Primavera climatológica: que tempo fará em março, abril e maio?
Fevereiro foi soalheiro e estável na maioria dos dias, teve calor anómalo e escassez de precipitação. Climatologicamente, março costuma ser mais variável e até agora, chuva e vento não têm faltado. Confira a tendência do tempo para o próximo trimestre.
Apesar do inverno astronómico ainda ter 18 dias pela frente, o 'climatológico' terminou no passado dia 29 de fevereiro. Já estamos na primavera climatológica, que abrange os meses de março, abril e maio. Este último inverno foi mais quente que o habitual, poucos dias de frio teve comparando com outros anos, e mesmo os níveis de precipitação não estiveram dentro da média, talvez mesmo só na metade ocidental da região Norte e em algumas localidades do Centro.
Neste monótono panorama meteorológico, destacou-se o mês de fevereiro, com calor anómalo e totalmente fora de época, em que se registaram temperaturas especialmente elevadas, para além da precipitação que foi escassa. A priori é muito complicado saber se a primavera vai continuar neste registo ou se se irá comportar de forma totalmente diferente, contudo já temos alguns indícios.
Primeiro, ter em conta que com março chega uma época de mudanças significativas a nível hemisférico. A radiação solar aumenta a um ritmo muito maior e o equilíbrio térmico que existia nas latitudes médias e altas durante o inverno, rompe-se. Assim, o jato polar tende a ondular-se, contribuindo para tempo muito mais instável, com desenvolvimento e circulação de tempestades em latitudes que no inverno eram pouco habituais. Este ano os modelos sazonais projetam mudanças em março quando comparado a fevereiro, mas revelam-se muito conservadores na previsão de uma primavera húmida ou fresca no seu conjunto.
Precipitação e temperaturas mais normais em março
O padrão climático de março assumirá contornos semelhantes ao dos meses de Janeiro e Fevereiro, embora com uma maior variabilidade. Prevê-se que ao longo do primeiro mês da primavera climatológica, se registem níveis de precipitação dentro da média, ou acima da média (somente região Norte), e que os termómetros evidenciem valores de temperatura mais normalizados ou ligeiramente acima da média. Em suma, março terá períodos de tempo seco e ameno a alternar períodos de tempo mais húmido e fresco, sobretudo no Norte e Centro. No Sul continuará a imperar o tempo seco e mais quente.
No entanto, abril e maio deverão ser diferentes. As primeiras pistas do modelo Europeu mostram uma tendência bastante firme para temperaturas acima do normal em toda a Península Ibérica, bem como chuva em quantidades menores que o habitual, em grande parte de Portugal continental. Destaque-se geograficamente, a escassez de precipitação estimada para as regiões do Alentejo e do Algarve.
São fiáveis estes modelos?
Antes de responder diretamente a esta pergunta há que ter em conta várias características fundamentais deste tipo de previsões. Estes modelos não operam da mesma forma que os convencionais que são usados para prognósticos a médio prazo. Antes de os utilizarmos, não só temos que considerar que só os devemos interpretar como um indicador de probabilidade, como também que trabalham à escala sinótica e planetária, isto é, não são úteis para previsões locais ou regionais. Quanto mais aprofundamos uma previsão climática ou meteorológica, maior é o erro cometido.
Portanto, respondendo à pergunta, podemos dizer que estes modelos são apenas uma ferramenta experimental que pode ser útil para projetar uma previsão geral e/ou probabilística, dando uma ideia aproximada da tendência que podemos esperar a longo prazo da evolução de parâmetros diretos como a temperatura ou a precipitação. Não podem detetar sistemas meteorológicos como frentes, ciclones ou depressões isoladas, essas sim, capazes de alterar o carácter geral de um mês em apenas uns dias de ocorrência, pelo que estas previsões podem mudar de umas regiões para outras com o decorrer das semanas ou inclusive não se cumprirem em determinadas áreas.