pelo modelo ECMWF também projeta cenários que resultariam em tempo estável.

E quanto à chuva?

É inegável que fevereiro está a ser muito mais seco do que os cinco meses que o precederam. Contudo, devido à possível mudança no panorama meteorológico previsto para o dia 18, e depois entre os dias 21 e 22, a instabilidade poderá aumentar mais em Portugal, contribuindo para um melhoramento no cômputo geral da precipitação neste fevereiro de 2023.

Com a possibilidade de um pouco mais de precipitação (não sendo de descartar a ocorrência de trovoada, neve e granizo pontual), os territórios que poderão sair mais beneficiados com as circulações atmosféricas previstas serão, curiosamente, aqueles mais cronicamente afetados pela seca, ou seja as regiões do Alentejo e do Algarve. Estas áreas geográficas ainda possuem algumas barragens em situação crítica.

Apesar da previsão de uma anomalia pluviométrica negativa em grande parte de Portugal continental para a próxima semana (20-27 de fevereiro), a chuva deverá cair em quantidades dentro do normal da média climatológica, precisamente nos territórios alentejanos e algarvios. A precipitação, ainda que algo irregular e pouco frequente, poderá ocorrer de novo no Centro-Sul do país.

Nos Açores espera-se uma segunda quinzena mais seca do que o normal, e na Madeira precisamente o contrário, com uma precipitação ligeiramente mais frequente, mas ainda assim intermitente.