Próximos dias em Portugal com rio atmosférico: prevê-se intensificação da chuva e haverá risco de inundações. Saiba onde

A “torneira do Atlântico” está, sem qualquer margem para dúvidas, definitivamente aberta. O padrão meteorológico continua a ser completamente dominado pelos centros de baixas pressões e pela instabilidade atmosférica.

Após a passagem intensa e vertiginosa da depressão de grande impacto Bernard - cujas características exibidas leva-nos a pensar que nalguns momentos do seu ciclo de vida possuiu traços subtropicais - no que resta da semana nenhuma outra depressão irá atingir diretamente Portugal continental, contudo, a nossa geografia irá manter-se sob a influência de várias delas.

Após esta terça-feira (24) incrivelmente chuvosa no Norte e Centro do país, a precipitação irá abrandar nas próximas horas e diminuir de intensidade, mas, a situação meteorológica terá de continuar a ser monitorizada entre quarta (25) e quinta (26). A partir de uma depressão cavada, posicionada a oeste da Irlanda, uma frente irá “libertar-se” deixando chuva localmente forte e abundante (sobretudo no Minho), expandindo-se para outras áreas a sul e a leste (em particular Litoral Norte e interior Norte) de maneira mais irregular e dispersa.

Chegará de maneira mais residual às regiões centrais e meridionais do Continente. Espera-se também vento forte de Sudoeste - em particular nas áreas que mais precipitação receberão - e um temporal marítimo muito agreste.

Rio atmosférico e o reforço na precipitação, que será mais eficaz

Há vários meses que o Atlântico Norte tem exibido anomalias térmicas positivas, panorama que propicia o aparecimento e reforço dos rios atmosféricos que ligam a zona subtropical à Península Ibérica.

Aliás, tendo isto em linha de conta, ainda recentemente, com a Depressão Bernard, uma dos fatores que parece definitivamente ter contribuído para que esta tempestade exibisse características tão únicas, um pouco distintas das de uma depressão convencional, foi o simples facto de ter percorrido águas atlânticas extraordinariamente quentes, que apresentavam temperaturas até 3 ºC acima da média.

A mencionada depressão situada a oeste da Irlanda irá canalizar um rio atmosférico com origem no Mar dos Sargaços até ao Noroeste de Portugal e à Galiza. Através deste corredor fluirá ar com um elevado teor de humidade, o que deverá reforçar a eficácia da precipitação em boa parte da fachada atlântica do nosso país, sobretudo nos distritos pertencentes ao Litoral Norte e Centro (Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e Coimbra).

Nos distritos a leste destas regiões (Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda) também se prevê uma “rega” relativamente abundante e generosa, apesar da quantidade e da intensidade da chuva se estimar substancialmente menor.

É bastante provável a ocorrência de inundações repentinas e localizadas em zonas historicamente vulneráveis, em parte também por causa do nível de saturação de água dos solos, que nalguns locais já poderão estar a registar superavit hídrico. Como se isto não bastasse, há que ter cautela com o vento intenso de sudoeste produzido pela depressão.

IPMA pode vir a emitir mais avisos por chuva, vento e agitação marítima

Para já, o IPMA só ativou avisos amarelos por chuva forte nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto e Vila Real, tanto para quarta-feira (25) como para quinta-feira (26). As acumulações poderão ser bastante expressivas em toda a região do Minho e nas áreas de maior altitude do distrito de Aveiro.

Para quinta-feira (26) prevê-se, além de uma distribuição mais “democrática” da pluviosidade, que deverá alcançar mais regiões de Portugal continental, um dia muito ventoso (especialmente no litoral Norte e Centro e nas terras altas do Norte e do Centro). Tudo por causa de um fluxo de sudoeste húmido, temperado e instável que transformará o estado do tempo num ambiente mais ameno, algo evidenciado pela previsível subida das temperaturas, em particular das máximas.