Secar as fontes ou levar as pontes? Depressão a norte de Portugal traz incerteza no tempo da primeira semana de setembro
Previsão do tempo na primeira semana de setembro com elevada incerteza devido a uma depressão isolada entre as Ilhas Britânicas e a Península Ibérica. O mapa de anomalia da precipitação é pouco encorajador e o da temperatura revela um outono a “entrar a todo o gás”.
No início da próxima semana, o anticiclone dos Açores vai subir em latitude e afastar-se o suficiente para permitir a descida de novas depressões, vales depressionários, frentes ou bolsas de ar frio. De acordo com as atuais saídas dos modelos, uma frente fria poderá 'despejar' precipitação fraca nalguns locais da Região Norte de Portugal continental na próxima segunda-feira (2). No entanto, a incerteza em termos de ocorrência de chuva é elevada e os modelos ainda não chegaram a um consenso.
Em termos gerais, segundo os mapas de referência da Meteored, é possível perceber que a próxima semana no Continente será substancialmente mais fresca do que a atual, mas em termos de precipitação dependerá bastante da trajetória e posição assumida por uma depressão com expressão em altitude, que se isolará entre as Ilhas Britânicas e a Península Ibérica, e que se movimentará - como já é habitual com esta tipologia de centros de baixas pressões - de uma forma errática.
A poucos dias do arranque de setembro a incerteza na precipitação mantém-se elevada
O mapa de tendência de precipitação do modelo Europeu para a próxima semana é pouco encorajador. A atual previsão revela anomalias de precipitação negativas para as três unidades territoriais portuguesas (Portugal continental, Açores e Madeira), significando isto que, mesmo que chova, o tempo será mais seco do que o normal para esta época do ano.
Caso este cenário se concretize, as anomalias mais pronunciadas ocorreriam no Grupo Ocidental dos Açores (Corvo e Flores) - 30 mm abaixo da média - enquanto nos restantes Grupos dos Açores, no Continente e no arquipélago da Madeira, essa anomalia seria mais suave (entre 0 e 10 mm inferiores ao habitual).
Embora o mapa acima exposto tenha origem num modelo fiável, pequenas variações na posição da depressão isolada em altitude podem alterar completamente a distribuição da precipitação. Deste modo, esta é somente uma primeira aproximação que confirmaremos, ou descartaremos caso se justifique, com o passar dos dias.
Todavia, o facto do início de setembro (e do outono climatológico) vir acompanhado de um tempo tão seco não é necessariamente uma boa notícia, dado que, como afirmávamos a 17 de agosto, “no final do mês de julho cerca de 40% do território estava em seca meteorológica moderada e severa” e, após um agosto com pouca precipitação - o que é natural pois integra a estação estival -, o ideal seria um início de setembro com tempo mais chuvoso, especialmente nas regiões a sul do Tejo.
Outono “entrará a todo o gás” em Portugal continental e na Madeira e prolonga-se nos Açores
De norte a sul de Portugal continental e no arquipélago da Madeira prevê-se que a primeira semana de setembro seja de outono. As temperaturas estarão geralmente amenas, bem mais frescas do que nesta última semana de agosto - sobretudo nas regiões do litoral devido ao efeito da nortada. Vislumbram-se anomalias térmicas negativas (entre 1 e 3 ºC abaixo da média climatológica de referência) em praticamente todo o território do Continente e até 1 ºC inferior ao normal no arquipélago da Madeira.
Espera-se que as temperaturas da primeira semana de setembro em Portugal continental sejam inferiores à semana que está em curso, sobretudo no que toca às mínimas - para as quais se preveem valores entre 7 (Guarda) e 18 ºC (Faro) - deixando de haver noites tropicais no Sotavento Algarvio (a última será na segunda-feira, dia 2).
A temperatura máxima irá apresentar valores entre 19 (Viana do Castelo) e 29 ºC (Vila Real) a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e entre 23 (Lisboa) e 33 ºC (Faro) a sul do mencionado acidente geográfico. O arrefecimento considerável do estado do tempo dever-se-á à influência de uma massa de ar polar marítima (fria e húmida) procedente de latitudes setentrionais.
Pelo contrário, no arquipélago dos Açores, é expectável um prolongamento das condições meteorológicas com características estivais (verão), invulgarmente quentes e secas para a época do ano. As anomalias de temperatura previstas são positivas e, em todas as ilhas desta unidade territorial insular, são esperados valores até 1 ºC superiores ao normal.